Segundo engenheiro, para evitar as enchentes, seriam necessários 134 piscinões, mas foram construídos apenas 40.
Por Sâmia Gabriela Teixeira – SpressoSP
Chega o verão e com ele as fortes chuvas em São Paulo. O problema não é novo, e as enchentes têm sido parte constante da rotina dos paulistanos. Em 2010, Kassab prometeu publicamente dois piscinões para a praça 14 Bis e a praça das Bandeiras, duas regiões que alagam rapidamente com qualquer chuva acentuada. Até hoje, nenhum dos piscinões foram construídos. De acordo com a comunicação da Siurb (Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras), os dois piscinões foram substituídos por um projeto ainda em elaboração, para implantação de um túnel de derivação para conduzir as águas captadas nas galerias da Avenida Nove de Julho até o Rio Tamanduateí.
Franco da Rocha alagada. O município é mais um dos que sofrem com as enchentes (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)
Embora os piscinões sejam utilizados como solução para os alagamentos nas regiões urbanas, especialistas alertam sobre os danos à saúde pública e pouca eficácia de vazão. O engenheiro civil e especialista em engenharia hidráulica, sanitária e ambiental Júlio Cerqueira César Neto, explica que os piscinões são dispositivos paliativos, e que mesmo com sua parcela de solução para o problema, não há mais espaço físico e nem a quantidade necessária para evitar as enchentes na cidade. “Os piscinões são estratégia de prevenção de enchentes há muito tempo. O que veremos aí nos próximos anos é uma situação pior do que a de hoje, pois temos cada vez menos eficiência na drenagem e um crescente nível de urbanização. O ideal é focar os esforços em obras de galerias e abandonar a ideia de construir piscinão que, por exigir espaço em um local já muito urbanizado, também pode ser considerado como um problema ambiental”, diz o engenheiro que explica que para evitar as enchentes, seriam necessários 134 piscinões, e que foram construídos apenas 40.
César Neto salienta que os piscinões não deveriam ser construídos em zonas urbanas, “por se tratar de um dispositivo de canalizações de águas pluviais, que não são pluviais, e que na verdade criam um esgoto a céu aberto dentro de uma região urbanizada, que se tornam criadouros de mosquitos transmissores de diversas doenças” e relembra que o prefeito prometeu esforços para as obras das galerias da avenida Pompéia, do córrego Água Preta. “No bairro Sumaré, todo ano há enchente. Isso é gravíssimo. Essa obra é importante, mas, mesmo que iniciassem agora as obras, seriam necessários dois anos para que elas fossem finalizadas. O grande problema da gestão do prefeito é que ele não considera as enchentes como ação prioritária”, conclui.
Da execução orçamentária da prefeitura de 2011, Kassab reservou apenas 22% da verba para combate a enchentes, e gastou apenas 8,3% desse montante. Em valores reais, o prefeito gastou somente R$ 57,1 milhões de um total de R$ 683 milhões destinados a planos de prevenção de enchentes.
Para o ano que vem, Kassab promete obras de melhoria na drenagem urbana, em grande parte, até dezembro de 2012, mas o andamento de cada obra deixa dúvidas sobre o prazo para a entrega definitiva. As obras para a ampliação das galerias pluviais na bacia do córrego Verde ainda estão em fase de elaboração de licenciamento ambiental. A Siurb informou também que a prefeitura pretende construir o piscinão Abegoária, para combater a inundação nas ruas da região de Pinheiros, como a Harmonia e Medeiros de Albuquerque. De acordo com a secretaria, “o piscinão irá armazenar a água que chega do córrego Verde, mais a água superficial, evitando que inundem a parte das ruas mais baixas da região”. Porém, antes da construção do piscinão, conforme a agenda de metas de Kassab, haverá as fases de licenciamento ambiental, fundação, estrutura, acabamento e adequação das obras do córrego Verde.