Sábado (20) foi dia de protesto contra o governo Jair Bolsonaro em todo o Brasil, com carreatas e bicicletadas, respeitando o distanciamento social. Segundo números do Brasil de Fato, houve protestos em 38 municípios de 12 estados. Manifestantes querem o impeachment de Bolsonaro, reforço ao plano de imunização contra a covid-19 e a volta do auxílio emergencial para quem precisa. E neste domingo, ainda há várias manifestações programadas, com novas carreatas pelo “fora Bolsonaro” coordenadas pelas frentes Brasil Popular (FBP) e Povo sem Medo devendo alcançar 70 cidades.
Em São Paulo, dezenas de carros e bicicletas partiram de diversos locais da capital e se encontraram em frente ao estádio do Pacaembu (zona oeste). De lá, partiram para a Avenida Paulista. O líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, disse ao UOL que as carreatas são um “ensaio” para manifestações maiores. Para o ex-candidato do Psol à Presidência da República (2018) e à Prefeitura de São Paulo (2020) – e também liderança da Frente Povo sem Medo –, isso deve ocorrer quando a vacinação de expandir e a curva de contaminação da covid-19 cair.
“A carreata é a forma que a gente encontrou para ter algum tipo de reação. Mas evidentemente o que a gente espera é que se criem as condições o mais rápido possível para que a gente possa convocar manifestações de rua. Contra o Bolsonaro, contra essa política econômica destrutiva”, disse o integrante da Frente Povo Sem Medo.
Impeachment requer movimento
Para o coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, os protestos representam a voz das ruas contra a exclusão, desemprego e fome. “Não vamos sair das ruas até que essa política que privilegia ricos e joga milhões de pessoas na pobreza chegue ao fim”, disse o líder da Frente Brasil Popular.
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Bonfim disse reconhece que o novo comando da Câmara dos Deputados, com um aliado de Bolsonaro, pode ser um obstáculo ao impeachment. Mas ressalta que a mobilização é fundamental. “Na nossa concepção, acreditamos que o impeachment é um processo que precisa de mobilização. Então, nós, diferentemente de alguns setores que já ‘jogaram a toalha’ de que não é possível afastar esse genocida da presidência da República, acreditamos que é possível ir em uma crescente de mobilização e pressão para minar a popularidade de Bolsonaro e aumentar o seu desgaste”, afirma.
Já são 70 os pedidos de impeachment protocolados na Câmara. Nenhum deles foi colocado para análise pelo ex-presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). E a eleição de Arthur Lira (PP-AL), apoiada por Bolsonaro, torna o acolhimento das denúncias ainda mais difícil.
A mobilização cobra, ainda, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a proteção ao emprego, além da prorrogação do auxílio emergencial, no valor de R$ 600, até o fim da pandemia. Para as centrais sindicais e os movimentos sociais, o benefício entre R$ 200 a R$ 250, negociado entre Congresso Nacional e o governo, é insignificante diante do avanço da pobreza no país.