Charles Gentil: Bolsonaro e o pecado capital

Os gastos do governo com alimentação em 2020 foram polpudos e superam em 20% estas mesmas despesas, quando comparadas ao ano anterior.

As cifras (por Deus!!!) são, terrivelmente, infernais; e o cheiro de enxofre mesclado com vapores pestilentos de genocídio e corrupção causam – creia-me – um mal-estar profundo.

A fedentina repulsiva que exala desta comilança toda evidencia, é certo, que há algo muito, muito errado em torno deste apetite voraz.

Aliás, a gula ou glutonaria, é um dos sete pecados capitais e trata-se de um vício relacionado com o excesso e a perda de controle sobre si, isto é, o desgoverno de si. Em Coríntios, capítulo 6, versículo 12, está escrito:

“Tudo me é permitido“, mas nem tudo convém. “Tudo me é permitido“, mas eu não deixarei que nada me domine (1Co 6:12s).

Nada inclui tudo, inclusive, a alimentação e que, pelo excesso, e, portanto, pelo vício de sempre querer mais, assim como a fornicação prejudicam o corpo, que, na verdade, deve estar saudável para tornar-se um com o Senhor.
Mas, para não permitir que algo lhe domine é preciso ter o controle sobre si.

No entanto, os gastos do governo, em 2020 com víveres, evidencia não só um desgoverno de si por parte dos dirigentes, mas também um desgoverno institucional.

A gula não é apenas de um certo Capitão genocida, o apetite desenfreado é da instituição Exército, como um todo. É uma comilança geral. Um descontrole militar total detectado no radar do Painel de Compras do Ministério da Economia.

Os comilões não se fizeram de rogados e gastaram mesmo sem dó; pecaram sem dor na consciência. É só ver os números para crer:

362 milhões, gastos pelo Ministério da Defesa.

60 milhões, desembolsados pelo Ministério da Educação

2 milhões, gastos pelo Ministério da Justiça

No total, 1,8 bilhão gastos pelo Governo Federal em alimentos, incluindo as cifras destes Ministérios acima.É fartura que não acaba mais.

Deste consumo violento, que não é um pecadilho, não senhor; é pecado mesmo; é pecado graúdo; pecado capital, é: gula, sim senhor !!!; deste apetite insaciável nota-se, aliás, algumas curiosidades destas bocas nervosas capazes de fazer corar até Satanás. Vejam as cifras e se o capeta não me daria razão:

Leite Condensado
R$ 15.641.777,49

Azeite de Oliva
R$ 15.843.244,25

Macarrão
R$ 17.789.385,90

Biscoito
R$ 50.149.168,18

Chiclete
R$ 2.203.681,89

Ovos
R$ 30.259.692,90

E por aí vai, a lista de guloseimas e afins, que os militares para ficarem fortinhos e aptos para o trabalho – segundo nota explicativa das Forças Armadas – que até evocou o Estatuto dos Militares, Lei nº 6.880/80, para esclarecer “que a alimentação é um direito assegurado aos militares, bem como as refeições fornecidas aos funcionários em atividade”.

Como eu disse antes, pecaram sem dor na consciência e tenho certeza que Satanás corou diante de tão injustificada justificativa; destas explicações que não explicam nada; e destes esclarecimentos que apenas lançam trevas no fim do túnel.

Só por Deus: 15 milhões de reais em leite condensado !!! Jesus Cristo: 50 milhões em biscoito !!! Ave Maria: 2 milhões em chiclete !!!
Haja apetite pelo amor de Deus !!!

O pior de tudo é que o governo fala para o povo que o Brasil não tem dinheiro. Até fizeram a Reforma da Previdência para – dizem – equilibrar as contas do déficit previdenciário e assegurar os pagamentos futuros.

Antes, em 2016, já haviam aprovado a PEC do Fim do Mundo(PEC 55), e, com isso, congelado os gastos públicos por 20 anos. Isto significa economizar, por exemplo, no Orçamento da Pasta da Educação, R$ 25,5 bilhões por ano, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada(Ipea).

Mas aí, em 2020, o gasto de alimentos do governo aumenta em 20% em relação a 2019 e a cifra pecaminosa total destes gastos chega a extraordinário R$ 1, 8 bilhão, o que me faz deduzir duas coisas.

1°: que vão ter muito dinheiro para se nutrirem.

2°: que cortam na carne alheia e não cortam, claro, na própria pele; o sacrifício é sempre exigido dos menos favorecidos que, agora, alimentam os privilégios dos militares parasitas.

E aqui é que o caldo entorna e, novamente, volto a sentir cheiro de enxofre, do vapor cínico emanado da bocarra do mal, dos militares.

E neste quesito: gastos do governo, não sejamos ingênuos e nem mesmo angelicais, não carece disso. Basta sermos sinceros. E eu sou. E por isto, pergunto: por acaso, alguém, aqui(ou ali), crê mesmo, que estou falando de gula apenas no sentido literal?

Sinceramente, não tenho dúvidas, que os militares, ao contrário de muitos brasileiros e brasileiras, estão passando muito bem nesta temporada, em que estão de férias no governo; estão se nutrindo e bebendo a mil maravilhas; indo a desforra, segundo os direitos assegurados não só pela Constituição, mas por um Estatuto próprio, e que justifica tamanha farra alimentícia para a engorda e perda ou algum prejuízo certo, de sua habilidades militares.

Mas, não é só a gula literal que, aqui, está em questão.Há também um apetite por dinheiro.Uma vontade tresloucada de devorar recursos públicos em benefício próprio e / ou de um grupo seleto, que se satisfaz em se adornar de privilégios. E sinto muito em dizer: mas somos nós, que pagamos a conta desta glutonaria, no Orçamento.

Se se fizer uma auditoria é, bem provável, que serão constatados valores superfaturados, quando não, talvez, desvios de dinheiro ou emissão de notas frias.

Os militares não só não são santos, mas julgo mesmo, que tem culpa no cartório do inferno e para mim, isto é uma patente verdade.

Até porque, com esta fome toda de nutrir seus privilégios, sabe-se – não sejamos hipócritas – que banqueteiam felizes engordando suas recheadas contas de leite condensado.

E as gerências de suas agências de sabor de chiclete e gosto de chocolate, de suas contas com sensação de iougute, irão fazer vistas doces aos valores líquidos com paladar de vinho tinto, que entornam, gostosamente, no fundo de suas instituições bancárias doces e dóceis, aos desmandos saborosos da farda verde-oliva.

E esta é a verdade: a corrupção para os donos do poder sempre foi saborosa; agora, se satisfazem e querem que o Brasil termine em deleite, afogado em leite condensado ou em deliciosa pizza.

Ao se deparar com as notícias na imprensa do gasto pecaminoso com leite condensado, Bolsonaro reagiu e mandou a imprensa para “a puta que o pariu”; mas, diante de toda está lambança comentada no noticiário, relativa tanto aos gastos de Bolsonaro, quanto dos militares que estão em temporada de férias no Palácio do Planalto e por enquanto, se lambuzam com dinheiro público, lembro a todos, que o Capitão briga com a imprensa que o pariu, motivo suficiente para que eu mande a imprensa golpista e cínica às favas e mande Bolsonaro e os militares golpistas, de volta para a
a caserna; para lá comerem a saudosa e santa gororoba de cada dia.

Em seguida, mando ainda Bolsonaro e os outros militares, para o inferno; sim, para o inferno; para lá comerem o pão que o diabo amassou e sem ônus para o erário público.

Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro. Integrante do Democracia e Luta. Coordenador do Comitê Popular Antifascista Ponte Rasa Pela Democracia e Lula Livre

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