Em marcha, manifestantes ocupam a Paulista contra Temer

 

Em São Paulo, manifestantes questionam legitimidade de Michel Temer e reforçam que mobilização pela volta da presidenta eleita continuará

 

Uma manifestação de resistência ao golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff parou a Avenida Paulista, em São Paulo, no início da noite desta terça-feira (17). Pelo menos mil pessoas marcharam aos gritos de “Fora Temer”, da metade da avenida até esquina com a Rua da Consolação.

“Não reconheceremos governo machista, racista e LGBTfóbico de Michel Temer. Portanto, o recado é muito claro: Fora Temer!”, afirmaram os manifestantes em jogral, antes de tomar a Paulista.

Formada majoritariamente por estudantes universitários e secundaristas, a concentração começou às 17h na frente do Museu de Arte de São Paulo (MASP) e ocupou todo o vão e a calçada. Por volta de 18h, saíram pela avenida, preencheram três quarteirões e pararam o trânsito. Na linha de frente, havia uma bateria e um grupo de mulheres jovens segurava uma faixa amarela onde estava escrito “Fora Temer, Fica Dilma”.

Conforme seguia, a marcha chamou atenção e ganhou adesão de alguns que não planejavam participar do ato. Como forma de apoio, pedestres e ciclistas passavam pela manifestação e gritavam “Temer traidor” ou “Temer golpista”.

Além da militância independente, estavam presentes representantes da Marcha Mundial das Mulheres, União da Juventude Socialista (UJS), União Brasileira de Mulheres (UBM) e União Estadual de Estudantes (UEE), entre outras organizações.

“Nem recatada e nem do lar, as mulheres estão na rua para lutar” e “Estamos nas ruas para dizer que não reconhecemos nenhum governo golpista” foram algumas das falas coletivas do ato.

À Agência PT de Notícias, a estudante universitária Marcela Rodrigues afirmou que continuará nas ruas para lutar contra o golpe e debatendo este assunto com outras pessoas. “Foi eleito um Congresso Nacional muito conservador. A gente já previa que um golpe poderia acontecer, mas a gente não imaginava que ia se concretizar. Até agora, nenhum crime foi provado contra ela. Todas as justificativas para este impeachment são fracas e falhas. O que me motiva é defender o Brasil”.

Estava presente também a estudante Nathália Keron. Para ela, o país está diante de um retrocesso para o povo, especialmente para a juventude com a extinção de ministérios importantes. “Além de ser um golpe contra a primeira presidenta mulher. E que não é qualquer mulher, ela lutou pela democratização do país e da política”.

O professor de História Luan Cupolillo se esforça para participar do maior número de manifestações possível por acreditar que este pode ser o caminho para enfrentar o governo golpista. “Tão importantes quanto as manifestações de rua é a gente, cada vez mais, discutir com os trabalhadores e com a juventude das periferias, nas escolas, nos locais de trabalho, para preparar grandes paralisações. Quem sabe construir uma greve geral?”, defendeu.

A estudante Joana Frydman Pontes de Souza afirma não reconhecer Temer como seu presidente e acredita que não será um bom governante para o Brasil. “Pelos retrocessos que em uma semana trouxe para os direitos humanos (…) É absurda a perda de espaço das mulheres. Não é justo que um presidente que nem foi democraticamente eleito tire estes direitos”, argumentou.

Também na noite desta terça-feira, aconteceu um debate sobre a extinção do Ministério da Cultura no Teatro Oficina. Diversas manifestações em defesa da democracia estão acontecendo em todo país.

Fonte: Daniella Cambaúva, da Agência PT de Notícias

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