Estudo aponta criação de seis milhões de postos de trabalho pelo empreendedorismo de pequeno porte no entre 2001 a 2011. 95% contrataram funcionários com carteira assinada
O representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Jorge Chediek, afirmou, nesta segunda-feira (29), que o Brasil conseguirá cumprir uma das principais promessas de campanha da presidenta Dilma Rousseff, de tirar toda a população da pobreza extrema. Segundo ele, as políticas do governo brasileiro para a nova classe média influenciarão a Organização das Nações Unidas (ONU), por acreditar que as políticas públicas e econômicas farão com que o Brasil atinja o resultado de 100% no combate à pobreza. “A ONU tem um compromisso assumido de combate à pobreza. Pensamos muito nisso, mas pensamos pouco do ponto de chegada, que é a classe média. É muito útil o Brasil estar pensando neste ponto de chegada”, afirmou Chediek.
A declaração foi dada durante evento da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), da Presidência da República, que divulgou hoje a terceira edição do caderno “Vozes da Nova Classe Média”, onde apontou que dos seis milhões de postos de trabalho criados pelo empreendedorismo brasileiro de pequeno porte no período de 2001 a 2011, 95% contrataram funcionários com carteira assinada. A pesquisa “Empreendedorismo e Classe Média” aponta a contribuição expressiva do empreendedor para a expansão da nova classe média brasileira, com destaque para o salto da formalização das relações de trabalho.
Para o ministro da SAE, Marcelo Neri, por sua vez, o fim da miséria é apenas o começo, já que a desigualdade teve uma queda espetacular após o índice de Gini ter caído de 0,64 para 0,54 nos últimos dez anos. “Em 2012, mesmo com o baixo crescimento, o chamado pibinho, 35% das pessoas subiram de nível social, enquanto apenas 14% caíram. Isso mostra que o País vive mais prosperidade e oportunidades e menos desigualdade”, afirmou.
Jorge Chediek ainda acrescentou: “a presidenta Dilma Rousseff disse que quer fazer do Brasil um país de classe média. Queremos influenciar a política e ampliá-la para fazer, também no mundo, um mundo de classe média”.
Para concluir um comparativo entre a nova classe média e o papel do empreendedorismo no País, a SAE utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domícilio (Pnad-IBGE) e do Sistema de Indicadores de Percepção Social do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (SIPS-Ipea), mapeando o tamanho da população, o perfil socioeconômico, comportamental e, sobretudo, as percepções de cenários, como o número de autônomos, empregadores e empregados, número de empregados formais ou informais, individuais, micro ou pequenos empreendedores e sobre qual foi a presença de cada segmento nas classes sociais nos últimos dez anos.
Ao apresentar o trabalho, o ministro e presidente do Ipea, Marcelo Neri, enfatizou que os números comprovam na prática: a expansão e a sustentabilidade da nova classe média brasileira. Ele, por exemplo, destacou a pujante economia gerada pelos pequenos negócios no País, de norte a sul, de leste a oeste: o lucro desse tipo de negócio cresceu 35% e o ganho passou de R$ 1.710,00 para R$ 2.172,00 no período de 2003 a 2013. “O lucro dos pequenos negócios teve um forte aumento. Se medirmos pela educação, veremos que subiu a qualidade dos empreendimentos e também a capacidade dos empreendedores”, afirmou.
O caderno Vozes também mostra que os pequenos empreendedores geraram uma massa de remuneração que supera R$ 500 bilhões, valor que representa 39% do volume total da renda do Brasil, superior à riqueza total (PIB) de vários países, como o Chile.
A série “Vozes da Nova Classe Média” consiste em estudos periódicos que oferecem informações sobre a evolução, os valores, o comportamento e as aspirações da classe média brasileira, a fim de subsidiar a formulação de políticas públicas. A última edição apresentou um perfil detalhado daqueles que ingressaram no segmento nos últimos dez anos, com uma abordagem detalhada sobre a desigualdade, a heterogeneidade e a diversidade dessa classe social.