Velha obsessão de Jair Bolsonaro, uma nova tentativa de “reforma trabalhista” está em gestação no Ministério do Trabalho e da Previdência. Neste fim de semana, matéria da Folha de São Paulo revelou a existência de um estudo que propõe 330 mudanças no que restou da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Como justificativa para as propostas, os especialistas afirmaram que “atualmente um dos maiores desafios que o mundo enfrenta é o desemprego”. O esforço, afirmam eles, é para fazer “a sintonia fina da reforma trabalhista de 2017”. Ou seja: mais destruição, desemprego e perda de renda.
O texto, que reúne sugestões de magistrados, advogados, economistas e acadêmicos, consta de relatórios apresentados pelo ministério ao Conselho Nacional do Trabalho, na última semana. Entre as 330 alterações previstas, estão a inclusão de 110 regras – entre artigos, parágrafos, incisos e alíneas – a alteração de 180 e a revogação de 40.
“Não há medida de proteção ao trabalhador. Toda a segurança jurídica é para a empresa e para o mercado”, criticou o assessor jurídico da Central Única dos Trabalhadores (CUT), José Eymard Loguercio, aludindo ao título de uma das comissões: Direito do Trabalho e Segurança Jurídica.
Há propostas de “ajustes nas regras do trabalho intermitente” e de permissão irrestrita do trabalho aos domingos, “desde que ao menos uma folga a cada 7 (sete) semanas do empregado recaia nesse dia”. Outro ponto é a proibição do reconhecimento de vínculo de emprego entre prestadores de serviços e “aplicativos informáticos de economia compartilhada”, como Uber e Ifood.
Dessa forma, entregadores e motoristas não poderiam ser considerados empregados de plataformas e, portanto, não teriam acesso a direitos previstos na CLT, como férias e 13º salário. O objetivo seria “reduzir a insegurança jurídica sobre o tema”, uma vez que hoje há decisões conflitantes emitidas pela Justiça do Trabalho.
Presente à reunião de um dos quatro conselhos criados para discutir as mudanças, o assessor jurídico da Central Única dos Trabalhadores (CUT), José Eymard Loguercio, disse que não foi apresentada sugestão de projetos de lei com o intuito de garantir proteção aos trabalhadores de aplicativos.
Segundo ele, a proposta de proteção social foi debatida, mas não avançou, pois os autores do relatório afirmaram que o tema já está em debate no Congresso. “Não há medida de proteção ao trabalhador. Toda a segurança jurídica é para a empresa e para o mercado”, criticou Loguercio, aludindo ao título de uma das comissões: Direito do Trabalho e Segurança Jurídica.
Presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) atacou as propostas. “Mais uma reforma trabalhista! Que sanha destruidora tem esse governo. Lá vão eles rasgarem mais a CLT. Trabalho aos domingos, greve de empresas, enfraquecimento da justiça do trabalho. As reformas que já fizeram só serviram pra aumentar lucro das empresas. Emprego mesmo, não foi criado”, resumiu em postagem no Twitter.