Diante de uma das maiores crises de abastecimento no estado de São Paulo, a Sabesp enviou um comunicado aos seus acionistas sobre o aumento no valor da conta de água. A partir de 27 de dezembro a tarifa mensal virá com acréscimo de 6,5%. Ao priorizar os acionistas ao invés da população, a Sabesp reafirma o tratamento prioritário da água como produto e lucro, deixa o serviço aos paulistas em segundo plano.
A Arsesp – Agência de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo – autorizou a Sabesp fazer o aumento em 5,4% em abril, porém Alckmin informou que o aumento ocorreria no momento oportuno. Agora passado o segundo turno das eleições e com a aproximação do período das festas de fim de ano, a Sabesp informa seus acionistas o aumento de 6,5% a partir de dezembro.
A imprensa não tem dado a devida dimensão para o tema. Segundo o presidente do Diretório Municipal do PT, o vereador Paulo Fiorilo, diferente do reajuste do IPTU que tem como objetivo promover justiça tributária, o aumento da tarifa de água não tem sido tratado com a devida dimensão nos noticiários. “São dois pesos duas medidas e nenhuma surpresa. Enquanto a revisão do IPTU em São Paulo é abordada pela imprensa de forma a tentar criar rejeição popular à medida, o aumento na conta da Sabesp é tratado sem destaque e ainda chamado de ‘reajuste’”, destaca Fiorilo.
Descaso com a Crise
O Alckmin não admite haver racionamento de água, porém de acordo com pesquisa Datafolha realizada em outubro 60% dos paulistanos reclamam de falta de água. Desde abril é frequente o relato de comerciantes, em noticiários sobre a falta d água.
Os reservatórios estão visivelmente em estado crítico, sendo que o Cantareira, sistema que tem maior capacidade de abastecimento no Estado de São Paulo, funciona em sistema de emergência, com a segunda cota do volume morto em 9,1%.
Durante a CPI da Sabesp, especialistas ressaltam a gravidade do problema em curto prazo, porém todo posicionamento da gestão Alckmin demonstrar permanecer no aguardo de São Pedro. O secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, disse em depoimento a CPI da Sabesp que a questão da falta d’água está na falta de caixas de água nas residências.