“Com Lula todos direitos serão restabelecidos em todas áreas sociais”, afirma ver. João Ananias

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Sou mineiro, nascido no norte de Minas, aos 13 anos vim pra São Paulo, estudei sempre em escola pública, sou advogado, me formei em 2006, passei na Ordem dos Advogados 2009. Atuo há 15 anos em advocacia na zona leste de São Paulo na periferia, trabalho na área de direito trabalhista, previdenciário, civil, moradia popular, juizado de pequenas causas, daí por diante. Sou casado com a Renata Pereira da Silva, tenho uma filha, Tiele, de 28 anos, que também se formou em direito.

Militância

Minha história de militância, na verdade, começou em Minas, meu pai foi candidato a vereador nos anos 80, em uma cidade no interior de Minas, São João do Paraíso, posteriormente meu pai teve problemas com a Ditadura, foi preso na Ditadura, ficou 90 dias desaparecido. Então é uma militância que já nasce de criança, meu pai é o fundador do Sindicato Rural da Região, então a militância já começa na fundação do Sindicato Rural da cidade.

Quando meu pai foi candidato a vereador, nós fizemos aquela campanha chamada de papel de pão, nós pegávamos aquele papel da padaria, nós fizemos a campanha para o meu pai, que foi candidato pelo PT.

Quando eu chego em São Paulo fui morar em uma pequeno cortiço no Itaim Paulista. Inclusive no primeiro dia que estive na rua achei maior barato, eu vi um cara, achei que o cara ia me rouba e não ia. Lá (onde eu morava diziam) que em São Paulo tinha muito ladrão, eu fiquei preocupado. Na verdade morei um bom período no Itaim Paulista, estudei em uma escola chamada Pasquale, que é por ali mesmo. Depois de um tempo, minha família compra uma casa, no bairro Limoeiro, ali próximo a Vila Jacuí, zona leste.

A partir daí a família começa construir uma casa e todos os familiares, por exemplo, meus irmãos, são seis irmãos, foram morar naquela casa com meu pai e minha mãe. Minha irmã já era uma militante do PT. A gente começa um movimento em um bairro que era muito malufista, inclusive a gente modifica um pouco aquele bairro que se torna mais petista, tanto é que a gente começa a ter uma relação com o povo, começa a fazer movimentos, reuniões na minha casa, inclusive o Zé Dirceu, o Genuíno, o Paulo Teixeira, todos foram eleitos naquela região com reuniões feitas na garagem da minha casa.

Fazendo a campanha agora em 2020, eu estava em Parelheiros, e uma senhora fala assim que conhecia um candidato de Minas. Essa senhora me chama para tomar um café na casa dela, na Vila Natal, eu chego na casa dela, ela fala: você conhece algum Ananias. Eu falo: meu pai é Ananias. O que ela me faz? Entrega-me um jornal, este jornal tem a foto do meu pai preso pelo DOPs (Departamento de Ordem Política e Social), naquele período. E esse jornal eu procurei por tantos anos e só achei agora, neste período de campanha. Para mim foi uma experiência gigantesca, além da minha campanha, que foi linda, foi uma campanha difícil, na questão do corpo a corpo, não podia ter aquela presença por conta do covid. No meio disso, descobri uma pessoa que tinha o jornal com a foto do meu pai preso pelo DOPs.

Ingresso na política e PT

Como falei na verdade, meu pai já era candidato a vereador nos anos 80, eu venho pra São Paulo. Quando eu cheguei em São Paulo, minha filiação não constava aqui. Neste período que eu milito aqui na verdade, minha família tinha um vereador nos anos 80, que é o Juscelino Silva Neto. Em seguida vem o João Antônio que foi vereador, a gente fazia campanha para família, sempre foi uma militância de família. Meu pai é o grande responsável pela família gostar da política. Como meu pai era o mais velho dos irmãos. Meu pai foi o primeiro a disputar uma candidatura em Minas, meu tio se elege aqui vereador, automaticamente, percebe-se aqui o seguinte, já é uma família militante do PT desde os anos 80 até os dias de hoje, porque a minha candidatura a vereador sai quando o João Antônio saiu (da atuação parlamentar). Nós temos que o Juscelino é vereador por 12 anos, João Antônio foi eleito vereador por 3 mandatos, depois deputado, ele sai um pouco da política por conta do Tribunal de Contas e ficou um vácuo, e a gente fez a candidatura de outros candidatos, tivemos êxito.

E eu acabo falando assim: como nós deixamos um coletivo desse apagado na cidade de São Paulo. Nós tivemos nome na cidade, um nome muito grande, tanto é que chamávamos, família metralha, mas não metralha por conta de coisa errada, era por contato do desenho animado que tinha os irmãos metralhas. Quando chegava em uma reunião falavam: chegaram os irmãos metralha. Então, você pega uma família que tinha muito nome na política e, principalmente na zona leste, ficou um vácuo por um bom tempo.

Na zona leste, eu já atuava na área da educação, moradia popular, nas Associações de Bairro. Eu tomo a decisão de que vou fazer o movimento para ter uma candidatura própria. O que eu fiz? Fiz um movimento fora do grupo, começo a buscar líderes para me apoiar nesta candidatura. Quando faço um movimento fora, começo a buscar pessoas que já eram do meu coletivo e monto um coletivo para ser candidato em 2020. Na verdade este movimento começou dois anos antes, fazendo reuniões para remontar novamente um grupo político para a cidade de São Paulo. Eu vim suprir um espaço que estava vago, principalmente na região de São Miguel e Itaim Paulista. Se analisarmos hoje não tem nenhum candidato naquela região.

Democratizar as leis e a advocacia

Eu sempre fui da periferia, sempre falo para as pessoas que sou um candidato pé de barro. Eu vou lá, ando de chinelo havaianas no Pantanal, na Cidade Tiradentes, no Grajaú, na Pedreira. Além disso, 90% dos clientes atendidos pelo meu escritório são da periferia, são pessoas que realmente a gente percebe que no dia a dia precisa de um advogado. Nós temos um grande problema, a população tem medo de falar com um advogado. Mostrei pra eles que não precisa ter medo do advogado, ele é uma pessoa como outra qualquer, a diferença é que tem um diploma.

Então, você percebe que é isso que precisamos. Olhar para as pessoas, democratizar e falar a linguagem delas. Eu achei que poderia ser o candidato desse povo, representar uma população carente da cidade de São Paulo, pra gente ter um representante na Câmara Municipal, tanto é que minha campanha sempre falou gabinete aberto, que as pessoas possam chegar aqui e serem equiparadas. As vezes as pessoas falam: ah vou lá na Câmara e o que que eu vou falar. O que que eu comparo com a Câmara, como um juiz, você vai na audiência com o juiz você fala para as pessoas. Não tem que ter medo do juiz, eles são comuns, são pessoas como vocês. Eu quero brigar e que as pessoas entendam o seguinte: Nós temos que democratizar a Câmara Municipal, que as pessoas possam vir aqui e entender que a Casa é delas, que seja o mesmo patamar e tratamento. É isso que eu quero, eu quero que seja igual.

Expectativas da vereança

Vou dar um exemplo do que aconteceu com a educação em 2015. Eu não lembro quem era governador na época, existia um projeto de fechar as escolas. Na verdade seria diminuir a quantidade de escolas que iria atender aquele povo. E as escolas que seriam fechadas eram todas na periferia. Então, eu fui um dos autores do mandato de segurança para não fechar as escolas.

Minha ideia mesmo é atuar na área da habitação, que a gente faz o trabalho com as Associações de Bairro, pessoas que são cadastradas no Ministério da Cidades e ajudar a cadastrar as pessoas para ter acesso ao Minha Casa, Minha Vida. Nós tivemos um grande projeto na cidade, que era o Minha Casa, Minha Vida Entidades. Eu atendi as mulheres solteiras, mães solteiras, na verdade. Nós precisamos aprimorar a moradia popular, a educação, porque a gente acha que a educação precisa ser integral, de qualidade. Não esse integral que deixa as crianças de qualquer forma, precisa ter uma educação de qualidade, precisa ter uma saúde, na verdade, equipar os equipamentos, os espaços. Nós temos vários prédios de saúde, mas na verdade faltam equipamentos. Não adianta só construir, precisar ter equipamentos para atender o social e o esporte. A inclusão social depende do esporte, não só o futebol. Precisa fazer um esporte que atenda o pessoal do judô, do Taekwondo, do basquete do vôlei e outras coisas mais.

A gente precisa fazer a inclusão, a periferia precisa disso políticas públicas que atendam eles. Se fizer essa inclusão, as políticas públicas vão chegar lá. Eu acho que a gente vai consegui ter comunidades que consigam analisar a política e também ter o poder público como um instrumento de inclusão social.

Segurança

Eu diria o seguinte, acho que policiamento não é a solução, acho que a população ocupar espaço é a solução, pode ter certeza que todo lugar que começa ocupar o espaço, percebe-se a diminuição da violência. Onde tem envolvimento, as pessoas ocupando aquele espaço, o próprio pessoal do crime e outros meios que faz a violência não ocupam. Se tiver atividade todos os dias naqueles espaços, você vai ver que melhora o dia-a-dia. Então eu acho que as políticas públicas têm que chegar nesses espaços para inclusão social.

Movimentos antidemocráticos

Na verdade essa atividade antidemocrática, na minha opinião, veio junto com as redes sociais desenfreadas, eu diria que virou uma doença social. Muitas pessoas começaram a pregar o ódio, falar bobeiras, coisas que não são verdades. A fake news é um grande problema para a gente, inclusive o whats app foi o maior deles na verdade. Começaram a disseminar inverdades. Você chegava em um local para conversar com as pessoas e falavam que o PT roubou. Quem tinha acesso mesmo aquelas áreas sociais era o PT, quando chegaram com aquelas informações, as pessoas, na verdade, ficaram violentas.

Vou dar um exemplo: começou lá no governo Haddad, quando houve a quebração por causa de 0,20 centavos. Aí veio o MBL (Movimento Brasil Livre) com ideias, que na verdade era o liberalismo. Acho que isso tem muito a ver com o liberalismo, vender tudo. Acharam que o estavam (o Estado) gastando, então começaram achar que o liberalismo era a solução, depois perceberam que não era. Então, esses atos começaram naquele período tomar força. Aquele movimento começou a entrar na cabeça das pessoas. E a gente começou a ter um grande problema também com os mais idosos que estavam mais em casa, no ócio, as igrejas começaram a chamar para os eventos que tem nas igrejas. Acho que os pastores tiveram uma grande participação também. As igrejas começaram a colocar na cabeça das pessoas que frequentavam, que tinham que começar a fazer esses atos antidemocráticos.

Acho que a população ficar sem nada o que praticar levou esse movimento antidemocrático ganhar corpo e ter esse grande problema que melhorou, mas a gente tem que ficar atento às igrejas (não todas) que ficam envenenando este povo na política, criminalizar a política foi um grande problema na verdade. Hoje você percebe o seguinte: Eu sempre pergunto para o pessoal que fizeram este movimento. Vocês usam os funcionários dos seus gabinetes? Vocês usam o tempo de televisão? Um ato antidemocrático que criou uma ilusão que eles eram os bonzinhos e o PT era a coisa de ruim que tinha neste país, mas eu acho que hoje está mostrando que não é isso. Eles queriam acabar com quase todo mundo. O Lula foi preso, o impeachment da Dilma.

Temos que fortalecer a política, mostrar que a democracia e a política não são demonizadas. Temos que construir a política todo dia. Acho que o PT teve um problema, que os mandatos ficaram atrás das mesas e esqueceram até das suas bases. Acho que tem que discutir política todo dia nas bases. Com isso a gente acabaria com esses atos antidemocráticos. Hoje está melhorando porque os mandatos voltaram a frequentar mais os bairros, precisa voltar novamente porque a gente precisa desmentir na política as mentiras na hora que chegarem.

Governo Lula

Quando você vai à posse do Lula e vê aquela imagem das pessoas que sobem a rampa com ele, representa esperança. A esperança vai voltar, as políticas públicas que realmente o povo tem acesso, a educação de qualidade, a saúde, que a gente sabe que hoje todo dia a gente se depara com muitas doenças graves. Com o Lula vai retomar o espaço que a população tem, por exemplo, na cultura acabou o investimento na cultura, na saúde quando você tem um problema de saúde está complicado. Na educação cortaram investimentos. Vou dar um exemplo em São Paulo, nós tínhamos o Clube Escola. Então, o Lula é a cultura, o direito dos indígenas é muito importante, respeitar a Amazônia. Nós sabemos que no futuro, o item mais caro, acho que vai ser a água. Com o Lula voltando, a gente vai reconquistar nosso espaço. De poder comer, beber, saúde, educação, transporte, lazer, cultura. O direito de ter em todos os bairros médico de qualidade. Com Lula todos os direitos serão restabelecidos em todas as áreas sociais: transporte, lazer, cultura, tudo isso é o nosso sonho

São Paulo

Vou ser um pouco polêmico. Acho que a população paulista cometeu três erros na sequência. Primeiro, tirou um governo igual ao do Haddad que privilegiou a população mais carente. Ai colocou o João Doria, o Doria vem com aquela ideia de velocidade. 80% da população é pobre, não tem carro. Por que nós vamos deixar de ter corredor de ônibus para fazer espaço para os carros? O erro começou ali. Logo em seguida promove ele ao governo do estado. Na verdade uma promoção ao toque de caixa, promoveu volta o Bruno Covas, uma pessoa doente, que não posso falar mal porque não tive uma relação.

Em seguida, a gente sabe. As pessoas o elegem, mesmo sabendo que ele não estaria presente, aí onde elege um prefeito (Ricardo Nunes), que acho que não estava capacitado para administrar uma cidade tão grande como São Paulo, das dificuldades de São Paulo, dos problemas que a cidade tem. A gente sabe que a cidade é muito grande e as dificuldades são N. Nós temos problemas de esporte, de lazer, de cultura, saúde, de tudo, se você analisar.

Então, o prefeito não conhecia os problemas da cidade. Conhecia os problemas de onde ele era vereador na zona sul. E hoje se percebe que realmente ele não tinha capacidade de ser prefeito da cidade de São Paulo, é perceptível os problemas que nós estamos tendo todos os dias. Eu acho que o erro foi a população ter tirado um prefeito como o Haddad naquele período. Trazendo (como consequência) um prefeito que não tinha conhecimento da cidade.

 Bate Bola

 

Entrevista Diane Costa

Vídeo: Cecília Bacha

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