Pouco mais de seis meses depois do último reajuste nas contas de água – 6,49%, em dezembro – o governo do estado impôs novo aumento à população. Desde quinta-feira 4 a tarifa está 15,24% mais salgada justamente em meio a uma crise hídrica de água que tem forçado a população a conviver com restrições no abastecimento
As contas com os valores serão aplicadas às residências atendidas pela Sabesp em 359 cidades operadas pela companhia. Apesar de muito acima da inflação, calculada em 8,42% nos últimos doze meses, o governo de Geraldo Alckmin solicitou reajuste ainda maior, de 22%, mas a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) aprovou os 15,24%.
Para justificar a majoração, a Sabesp culpa justamente a crise hídrica – causada em parte pela própria empresa, que não realizou obras exigidas pelas agências reguladoras para diminuir a dependência do sistema Cantareira. A atual situação acarretou em drástica redução na venda de água e fez despencar seu lucro, que caiu de R$ 1,92 bilhão em 2015 para R$ 903 milhões em 2014.
“Vamos remunerar melhor quem presta um serviço pior? Não faz sentido”, questiona o pesquisador e consultor na área de recursos hídricos Ricardo Tagnin.
“O fornecimento de água deveria ser uma política de Estado e não de mercado, como é atualmente, mas já que a Sabesp se assumiu como empresa, então deve ser gerida como tal. Ela tem de assumir os riscos do mercado ao invés de passar o ônus para a população”, avalia o pesquisador.
De acordo com relatório de sustentabilidade da companhia referente a 2014, sete diretores da empresa receberam bônus de R$ 504 mil cada um pelo desempenho à frente da companhia. Além de remunerar diretores com bônus vultosos em plena crise de abastecimento, a Sabesp vai pagar a cerca de cinco mil acionistas (o governo paulista é o maior deles, com 50,3% do total dos papéis) R$ 252,3 milhões em juros e dividendos relativos a 2014.
Fonte: escrito por Rodolfo Wrolli – Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região