Os manifestantes cercaram o carro oficial do prefeito Gilberto Kassab e receberam – em comemoração ao aniversário da cidade – a velha e conhecida truculência da polícia do governo Alckmin, que atirou bombas de efeito moral e gás de pimenta contra os manifestantes.
Por Elineudo Meira, Portal Linha Direta
Quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
No dia do 458º aniversário da cidade de São paulo, a praça da Sé, que já foi palco de grandes lutas pela democracia como o Movimento das Diretas Já, reuniu mais de 1200 pessoas para protestar contra as políticas do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab e do governador Geraldo Alckmin. A manifestação reuniu representantes de entidades, movimentos populares e de diversos partidos políticos.
A concentração começou em frente à Catedral da Sé. Dentro da Igreja era celebrada a missa em homenagem ao aniversário de São Paulo, com a presença de autoridades, entre eles o prefeito e do governador de São Paulo. Ao final da missa, os manifestantes cercaram o carro oficial do prefeito Gilberto Kassab e receberam – em comemoração ao aniversário da cidade – a velha e conhecida truculência da polícia do governo Alckmin, que atirou bombas de efeito moral e gás de pimenta contra os manifestantes. Prática que tem sido rotineira em outras ações da parceria entre Kassab e Alckmin, como na Cracolândia e no Pinheirinho.
Após o tumulto, os manifestantes seguiram em passeata até a sede da prefeitura, onde o prefeito Gilberto Kassab entregava a Medalha 25 de Janeiro à presidenta Dilma, concedida em reconhecimento ao mérito pessoal e aos bons serviços prestados à cidade. No trajeto, os manifestantes entoavam diversas palavras de ordem, como: ”AA, UU, o Pinheirinho é Nosso” e “Quem luta não tá sozinho, somos todos Pinheirinho”.
Durante a passeata, Raimundo Bonfim, um dos coordenadores do comitê e da CMP (Central de Movimentos Populares), lembrou que todo dia 25 de janeiro de cada ano, no aniversário da cidade de São Paulo, os movimentos sociais costumam reunir-se para protestar contra as políticas de exclusões sociais, que sempre favorecem a especulação imobiliária, adotada na gestão do prefeito Gilberto Kassab. “Esse ano temos um componente novo que é a situação da chamada Cracolândia. A repressão policial e a tragédia do massacre resultam nessa política de indignação e de enfretamento dos movimentos sociais contra o prefeito Kassab (PSD). Em 2012, juntaram-se duas situações: a desenvolvida aqui na cidade de São Paulo pelo prefeito Gilberto Kassab e o Pinheirinho em São José dos Campos, do prefeito Eduardo Cury (PSDB). As duas com total apoio do Governador Geraldo Alckmin. Por isso, a unidade desta luta é um ato bem representativo. É um momento de comemorar e também de demonstrar os problemas sociais, não só na cidade de São Paulo, como em todo o Estado. Essa é nossa luta,” ressaltou Raimundo.
De acordo com Sônia Maria dos Santos, militante da Marcha Mundial de Mulheres, os movimentos populares estão nas ruas protestando desde a semana passada. “Começamos por conta da questão do programa Big Brother Brasil, da Rede Globo. Agora estamos na luta pelas nossas mulheres do Pinheirinho, em São José dos Campos, pois sabemos que elas sofrem, como nossos homens também sofrem. Estamos participando também da luta na Cracolândia, contra a política higienista em São Paulo. Hoje o município e o estado de São Paulo não têm uma política social e sim essa repressão. Nós sofremos e conhecemos”, declarou.
Representando a APEOESP, que move uma ação na justiça para a aplicação correta da Lei do Piso pelo governo Alckmin, o professor Roberto Guido, membro da executiva do sindicato e do Comitê em Solidariedade do Pinheirinho, lamentou a posição de Alckmin resolver questões jurídicas a todo custo. “É lamentável que o governador do estado de São Paulo diga para resolver essas questões e acate cegamente as decisões da justiça. Se quer acatar as decisões, porque não implanta a Lei do Piso para o professores? Para mim, Alckmin toma decisões seletivas. É assim que o governo de São Paulo age”, disparou Guido.
Destacando que o prefeito Gilberto Kassab tem a menor aprovação popular em quatro anos de governo, com apenas 24%, segundo pesquisa DataFolha, João Gabriel, Diretor do Sindicato dos Servidores Públicos da Cidade de São Paulo e militante da Juventude do PT, avaliou positivamente a manifestação. “Conseguimos reunir diversas entidade dos movimentos populares aproveitando a presença do governador Geraldo Alkmin, que tem cometido atrocidades contra a população em nome da especulação imobiliária e e do prefeito Gilberto Kassab que, pra mim, recebe simbolicamente o diploma do pior prefeito da história da cidade de São Paulo”.
Participaram do ato entidades dos movimentos populares, sindicatos e partidos políticos, o deputado estadual petista Adriano Diogo, a Central de Movimentos Populares, os movimentos LGBT, Moradia, Direitos Humanos, Estudantil, Negro, a Marcha Mundial de Mulheres e a Secretaria de Mulheres do PT.