Segundo reportagem, a juíza avalia que o fechamento remete “a uma provável reforma mais ampla” da rede de ensino
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, terá de prestar contas à juíza Carmen Cristina Fernandez Teijeiro e Oliveira, do Foro Central da Fazenda Pública, por ter fechado salas de aula.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a juíza avalia que o fechamento remete “a uma provável reforma mais ampla” da rede de ensino.
O governador tucano admitiu à Justiça há algumas semanas ter deixado de abrir séries iniciais, como o 1.º ao 6.º ano do ensino fundamental e 1.º ano do ensino médio, em 158 escolas. Com a medida, mais de 1.100 salas de aula foram fechadas neste ano.
Tentando se justificar, a Secretaria de Estado da Educação alega falta de demanda e ampliação do ensino médio diurno, sem esclarecer o número de alunos remanejados e as escolas para as quais foram realocados.
A juíza diz que as informações são insuficientes e já intimou a Procuradoria-Geral do Estado a se manifestar a respeito até esta quarta-feira, 15, sob pena de multa.
Carmen aponta uma suposta “reorganização gradual” na rede de ensino estadual.
No ano passado, Alckmin tentou criar unidades de ciclo único, projeto chamado de “reorganização da rede”. Ele acabou sendo adiado para 2017, após estudantes ocuparem dezenas de escolas e ganharem apoio da população.
Em fevereiro deste ano, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo denunciou o fechamento de 594 classes da rede estadual, em um movimento chamado pelos professores de “reorganização silenciosa”.
Na época, a presidente da Aepoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, criticou a ação do estado e a superlotação das salas de aula. “Quem exerce a profissão docente sabe da enorme dificuldade em ministrar aulas para uma classe com excesso de alunos. Quem estuda em classe superlotada também sabe que é muito difícil estudar nessas condições, sobretudo nas nossas escolas públicas, a grande maioria com projetos arquitetônicos ultrapassados, espaços exíguos, problemas de manutenção, pouca luminosidade e ventilação e problemas acústicos que fazem com que professores e estudantes precisem se desdobrar para se fazerem entender”, disse.