Charles Gentil: Carta Aberta Em Defesa Das Creches

Foto divulgação PT Nacional

O que justifica que da noite para o dia, no Município de São Paulo, 7 creches sejam fechadas? Não houve sequer comunicado antecipado a Organização Social gestora, objetivando – de forma respeitosa – que a mesma pudesse em tempo hábil, isto é, antes da publicação no Diário Oficial esclarecer, não só aos funcionários, mas também aos familiares dos bebês e das crianças, o motivo pelo qual as atividades das creches estariam sendo encerradas.

Simplesmente, decidiu-se fechar as creches e pronto.Ponto final.

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Discordo visceralmente que fechem estas creches.No mínimo, algum dado irrefutável no que tange a suposta incapacidade da ONG gestora, Apoio – Associação de Auxílio Mútuo da Região Leste, deveria ser apresentado, ao menos como pretexto, a fim de tornar mais “compreensível” a decisão de fechar creches, sobretudo, em plena pandemia.

Mas, se os indicadores de qualidade expressam resultados extremamente favoráveis ao trabalho desenvolvido por esta Organização Social, não só conforme avaliação das famílias e comunidade escolar, mas também do Poder Público, representado pelas Supervisoras em visitas de avaliações periódicas nestas creches, então o que justifica o descredenciamento da ONG gestora?

E mais: como houve judicialização do caso, como explicar que os Processos estavam em sigilo? e, com isso, impossibilitavam que a ONG gestora pudesse ter ciência do conteúdo, a fim de prestar os devidos esclarecimentos.

E se contra fatos não há argumentos. É preciso, por isso, denunciar que: a forma como ocorreu o descredenciamento da Organização Social Apoio é ilegítima e autoritária; bem como é perversa e covarde o fechamento das creches prejudicando 1.000 crianças e 200 funcionários que a rigor, já estão desempregados: de profissionais de limpeza a professores, incluindo diretores e diretoras, que tanto se empenharam para alcançar as metas estipuladas e – embora as tenha alcançado – são tanto pela Secretaria de Educação, quanto pelas Diretorias Regionais de Ensino(DREs), que de forma estranha reconhecem o sério trabalho executado, pois, estas se comprazem em observar as cabeças destes profissionais servidas em bandejas de desprezo, para se refestelarem todos com o vinho tinto da injustiça, nesta festa cínica urdida na surdina, para celebrar o suposto triunfo de interesses políticos mesquinhos sobre os valores superiores da arte de educar.

Porque é disto que se trata: uma inconteste perseguição de conotação política. Porque Ricardo Nunes, o atual Prefeito de São Paulo, suspeito por chefiar a máfia das creches, quer tirar do seu caminho tudo aquilo, que possa interditar a satisfação de seu apetite por dinheiro e favorecimento pessoal.

Ele.Ricardo Nunes, um conservador, com sólido histórico no combate aos direitos das mulheres e do segmento LGBTQIA+ hoje, provavelmente, atua nas sombras; e – cogito – é o real interessado e posterior beneficiado pela forma injustificada e desrespeitosa, com que os bebês e crianças, as famílias e os profissionais foram todos colocados em maus lençóis; agora, absorvem o impacto do fechamento das creches e, ao mesmo tempo resistem, objetivando os funcionários, familiares e comunidade escolar, quer pela via judicial, quer com a presença física em frente às creches, reverter este ato de desatino: ilegal e autoritário, típico de indivíduos, como Ricardo Nunes, que não estão a altura do cargo que ocupam por não terem sensibilidade social, nem empatia com o povo e, por isso, são incapazes de compreenderem tais governantes, que, enquanto a educação não for verdadeiramente valorizada, o Brasil não estará apto a cuidar novamente de seus filhos e filhas e não voltará a ser um país com protagonismo no cenário político internacional.

A construção de cidadãos politicamente conscientes leva tempo e tem que começar pelo começo: começa nas creches, em uma relação que envolve conhecimento e afeto; amor e aprendizado; vínculos feitos há muito tempo com profissionais que se viram da noite para o dia desempregados por fazerem bem feito a lição de casa; por fazerem bem feito, com primor, seu trabalho.

Por isso, conclamo a cada um e cada uma, que se solidarize a estes profissionais e familiares.Denunciem.Que comunguem de minha indignação, que – como eu – se inflamem de revolta e não se dobrem às injustiças.

Que cada um e cada uma leve seus corpos ávidos por justiça e mantenham a presença física nas creches, juntos com os profissionais e familiares, para se reverter por meio da pressão popular, mais esta injustiça.

Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro.Integrante do Democracia e Luta. Coordenador do Comitê Popular Antifascista Ponte Rasa Pela Democracia e Lula Livre.

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