Enquanto Bolsonaro e seu (des)governo segue destruindo o Brasil surge como que num passe de mágica, um pacote de bondades mal intencionadas, refiro-me a PEC Kamikaze e que tem como objetivo conceder agora, às vésperas das eleições, certos benefícios a população brasileira;literalmente, Bolsonaro busca a compra do apoio de parte do eleitorado, que sofre com a deterioração de sua condição de vida,justamente,devido o descaso deste governo com as pessoas, enquanto e, sobretudo, as eleições estavam distantes.
A prova disto é que a PEC Kamikaze irá durar apenas até Dezembro, ou seja, para Bolsonaro até a bondade tem limite e é calculada mediante o interesse exclusivo de sua reeleição.Deste modo, ao cumprir o interesse eleitoreiro para qual foi concebida, a PEC Kamikaze, perde sua razão de ser e torna-se do ponto de vista de Bolsonaro, desnecessária.
Para deixar bem clara aqui minha posição,pois, não admito más interpretações: o que critico, não é a concessão de benefícios a população,sobretudo, a população mais carente, e que,aliás,mais sofre; o que critico é que o auxílio às pessoas por parte de Bolsonaro, só ocorra agora às vésperas das eleições, o que evidencia tratar-se de bondades mal intencionadas, uma vez que, no fundo, visa menos ajudar as pessoas e mais a assegurar a reeleição de um presidente, que ao longo de toda a pandemia até aqui, não se preocupou minimamente com as pessoas.
O que critico é a hipocrisia de Bolsonaro que adota o verniz de bom moço, por meio do sofrimento e da miséria de todo um povo.
O que critico é a exploração das urgências e carências das pessoas visando trocar um benefício por outro: para não ser preso manter-se como presidente em troca de R$ 600 (até Dezembro).
O que critico é a compra do cidadão tendo como justificativa imperdoável sua miséria; Bolsonaro, o corruptor.
O que critico é que a reeleição para Bolsonaro esteja acima da moral, de Deus, da verdade, da ética, de tudo.
Tanto é assim que, podendo antecipar estes benefícios Bolsonaro não o fez, e deliberadamente, consentiu que o sofrimento,inclusive, fome e maiores dificuldades financeiras às pessoas se prolongassem até hoje, para, então, buscar se beneficiar da pobreza alheia, tendo como moeda de troca alguns benefícios que já sequer nem mais resolvem os problemas das pessoas, embora – é certo – sempre possam minimizar um pouco, todo este período de longa negligência crônica do governo de Bolsonaro, que decidiu,aliás,assistir do camarote de sua governança insensível, o caos social para o qual conduz o Brasil.
O que objeto nestes benefícios com segundas intenções, é que Bolsonaro afirmava não ter dinheiro para nada e aparece – assim – de repente, às vésperas das eleições R$ 41,25 bilhões para arcar com benefícios (Auxílio Brasil,Vale-Gás,Bolsa-caminhoneiro e Auxílio- Táxi) em troca de sua reeleição. Bolsonaro, o corruptor.
O conto de fardas de Bolsonaro e companhia militar limitada, o delírio verde-oliva é,aqui, patente: supõe que se a sabotagem contra as instituições democráticas não vingar por meio do golpe, que não quer reconhecer um resultado desfavorável das urnas eletrônicas,então,os benefícios concedidos provisoriamente, irão se incumbir de aumentar – pensam – a popularidade de Bolsonaro e ainda que nos marcos da democracia, assegurar-lhe a vitória no pleito.
O conto de fardas de Bolsonaro e companhia militar limitada,então, tem como fundamento o otimismo autoritário de que, de uma forma ou de outra, a vitória está, no fim, assegurada.
No entanto, no contexto atual, a tentativa insistente de desacreditar o processo eleitoral gerando desarmonia entre os Três Poderes, a escalada da violência política com assassinato de adversários e a atitude corrupta de buscar conceder benefícios visando exclusivamente a reeleição, demonstram – ao contrário do que pode parecer – a fraqueza do aspecto político e econômico do bolsonarismo e não sua força.De fato, as aparências enganam.
E,aqui,dou uma sentença:
Politicamente, o bolsonarismo está morto.Economicamente,o bolsonarismo foi a óbito.
Aqui, jaz Bolsonaro.
Toda a tentativa de corromper as pessoas com benefícios interesseiros.Toda a violência explícita expressa no campo político com agressões físicas ou verbais e, por vezes, mediante assassinato de adversários, são, no fundo, expressão de impotência crônica, desespero irreversível e revolta incurável, que anunciam o declínio em curso – mas, inevitável – de uma prática política, que chega ao fim.
E tanto mais próximo do derradeiro momento encontra-se esta prática política, quanto maior é a intensidade de sua revolta, impotência e desespero traduzidos no aumento da violência que ela – esta prática política – produz.
Isto pode,aliás,induzir a erros de avaliação e interpretar-se a escalada da violência política como indício de força quando, na verdade, em determinados contextos como o atual – é só expressão de uma fraqueza incontornável.
Aqui, jaz Bolsonaro.
Porém, a morte do bolsonarismo no campo político e econômico, não ocorre simultaneamente, no campo cultural. Aqui, o bolsonarismo ainda sobrevive e irá se perpetuar por um longo período.
A cultura da violência cotidiana da população, sobretudo,a negra e periférica.A cultura do estupro.A cultura do ódio. A cultura da intolerância.A cultura do privilégio.A cultura homofóbica tem sua raiz e força inscrita na história do Brasil e,hoje, está identificada com o bolsonarismo, mas que eu designo como bolsonarismo cultural para referir-me ao que, em Bolsonaro, é ainda forte e sobrevive, daquilo que nele, o bolsonarismo econômico e político, exprime debilidade e está em vias de desaparecer.
A equação para compreender e, na prática, não temer o bolsonarismo pode ser expresso neste pensamento vital:
A fraqueza e desaparecimento do bolsonarismo político,hoje, está na proporção inversa da violência por ele produzida.
Ou
Nesta fórmula capital:
O aumento da violência política do bolsonarismo é, no contexto atual, a expressão inversa de sua força.É tanto mais fraco, quanto, paradoxalmente,hoje, maior violência política produz.
Aqui, jaz Bolsonaro.
Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro