“Não vai ter golpe” é a frase que marcou o dia 31 de março de 2016 no Brasil. Na data em que o país completa 52 anos do início da ditadura civil-militar (1964-988), milhares de manifestantes foram às ruas em 25 estados e no distrito federal para defender a democracia e repudiar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Mais de 800 mil pessoas participaram, segundo números dos organizadores.
A maior concentração de pessoas foi em Brasília: 200 mil. O ato começou às 15h30 no estádio Mané Garrincha e seguiu em direção ao Congresso Nacional, onde foram projetadas frases como “Fora Cunha” e “Não vai ter Golpe”. Bandeiras da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag) e da União Nacional dos Estudantes (UNE) eram carregadas por manifestantes durante toda a caminhada, assim como faixas de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Dilma Rousseff.
A representante da CUT na Frente Brasil Popular, Janeslei Aparecida de Albuquerque, disse à Agência Brasil que o ato na capital federal é essencial para o movimento. “Brasília, por ser a capital do país, é fundamental para dar visibilidade à nossa insatisfação com o golpe que está sendo aplicado contra o Brasil”.
Em São Paulo, protesto organizado pelas frentes Brasil Popular e pela Povo Sem Medo levou 60 mil pessoas à Praça da Sé, mesmo debaixo de chuva. Além da Praça da Sé, a multidão também ocupou a rua lateral da catedral, no centro da capital paulista. O ato foi batizado de “Em Defesa da Democracia, Golpe Nunca Mais”.
No Rio de Janeiro, ato pela democracia aconteceu no Largo da Carioca, no centro da cidade e reuniu mais de 50 mil pessoas. O cantor Chico Buarque esteve presente e pediu respeito à integridade da presidente: “É claro que estamos todos aqui unidos pelo apreço a democracia e em defesa intransigente da democracia (…) Então, estou aqui para agradecer a vocês que me animam a acreditar que não; de novo, não. Não vai ter golpe”, afirmou.
Mais cedo, o presidente da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj), Rossino Castro Diniz, disse que a população favelada do país, as camadas mais pobres, beneficiários dos principais programas sociais do governo, é contrária ao que chamou de tentativa de golpe contra a presidenta Dilma.
“Isto que está acontecendo aqui é só o início, porque o povo ainda está se conscientizando e o pessoal de favela demora mais para entender o que está ocorrendo. Quando eles forem botar [o impeachment] em votação, nós vamos colocar mais de um milhão de pessoas em Brasília. Os programas do governo beneficiaram a classe menos favorecida, o povo da favela. Quando eles entenderem que podem perder isso, o caldo vai engrossar. E você pode ter certeza, não vai ter golpe”, disse Diniz.
Brasil contra o golpe
Grandes concentrações também aconteceram em algumas das capitais brasileiras, onde chegaram ônibus de manifestantes vindos de cidades próximas. As maiores foram em Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Belém (PA).
Em Porto Alegre (RS) manifestantes contrários ao impeachment da presidenta Dilma se reuniram na Esquina Democrática no final da tarde. Em Salvador (BA), um trio elétrico acompanhou o percurso, onde representantes discursaram em apoio à presidenta Dilma. Uma banda em um microtrio elétrico cantou músicas de resistência à ditadura, ao som da guitarra baiana. Em Fortaleza, capital cearense, a concentração do ato contra o impeachment começou na Praça da Bandeira e seguiu em caminhada até a praça do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, na Praia de Iracema, próximo à orla da Beira Mar. O ato em Belo Horizonte (MG) foi organizado por uma rede de artistas e músicos e recebeu o título de “Canto pela democracia”.
Também aconteceram manifestações em: Aracaju (SE), Araci (BA), Bauru (SP), Cajazeiras (PB), Campina Grande (PB), Campo Grande, Chapecó (SC), Floresta (PE), Florianópolis (SC), Garanhuns (PE), Foz do Iguaçú (PR), Goiânia (GO), Imperatriz (MA), Ji-Paraná (RO), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Manaus (AM), Maringá (PR), Ouricuri (Pernambuco), Palmas (RO), Passo Fundo (RS), Pau de Ferros (RN), Piracicaba (SP), Santa Maria (RS), Santarém (PA), São José do Rio Preto (SP), São Luiz (MA), Sertãozinho (SP), Teresina (PI), Uberlândia (MG), Uruguaiana (RS), Varginha (MG) e Vitória (ES), entre outras.
Fora do Brasil, aconteceram manifestações em pelo menos 23 cidades diferentes: Paris, Lisboa, Coimbra, Londres, Genebra, Munique, Berlim, Copenhague, Amsterdã, Roma, Barcelona, Madri, São Francisco, Washington, Nova Iorque, Atlanta, Cidade do México, San Salvador, Montevidéu, Bogotá, Quito, Santiago e Buenos Aires.
Pela manhã, antes mesmo de as manifestações começarem nas ruas, as tags #ImpeachmentSemCrimeEGolpe e #BrasilContraOGolpe já eram as mais comentadas no Twitter.
Fonte: Agência PT, com informações da Agência Brasil