“É muito difícil estar num partido como o PT, cercada por uma militância que é tão combativa e participativa, e não se envolver”, afirma Ana Estela.
Sábado, 29 de setembro de 2012
Em entrevista ao Portal Linha Direta, Ana Estela Haddad, esposa do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo Fernando Haddad, conta como se envolveu com a política e fala sobre sua participação à frente do grupo de trabalho de saúde no plano de Governo do candidato.
“É muito difícil estar num partido como o PT, cercada por uma militância que é tão combativa e participativa, e não se envolver”, afirma Ana Estela Haddad.
Confira.
Linha Direta – Você é dentista e professora da Faculdade de Odontologia da USP. Quando percebeu que estava totalmente envolvida pela política?
Ana Estela Haddad – Depois que me tornei professora na USP, logo o Fernando [Haddad] foi para Brasília trabalhar no Ministério do Planejamento. Pouco tempo depois, recebi um convite para trabalhar no Ministério da Educação, onde permaneci por dois anos, primeiro com o ministro Cristovão Buarque e depois com Tarso Genro. Essa foi a minha primeira experiência em gestão pública, ali comecei a me especializar e, consequentemente, tomei gosto pela política.
LD – Hoje você faz parte da campanha não apenas como a mulher do candidato. Está à frente do tema saúde no programa de governo de Haddad. A experiência como diretora no Ministério as Saúde te ajuda nesse processo?
AEH – Sem dúvida nenhuma. Eu trabalhei seis anos no Ministério da Saúde com a política de formação dos profissionais de Saúde, educação médica, enfermagem, odontologia, e outras, são 14 profissões ao todo. Essa experiência foi muito importante para mim sob vários aspectos. Tanto minha experiência no Ministério, como a vivencia de professora na área da saúde tiveram um papel muito importante para mim no ponto de vista de um engajamento político mais amplo e na compreensão de processos políticos. Realmente, a minha primeira entrada na campanha veio daí. No período pré-campanha, desde o início do ano os seminários temáticos “Conversando com São Paulo”, tiveram início e eu logo me envolvi em vários temas da área social como educação, saúde, cultura, e acabei recebendo um convite do vereador Carlos Neder para integrar o grupo de trabalho que se aprofundou nas questões da saúde e compôs as propostas do plano de governo na área.
LD – São Paulo tem problemas em diversas áreas. Você esteve ao lado de Haddad em uma série de visitas pela cidade. Qual é a real demanda de São Paulo?
AEH – O plano de governo que o Fernando propõe está muito completo e vem muito ao encontro dos principais necessidades e desafios da cidade hoje. São Paulo passou por algumas gestões sem um planejamento amplo e de longo prazo e sem pensar a cidade em seu real tamanho.
Quando ele [Haddad] vem com a proposta do Arco do Futuro, construída a muitas mãos, com as melhores cabeças do urbanismo hoje no país, sem dúvida nenhuma, essa proposta vem atender uma necessidade muito importante em São Paulo que, indiscutivelmente, é um grande problema. A população nas ruas clama e a gente sente na pele a questão da mobilidade urbana. O povo é penalizado pelas más condições, vemos pessoas que trabalham oito horas por dia e levam seis se deslocando na cidade. Como pode viver assim? O que sobra de tempo para você efetivamente viver, ter lazer, vida cultural, conviver com a família, com os amigos? É totalmente inviável.
Agora, falando da minha área, aponto a saúde, sem dúvida nenhuma, como uma grande demanda em São Paulo e que é identificado pela população como um dos maiores desafios a ser enfrentado.
LD – Ana você aumentou o ritmo da agenda para reforçar a campanha de Haddad. Como se sente tão próxima de uma campanha que pode significar a volta de um projeto que deu certo? Um projeto em que o companheiro Lula e a presidenta Dilma estão totalmente inseridos?
AEH – É muito difícil estar num partido como o PT e cercado por uma militância que é tão combativa e participativa e não se envolver, é impossível. Realmente eu me sinto muito envolvida e privilegiada pela oportunidade de vivenciar e participar de uma experiência como essa. Lógico que estamos fazendo tudo e lutando visando à vitória, mas independentemente do desfecho, não tenho dúvida de que já somos vitoriosos pelo que estamos deixando de legado. O plano de governo construído a mais de mil mãos, a militância nas ruas e a forma como isso foi trabalhado.
LD – Você participou de atividades da campanha voltadas às mulheres. Temos a presidenta Dilma como chefe de Estado. Para você, qual é a importância da mulher na política?
AEH – A gente vem de uma história de sociedades em que a posição da mulher e seus espaços estão sendo construídos a duras penas e muitas dificuldades. Ainda hoje temos muita descriminação com relação à posição da mulher e isso tem reflexo na sociedade como um todo. A presença da mulher é fundamental, seja no núcleo familiar, no espaço de trabalho ou no espaço político.
Os elementos e as características femininas, sem dúvida nenhuma, são elementos de humanização e que combinam bem a questão guerreira com a questão amorosa, de maior acolhimento e que nesses espaços, em especial na política, pode fazer muita diferença. A mulher trás a sensibilidade pra muitos desafios como na área da educação, saúde, infância e adolescência, questões que um olhar feminino contribui demais.
Veja a presidenta Dilma, nós temos a primeira presidente mulher e isso significa muito, está se saindo maravilhosamente bem como liderança no seu papel político e mundialmente reconhecida por isso.
LD – Vimos que tanto você, quanto seus filhos estão participando ativamente da campanha. Num resumo, qual a importância da participação da família numa campanha eleitoral?
AEH – A família é importante em todas as atividades que a gente se propõe a fazer na vida. É de onde a gente sai, e pra onde a gente volta, é o nosso lar e nosso porto seguro. O sentimento de família, muitas vezes está ligado a essa questão, em nosso caso valorizamos muito a questão participativa, um da vida do outro. Nosso envolvimento na campanha vem daí, não é uma coisa que nasceu agora.
Por exemplo, quando o Fernando tomou a decisão de ir para Brasília, nós num segundo momento, acabamos nos reprogramando e o acompanhando. Logo que casamos fomos estudar no Canadá, ele recebeu um convite pra ficar, na minha área não tive a oportunidade, resolvi voltar e ele voltou comigo. Então, a questão é ser companheiro e participativo, isso nos dá o espírito de família.
LD – Em uma frase, diga o que cada uma dessas palavras significa para você:
PT – A busca por uma sociedade mais justa e equânime, em que todos possam ter oportunidade.
São Paulo – Uma das maiores metrópoles do mundo, uma cidade pulsante, uma cidade maravilhosa.
Lula – Nosso líder.
Dilma – Nossa líder.
Fernando Haddad – Um homem dedicado a buscar uma sociedade melhor e o bem comum.