A grandeza política: do cidadão anônimo a Geraldo Alckmin

Na quarta-feira (23/03) em cerimônia de filiação no PSB, um dos – até então – adversários históricos de nosso partido,Geraldo Alckmin, se rendeu a uma verdade que, aos poucos, mais uma vez, vai se esparramando por todo o país e referindo-se a Lula disse:

“Ele é hoje aquele que melhor reflete,interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro.
Não tenho dúvida, se Deus quiser, que o Presidente Lula,eleito,vai reinserir o Brasil no cenário mundial;vai alargar,alargar o horizonte do desenvolvimento econômico e vai diminuir esta triste diferença social”.

Simples,assim.Geraldo Alckmin,com isso, demonstra enxergar bem a luta que se avizinha e é suficientemente humilde e maduro para reconhecer em Lula, seu ex-adversário, como o centro político para o qual converge as aspirações populares.

E este reconhecimento exposto por Geraldo Alckmin é, no fundo, o mesmo reconhecimento que cidadãos de classe média ou pobres e que outrora abraçaram o bolsonarismo,hoje, reconhecem que se enganaram e creditam a Lula, a necessidade da reconquista da qualidade de vida perdida.

O que difere este reconhecimento sincero feito pela cidadão anônimo daquela sinceridade externada por um homem público como Geraldo Alckmin?Nada.Não há diferença. Ambos agiram com grandeza política.E foram capazes de reconhecer o erro.E quem nunca errou, (e)leitor?Pense você mesmo,(e)leitor, em qualquer aspecto de sua vida: das decisões tomadas ou daquelas que deveria ter tomado e não tomou.

No entanto, para superar o erro é preciso ter coragem.É necessário que cada um olhe para a frente.É imprescindível sacudir o pó acumulado do passado, arregaçar as mangas e se dispor, a se dar uma nova chance para recomeçar,renovado, a partir de um novo ponto de referência ou das convicções anteriores, mas revisitadas, de forma crítica, o que em psicologia se chama ressignificar, isto é, olhar coisas antigas com um novo olhar, em termos políticos: ser humilde para reconhecer que, a unidade de amplas forças é indispensável para conter, no Brasil, o avanço do fascismo neoliberal à lá Bolsonaro.

Seja por um conteúdo político assim explícito, seja pelo conteúdo político implícito que há em perceber que: a vida está mais difícil, afinal não só a gasolina, mas também o arroz e o feijão estão mais caros, e portanto, o fato é que a compreensão do erro por decisões tomadas anteriormente implica, de qualquer maneira, em evidente grandeza política, quer seja do cidadão anônimo, quer seja de Geraldo Alckmin ou qualquer outra personalidade.

Aliás, é o mesmo arrependimento que se deve esperar, que cada vez mais, aumente por meio do crescimento da quantidade de cidadãos e cidadãs, que ao serem, por nós, petistas, conscientizados possam,então, bem comparar os governos de Lula e Bolsonaro, enquanto ainda há tempo de tomarem a decisão acertada que é: se reconciliarem, enquanto brasileira(o)s, com o projeto político-partidário identificado com Lula e ajudá-lo engrossando o campo cada vez maior, daqueles que se convencem ou são convencidos, de que a unidade de forças para derrotar Bolsonaro é um caminho não só sensato,responsável e justo, mas,sobretudo, necessariamente irreversível.

Aliás, em termos de grandeza política o PT é o maior partido de esquerda da América Latina.

Mas, não é apenas em termos da quantidade de filiados que se dimensiona a grandeza política de nosso partido.

A grandeza política também se constata nas tomadas de decisões, que não podem estar envenenadas ou contaminadas com o rancor do passado, seja ele recente ou distante.

Por isso, ao se libertar de todo pré-conceito ou contendas antigas que se justificavam em outros cenários, ao permirtir-se esta abertura para,no presente – ao que tudo indica – recepcionar em uma eventual chapa, para o bem do Brasil, a candidatura a vice-presidente de Geraldo Alckmin, o Partido dos Trabalhadores sinaliza já ser portador daquela grandeza política,que chega,inclusive,a desconcertar a própria grande imprensa, pela inusitada e mal compreendida aliança, que aos poucos, irá não só aprender a digerir, mas também a aceitar o fato de que nossa tática eleitoral não é subordinada a seus interesses mesquinhos.

Logo, diante de um adversário perigoso e autoritário como Bolsonaro e que tem ainda até uma expressiva base de apoiadores.Considerando-se, o recuo dos direitos sob este governo tirânico, o grau de aprofundamento da miséria, da fome e do desemprego.

Além disso, considerando-se a sabotagem do governo de Bolsonaro que atenta contra a soberania do Brasil e o retrocesso dos valores humanistas que Bolsonaro representa.

Por tudo isto, urge que se deixe o passado para trás que é onde deve ficar.É fundamental que se pense olhando o retrovisor, mas enxergando,nele, sobretudo, o futuro; é imprescindível que desavenças políticas episódicas sejam conciliadas e, portanto, superadas para a realização de um projeto político maior: o projeto político de libertar o país de Bolsonaro; para que, então, seja possível Reconstruir e Transformar o Brasil.

Inúmeros cidadãos e cidadãs anônimos, assim, como Geraldo Alckmin, já deram este passo decisivo para o bem do Brasil; muitos outros, já ensaiam – ainda que timidamente – este passo firme, decisivo, sem titubeios, pragmático, prenhe, de realismo político, que é o que é preciso agora, neste momento histórico conturbado de nossa vida nacional, pois, é a teoria que deve se ajustar a realidade e não o contrário.Este passo pragmático é,portanto, vital.

É algo irreversível. É algo urgente para que o amor possa frutificar na esperança de um outro Brasil. E a única exigência é que se tenha grandeza política. E teremos porque, enquanto nação, somos “gigantes pela própria natureza”.

por Charles Gentil, presidente do Diretório Zonal PT do Centro,

O artigo publicado é de responsabilidade do autor

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