Simão Zygband: As manifestações suicidas de apoio ao genocídio

Foto Reprodução site construirresistencia.com.br

As manifestações da extrema direita em apoio ao presidente genocida mostram que esta parcela de brasileiros, que opta pela aglomeração nas ruas no momento mais grave da pandemia da Covid-19 vestindo ainda a camisa da seleção brasileira (usurpada pela súcia), tem uma tendência suicida, lembrando um episódio que marcou a história da humanidade: o suicídio/assassinato em massa praticado pelo reverendo Jim Jones, em novembro de 1978, em Jonestown, na Guiana, onde morreram 909 pessoas, das quais 304 crianças.


Os suicidas de Jonestown, tal qual os seguidores do capitão reformado, acreditavam cegamente nos delírios de Jim Jones, que os induziu a consumir um refresco em pó tratado com uma mistura de cianeto de potássio e calmantes, disposto em baldes industriais.

Bolsonaro não é apenas um genocida, mas como Jim Jones, incentiva seus seguidores ao suicídio. Corre nas redes sociais que muitos dos participantes das manifestações fascistas ocorridas neste domingo pelo país foram cooptados com o pagamento de R$ 150.

Desde o princípio da pandemia, o capitão reformado prega contra o isolamento e o distanciamento social, faz atividades sem o uso de máscaras e, possivelmente, não utiliza álcool gel, além de dificultar a compra de vacinas.


O resultado não poderia ser diferente, diante da orquestração do genocídio: mais de 3 mil óbitos diários, mais de 400 mil mortos deste o início da pandemia, falta crônica de vacinas e de insumos para cuidar dos doentes nos superlotados hospitais de todo o país, impossibilidade de tomar a segunda dose da CononaVac, como já ocorre em várias capitais, a negação de importação do imunizante russo Sputnik V, entre tantas outras ações negacionistas.

Mais morre gente do que nasce

O médico e cientista Miguel Nicolelis relata que abril foi o primeiro mês na história do Brasil que o número de mortos pela Covid e outras patologias superou o número de nascimentos. “A situação nesse momento no Brasil é crítica, catastrófica e a gente não vê nenhuma luz no fim do túnel, por que as autoridades federais se recusam a fazer o que o resto do mundo fez em momentos menos críticos do que o brasileiro”, alerta ele.


Para Nicolelis, muito provavelmente no final de maio, este número deverá se aproximar dos 500 mil mortos e o país está ficando sem medicamentos, sem vacinas e sitiado por um vírus letal. “Não saiu na mídia brasileira mas, analisando os dados, as UTIs neonatais estavam ficando cheias, acima de 90% de ocupação, por causa dos partos prematuros”.


E continuou: “o que ninguém fala é que as UTIs obstétricas estavam ficando lotadas de mães com episódios trombóticos ou outras complicações decorrentes da Covid  e tiveram que não apenas dar a luz a prematuros, como também verem seus filhos irem direto para a UTI neonatal, mas elas mesmas tiveram que ir para a UTI. Então, nós temos casos inéditos no mundo onde pais perderam não somente suas esposas como seus filhos recém-nascidos ao mesmo tempo. O Brasil está demonstrando, por ter o recorde de mortes de gestantes e de recém-nascidos e de crianças abaixo de 5 anos – 10 vezes mais que os Estados Unidos no ano de 2020 e 20 vezes mais que o Reino Unido, que esta doença, este vírus, tem a capacidade de afetar todos nós, inclusive os recém-nascidos”.

Incentivo ao suicídio

Assim com o Jair Bolsonaro, o reverendo Ji m Jones convenceu seus seguidores a tomar veneno (muito similar a incentivar a aglomeração em plena pandemia) pois estavam pressionados pelo governo dos EUA, que os proibiu de se estabelecerem em solo norte-americano, os fazendo fugir para as Guianas, onde então fundaram a delirante Jonestowm. Mas também foram pressionados em solo guianense, e após assassinarem emissários do Congresso norte-americano, decidiram pelo suicídio coletivo.


Em 1978, o congressista dos Estados Unidos Leo Ryan decidiu ir a Jonestown para investigar acusações de abusos de direitos humanos. Junto com uma delegação, negociou sua entrada em Jonestown. Quando se retirava, Ryan e sua comitiva de 11 pessoas foram emboscados é assassinados pelos seguranças de Jim Jones.


A única solução decidiu Jones era o suicídio. “Não tenha medo de morrer”, ele dizia em uma gravação. “Nós não estamos cometendo suicídio; estavam cometendo um ato de suicídio revolucionário em protesto às condições inumanas do mundo.”

As crianças foram as primeiras a beber o refresco em pó da marca Flavor Aid, sabor uva. Levava cerca de 5 minutos para um adulto tombar, dando tempo para serem posicionados de bruços em volta do terreno. Quem tentou fugir foi morto. Apenas 35 sobreviveram, se escondendo até os guardas tomarem o refresco eles próprios.
Jones não bebeu. Seu corpo foi achado em uma cadeira de praia, morto com um tiro na cabeça, dado por ele mesmo.

Simão Zygband é jornalista com passagem pelas TVs , jornais, rádios e assessorias de imprensa parlamentar e de administrações públicas. Foi coordenador de Comunicação no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Em fevereiro de 2020, lançou o livro “Queimadas da Amazônia – uma aventura na selva” pela editora Studioma e disponível na Amazon.

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