A concessionária que adminstra a linha (ViaQuatro) limitou-se a dizer que a pane pode ter sido causada por erro humano e que a causa exata é investigada. Nem o governador Alckmin, nem a Secretaria de Transportes Metropolitanos informaram se alguma multa será aplicada à ViaQuatro.
Por Imprensa PT Alesp
Com apenas uma semana de operação em horário completo, a linha 4 – Amarela do Metrô já apresentou duas panes, sendo que a última manteve todas as estações fechadas por quatro horas, na segunda-feira (3/10), o que levou o caos para milhares de trabalhadores. Isto porque a falha provocou efeito cascata nas outras linhas, no sistema de ônibus e no trânsito em geral. A concessionária que adminstra a linha (ViaQuatro) limitou-se a dizer que a pane pode ter sido causada por erro humano e que a causa exata é investigada. Nem o governador Alckmin, nem a Secretaria de Transportes Metropolitanos informaram se alguma multa será aplicada à ViaQuatro.
PT quer ouvir secretário
O deputado José Zico Prado, presidente da Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa, questiona se a grave pane da linha 4 não está no fato deste trecho ser “operado por uma concessionária, sendo esta linha a primeira a operar no modelo de PPP – Parceria Pública Priva? Como o Metrô e o governo do Estado vai se posicionar nestes casos de concessão?”.
O petista já protocolou Requerimento de Informações para que o secretário estadual de Transportes Metropolitanos informe os motivos que levaram à interrupção da linha. “Causa estranheza que uma linha nova, que já passou pelo período de testes, apresente falhas obrigando o seu fechamento por mais de quatro horas, prejudicando milhares de passageiros”, explica José Zico.
O deputado Alencar Santana, na Tribuna nesta terça-feira (4/9), também argumentou que se faz urgente uma explicação do secretário.
Mais cautela com sistema
A linha 4 é baseada em sistemas totalmente automatizados e é um tipo de operação que exige mais cautela. “Quanto mais de ponta for a tecnologia de automação, mais testes são necessários”, diz o presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos do Metrô, José Geraldo Baião.Para o professor de Engenharia Civil do Centro Universitário FEI Creso de Franco Peixoto o sistema ainda precisa “amadurecer” para ser mais seguro. “Por enquanto, o metrô deveria trabalhar com níveis de redundância e protocolo um pouco mais altos.”
Para o deputado Simão Pedro, estamos chegando ao limite dos prejuízos e dos arranjos no Metrô paulista.
Só agora, depois de inúmeras panes, o governo Geraldo Alckmin determinou a elaboração de um plano de contingência para agilizar a tomada de decisões no caso de panes na linha 4. A ordem é que técnicos do Metrô, CPTM e ViaQuatro preparem um relatório de procedimentos padronizados a serem tomados para cada falha.
Linha já começou com problemas
A primeira dificuldade com a linha 4 foi com o prazo de entrega das obras. O projeto começou em 2001 e, na época, a estimativa era de que a linha fosse concluída até 2006.
No dia 12 de janeiro de 2007, já atrasada, a construção sofreu um grave acidente: a abertura de uma cratera de 80 metros de profundidade onde hoje funciona a estação Pinheiros. Sete pessoas morreram no acidente. O acidente forçou 212 pessoas a deixar suas residências – foram interditados 94 imóveis do entorno. O PT propôs a instalação de uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito, mas com o boicote dos deputados governistas, o pedido não conseguiu o número regimental de assinaturas.
Em 2008, vem à tona uma série de denúncias envolvendo agentes do governo do Estado de São Paulo e a multinacional Alstom em um esquema de recebimento de propinas em troca de assinaturas de contratos. Investigações de autoridades francesas e suíças são de um período em que existiam dois contratos com a Alstom e o governo do Estado um de US$ 75,9 milhões, feito em 1997 para extensão da linha Verde do Metrô, e outro de US$ 539,3 milhões para realização de obras da linha Amarela, esse de 2003.
O PT também apresentou pedido de CPI, mais uma vez boicotado pela base governista, e representou o Ministério Público.
Em 2010, o ex-presidente do Metrô, Luiz Carlos Frayze David, foi mencionado em reportagem da revista Época com indícios de ter recebido propina da construtora Camargo Corrêa. A mesma matéria apontou que manuscritos apreendidos pela Polícia Federal, durante a Operação Castelo de Areia, mostram que teria havido corrupção nas obras de extensão da linha 4 do Metrô.
62 panes no Metrô desde 2007
“A fragilidade de todo o sistema de metrô da Capital fica a cada dia mais evidente, tamanho o número de panes já registradas. Levantamento aponta, ao menos, 62 falhas grave de dezembro de 2007 até agora”, afirma o líder da Bancada do PT, deputado Enio Tatto.
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