A política de Preço de Paridade de Importação (PPI) adotada pela gestão da Petrobras após o golpe de 2016 recai com força sobre o orçamento de famílias e de empresas. E o que era ruim com Michel Temer fica pior com Jair Bolsonaro: em três anos, os reajustes abusivos fizeram os preços dos combustíveis subirem cinco vezes mais que a inflação.
De janeiro de 2019 a janeiro deste ano, a gasolina teve reajuste de 116%, o gás de cozinha, de 100,1%, e o diesel, de 95,5%, enquanto a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período foi de 20,6%. É o que aponta análise do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) subseção FUP (Federação Única dos Petroleiros) a partir de dados da Petrobras.
Os aumentos de preço nas refinarias antecedem os reajustes nos postos. Desde janeiro de 2019, a gasolina subiu 52,8%, o diesel, 63,6% e o GLP, 47,8% nas refinarias, aponta a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Muito acima também do reajuste do salário mínimo, de 21,4% no período.
Cloviomar Cararine, economista do Dieese/FUP, estima que em 2022 os combustíveis continuarão sendo umas das principais fontes de pressão inflacionária no Brasil. “Com as tensões na Ucrânia e ondas de frio nos países do Hemisfério Norte, que elevam o consumo de petróleo, os preços do óleo no mercado internacional deverão subir ainda mais, podendo superar US$ 100 por barril”, prevê Cararine.
“Mesmo com produção de petróleo e derivados suficiente para o abastecimento interno, o Brasil será impactado pela política de preço de paridade de importação (PPI), que dolarizou os combustíveis, com reajustes que seguem os preços internacionais, variação cambial e custos de importação”, acrescenta o economista.
Segundo ele, as altas nos preços dos combustíveis acima da inflação ocorrem desde a implantação do PPI pelo usurpador Michel Temer, em outubro de 2016. A manutenção dessa política por Bolsonaro fez com que, de outubro de 2016 a 1º de fevereiro de 2022, o gás de cozinha nas refinarias sofresse reajuste de 287,2%, a gasolina, de 117,2% e o diesel, de 107,1%, face a uma inflação acumulada de 29,8%. Os reajustes nos postos acumularam, no período, 81,6% na gasolina, 88,1% no diesel e 84,8% no gás de cozinha.
“Essa política dolarizada da Petrobras sufoca o povo e só enriquece os acionistas. Assim não dá”, criticou a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, em postagem no Twitter.