Brasil condena ataque de Israel à frota humanitária

O governo brasileiro condenou ontem o ataque de Israel a uma frota que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Mais de dez pessoas morreram. A cineasta e ativista brasileira Iara Lee, que estava em um dos barcos, está desaparecida. “O Brasil condena, em termos veementes, a ação israelense, uma vez que não há justificativa para intervenção militar em comboio pacífico, de caráter estritamente humanitário. O fato é agravado por ter ocorrido em águas internacionais”, diz nota do Itamaraty.

O Brasil defende uma investigação independente para o episódio e propõe o fim do bloqueio à região ocupada pelos palestinos. “Os trágicos resultados da operação militar israelense denotam, uma vez mais, a necessidade de que seja levantado, imediatamente, o bloqueio imposto à Faixa de Gaza, com vistas a garantir a liberdade de locomoção de seus habitantes e o livre acesso de alimentos, remédios e bens de consumo àquela região”.

O Brasil vai defender na Organização das Nações Unidas (ONU) a convocação de uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança para discutir a operação militar israelense. O embaixador de Israel no Brasil será chamado ao Itamaraty para que seja manifestada a indignação do governo brasileiro com o incidente.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, criticou o ataque das tropas israelenses. “Nós não poderíamos ter ficado mais chocados do que com um evento desse tipo. Eram pessoas pacíficas, não significavam nenhuma ameaça e estavam procurando realizar uma ação humanitária. Uma ação humanitária que não seria talvez nem necessária se terminasse o bloqueio a Gaza, que já está durando tanto tempo”, disse.

A Mesa Diretora do Parlamento do Mercosul (Parlasul) também repudiou o ataque de Israel à frota de ajuda humanitária. Em nota proposta pelo deputado Dr. Rosinha (PT-PR), o Parlasul defende punição aos responsáveis pelo bombardeio. “Esse ato irracional de violência contra uma iniciativa humanitária e política absolutamente pacífica revela desprezo pela comunidade internacional e pelos princípios mais elementares do Direito Internacional Público. Deve-se salientar que o ataque desproporcional ocorreu ainda em águas internacionais”, diz a nota.

O deputado Dr. Rosinha, ex-presidente do Parlamento do Mercosul, representou na reunião da Mesa o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), vice-presidente brasileiro do órgão. A nota do Parlasul defende ainda “uma investigação internacional consistente”.

O líder do Governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), classificou o ataque israelense como “terrorismo de Estado”. “O mundo todo sabia que era uma ajuda humanitária para pessoas que estavam passando fome, doentes que precisariam de alimentos, medicamentos e água. Não tinha nenhuma disposição política. Isso que o Estado de Israel fez é inadmissível. Não é só uma questão do confronto entre árabes e israelenses, é uma provocação ao mundo. A ONU precisa criar condições para constituir o Estado da Palestina. Esse é o caminho para se construir a paz naquela região”, afirmou.

O deputado José Genoino (PT-SP), integrante da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, criticou a postura belicista do governo israelense. “Isso é uma demonstração do fracasso de uma política belicista e guerreira, que só agrava o conflito no Oriente Médio. Um ataque a um comboio de paz com mortes mostra que há uma decisão belicista por parte de Israel, que é inaceitável para um mundo que deseja a paz”, afirmou.

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