Ex-presidente Lula, Rui Falcão e representantes de diversos movimentos sociais se uniram em SP contra o golpe e em defesa da presidenta Dilma
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Convocados pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo, milhares de manifestantes ocuparam a Avenida Paulista, em São Paulo, nesta sexta-feira (10), Dia Nacional de Mobilização, para protestar contra o governo ilegítimo do presidente golpista Michel Temer. De acordo com a organização, cerca de 100 mil pessoas participaram do ato.
Por volta das 16h, as pessoas começaram a se concentrar em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), confeccionando cartazes, dançando, fazendo batucadas e aquecendo a garganta para gritar “Fora, Temer”.
O cantor Chico César executou alguns de seus principais sucessos e aproveitou para pedir a volta da presidenta eleita Dilma Rousseff, entoando “Volta, querida!”.
Às 18h30, a avenida já estava completamente tomada por pessoas de várias classes sociais e profissões e também pelos diversos movimentos representativos das mulheres, dos trabalhadores, dos negros e da comunidade LGBT. Unidos para exigir que a democracia seja respeitada e para dizer que não aceitarão nenhum direito a menos, os manifestantes partiram de diferentes pontos da cidade e do Estado.
“Eu vim de Mogi Mirim para lutar pela democracia, dar força e apoio aos nossos companheiros de luta e não deixar que tirem nossos direitos”, afirmou Reginaldo Aparecido Elói, 44 anos , operador de máquina.
Muitas pessoas também lembravam que o golpe contra o mandato da presidenta Dilma é contra o trabalhador. Isso porque diversos retrocessos já foram sinalizados no governo do presidente biônico, que se comporta como presidente de fato há 30 dias. A suspensão de programas sociais como o Minha Casa Minha Vida, ameaças ao Bolsa Família, reforma da Previdência e arrochos contra os direitos dos trabalhadores, além da desvinculação do orçamento da saúde e educação, são os principais motivos que levaram as pessoas às ruas.
“A ausência da igualdade de gênero está aflorando cada vez mais nesse governo, que já mostrou que não respeita as mulheres. Minha presença aqui é em defesa do povo trabalhador, das mulheres, principalmente das mulheres negras, e da juventude negra, pobre e periférica, que continua morrendo nas mãos da polícia militar”, enfatizou Iara Bento, 41 anos, de São Bernardo do Campo.
Já para o estudante Bruno Pereira, 19 anos, a criminalização dos movimentos sociais é a principal razão para lutar contra o governo ilegítimo: “Quero que a presidenta Dilma volte porque foi nela que eu votei, e não no Temer. O fato de o Alexandre de Moraes ser ministro da Justiça é algo que me preocupa muito, porque eu sei que isso significa repressão aos movimentos sociais e ao povo organizado”.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, esteve na manifestação e afirmou que este é o momento de união para derrotar os golpistas. “Agora é momento de unidade para barrar o golpe e depor o governo ilegítimo de Temer, que afronta a democracia e os direitos duramente conquistados pelos trabalhadores. Não há conciliação nem negociação com governo ilegítimo. É luta e mobilização. Fora, Temer!”, disse ao povo.
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, cobrou o retorno de Dilma à Presidência. “Hoje estamos nas ruas pra barrar esse governo ilegítimo que usurpou o poder. O golpe não foi apenas para colocar um presidente que não foi eleito por ninguém. Foi também para implantar um programa de governo que nenhum brasileiro quer. Falta devolver a faixa presidencial. E nós não vamos sair das ruas enquanto isso não acontecer”, disse.
A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, reforçou que a população não reconhece o governo golpista. “Não reconhecemos o governo golpista porque é um governo de corruptos. Não reconhecemos porque é um golpe aos nossos direitos. Em menos de um mês são incontáveis os retrocessos”, afirmou.
“O golpe significa tirar o protagonismo da democracia. Atos como esse precisam ser feitos pela democracia e pelos direitos dos trabalhadores. A direita brasileira está unida pra nos aniquilar e só há um jeito de impedir: luta, luta e mais luta”, conclamou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.
A farsa da luta contra a corrupção como justificativa para o golpe também foi muito criticada pelos manifestantes. As gravações de conversas do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o senador e ex-ministro golpista do Planejamento Romero Jucá, que ficou apenas dez dias na pasta, evidenciaram que o golpe foi arquitetado também para barrar as investigações da Operação Lava Jato. “Tiraram uma presidenta eleita legitimamente em uma votação feita por um Congresso corrupto”, lamentou a servidora pública Lisa Marquezine dos Santos, 24 anos.
Presença aguardada pelas 100 mil pessoas que estavam em toda a extensão da avenida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ovacionado pela multidão. Durante discurso, ele condenou as iniciativas do golpista Temer e disse que o Brasil “voltou a ter complexo de vira-latas”.
Fonte: Luciana Arroyo, da Agência PT de Notícias