Alckmin sabe que cortou água dos bairros populares

Embora negue que esteja fazendo racionamento, o governador tucano Geraldo Alckmin sabia que a redução da pressão de água no sistema de abastecimento secaria as torneiras  da periferia de São Paulo. Segundo relatório da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a redução tem relação direta com os casos de falta d’água. Pesquisa Ibope divulgada neste mês aponta que 38% da população enfrenta problemas com o fornecimento da Sabesp.

“Valendo-se da gestão da pressão, pode-se atingir menores valores de produção [de água], com impacto direto no número de relações de falta de água”, relata trecho da página 12 do relatório Operação Emergencial do Sistema Cantareira. O documento foi encaminhado pela Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos ao Ministério Publico de São Paulo (MPSP), que abriu inquérito este ano sobre a crise hídrica no estado.

“Conhecendo a Sabesp, como conheço, nenhuma decisão seria tomada sem o aval do governador”, diz o especialista em saneamento básico Edson Aparecido da Silva. Além disso, ele avalia que Alckmin negligencia ao não esclarecer devidamente a população sobre a gravidade do problema. “O pior de tudo é que o Alckmin continua fechando os olhos para as reclamações, dizendo que o numero de denuncias é o mesmo de 2013″, explica o coordenador da frente nacional pelo saneamento ambiental. Para ele, a omissão do estado leva a população a não levar a serio o risco de desabastecimento.

Só até as urnas – Na manhã desta terça-feira (23), o Cantareira chegou a 7,8%. Com este volume, o fornecimento fica garantido até 27 de outubro, que coincide com o fim do período eleitoral. A Sabesp até o momento não divulgou um plano de contingência detalhado, deixando todas as expectativas de recuperação dos mananciais que abastecem São Paulo para a chance de chuva. “O Alckmin acredita que a chuva resolveria, mas todos os indicadores comprovam o contrario. Ao que tudo indica, iniciaremos o ano com o Cantareira no negativo”, afirmou Edson.

Enquanto aguarda aprovação da Agencia Nacional de Águas (ANA), para a captação da segundo cota do volume morto, o governo estadual iniciou as obras para bombear os 100 bilhões de litros restantes. Entretanto, há o risco de não entregar as obras até o esgotamento da primeira cota. De acordo com o especialista, a segunda obra é mais complicada do que a primeira, em razão da topografia das represas do Jaguari e Jacareí.

No cenário mais pessimista, sem chuvas, a segunda etapa do volume morto duraria mais 50 dias. Mesmo que chova razoavelmente, vamos chegar em março do ano que vem, no limite do volume morto. “Vamos continuar consumindo volume morto. A situação é grave e o Ministério Público precisa tomar alguma providencia”, concluiu Edson.

Fonte: Agência PT de Notícias

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