As regras do debate na TV Record eram mais livres do que no debate anterior da RedeTV!, e, mesmo assim, o principal adversário de Aloizio Mercadante não se sentiu estimulado a fazer perguntas para o candidato do PT ao governo estadual. Em linguagem de gente simples: digamos que Geraldo Alckmin “fugiu do pau”. Evidentemente esta expressão é um pouco grosseira, mas explica o que novamente aconteceu nesta segunda (20/09) durante o debate entre os candidatos ao governo de São Paulo. Não havia desta vez o tradicional sorteio, por exemplo. E em um dos blocos era possível que os candidatos fizessem perguntas livremente entre si. Sem restrições. Mesmo assim, o candidato do PSDB preferiu deixar suas costumeiras acusações apenas para o horário eleitoral na tv, e nenhuma questão, ou acusação, nada, foi feito para Aloizio Mercadante.
Segurança
O debate girou basicamente em torno de Educação e Segurança. Sobre esse último, é claro, a maior rebelião em presídios da história de São Paulo foi lembrada. Aquela seguida de uma série de ataques violentos (que mais lembravam filmes hollywoodianos, tamanha surpresa provocaram na população), ataques promovidos por uma facção criminosa chamada PCC. O episódio, acontecido em 2006, durante a gestão tucana, recebeu um nome digno de filme apocalíptico: “o dia em que São Paulo parou”. Delegacias alvejadas, gente largando o trabalho e voltando para casa, veículos queimados e 48 agentes públicos do estado mortos. Tudo isso foi coordenado pelo PCC de dentro dos presídios.
Sobre isso, Mercadante afirmou: “Nós temos de recuperar a dignidade da polícia de São Paulo, pagar direito os policiais. Não é possível o governo do estado assistir, como assistiu, à polícia militar e civil se enfrentarem em frente ao Palácio dos Bandeirantes por falta de diálogo, de atenção, de respeito”.
Para diminuir a escolta a presos, Mercadante propôs fazer videoconferências, além de monitoramento eletrônico de presos, separação por grau de periculosidade, e mais a introdução de trabalho e educação nos níveis menores. Ou seja, fazer o preso menos perigoso trabalhar para sustentar o gasto que o estado tem com ele. E a educação é para que a prisão não seja – como sempre é – uma escola do crime.
Curiosamente, o único dos candidatos no debate que não viu crise na Segurança Pública foi o representante do PSDB. Ele defendeu sua atual gestão falando do trabalho dos condenados em troca da remissão de pena. Mercadante ouviu isso e respondeu forte: “Os presos trabalham, sim, trabalham muito para o PCC hoje. Quem controla o crime organizado em São Paulo hoje são os presídios. Falta controle dentro dos presídios. Permitiram que as facções criminosas fizessem rebeliões, atacassem a polícia, matassem policiais, queimassem ônibus, matassem agentes penitenciários e perderam o controle total do sistema prisional em São Paulo”.
Educação
O tema é o preferido de Mercadante. Até por isso ele deu um depoimento emocionado, não como candidato do presidente Lula, não como professor há mais de 30 anos, mas como pai. “Esse tema (Educação) é a história da minha vida. Eu tenho isso como a coisa mais importante da minha militância. Os filhos são o sentido maior da vida. E os pais se sacrificam para dar uma oportunidade maior aos filhos. A gente sabe o quanto é importante ver um filho formado, com a carteira de trabalho assinada, construindo a sua família e isso passa pela Educação”.
Mercadante explicou a confusão que o governo do PSDB faz de progressão continuada (invenção do genial Paulo Freire) com aprovação automática. Lamentou o fato de haver aplicação errada da progressão continuada, e que esse erro da gestão PSDB tenha gerado um universo de alunos que mal sabem ler, escrever ou entender um texto com clareza. “Que chance tem? Que chance tem essa população de chegar lá na frente com este ensino e ter um bom emprego? Ter uma boa oportunidade na vida? Essa é a questão central desta eleição”, concluiu o candidato do PT.
Quando 30% dos alunos no primeiro ano não aprendem a ler e escrever (dados do próprio PSDB!!) é sinal de que há algo de podre no reino da incompetência (5 anos sem reajuste para os professores, 100 mil professores sem concurso…). Em cima disso, Mercadante propôs: “Não se faz Educação de qualidade se não tratar com carinho, com respeito e com valorização aquele que está ali, ensinando seu filho e preparando o futuro dele em uma sala de aula. Não tem nada mais sagrado na vida da gente do que um filho. Ser governador é ter o compromisso com o filho de todos, como a gente tem com o nosso”.
Mercadante encerrou o debate dizendo que o estado de São Paulo é grande demais economicamente. Se fosse um país seria o segundo da América do Sul. “São Paulo pode crescer mais e melhor, como Lula fez com o Brasil e Dilma continuará a fazer”.
E o adversário do PSDB continuou sem ter o que dizer.
por: Mercadante13