“A COP30 será nossa última chance”, afirma Lula, no G20

Ricardo Stuckert

Em seu discurso de abertura da 3ª sessão do G20, sobre desenvolvimento sustentável e transição energética, o presidente Lula chamou a atenção da comunidade internacional, destacando que a COP30, marcada para 2025 em Belém, será a última oportunidade para evitar uma ruptura irreversível no sistema climático. Com uma fala direta e enfática, cobrou um compromisso coletivo e ações imediatas para reverter os efeitos da crise ambiental, com ênfase na responsabilidade dos países desenvolvidos e na urgência de um novo modelo de governança internacional.

Lula iniciou sua intervenção alertando que, após três décadas da criação das Convenções-Quadro da ONU sobre Mudança Climática, Biodiversidade e Desertificação, o mundo vive uma realidade cada vez mais marcada por desastres naturais. “Os esforços empreendidos até aqui contribuíram para evitar um cenário pior. Mas temos que fazer mais e melhor“, afirmou. Ele apontou que o Protocolo de Quioto e a COP15 em Copenhague, que quase desmoronaram o regime climático global, são exemplos de falhas do sistema internacional que precisam ser corrigidas com urgência.

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“A COP30 será nossa última chance”

Lula destacou que a COP30, em Belém, será o momento derradeiro para garantir que os compromissos sejam cumpridos e a temperatura global não ultrapasse 1,5°C. “Será nossa última chance de evitar uma ruptura irreversível no sistema climático”, afirmou. O presidente frisou que o G20, responsável por 80% das emissões de gases de efeito estufa, precisa liderar o esforço. E chamou a atenção para a importância de uma maior ambição por parte dos países desenvolvidos, propondo que suas metas de neutralidade climática sejam antecipadas para 2040 ou 2045, em vez de 2050. “Sem a ação imediata das economias mais ricas, será impossível atingir os objetivos do Acordo de Paris”, alertou.

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O Brasil na vanguarda da luta climática

Em um tom mais otimista, o presidente lembrou os avanços do Brasil em relação à sustentabilidade e ao combate ao desmatamento. O país, segundo Lula, já é líder em fontes de energia renováveis, com 90% de sua eletricidade proveniente de fontes limpas, e mantém uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. Ele também anunciou que o Brasil comprometeu-se a reduzir suas emissões de 59% a 67% até 2035, comparado a 2005. “A maior parte virá da queda do desmatamento, que caiu 45% nos últimos dois anos”, disse, reforçando que estamos no caminho de erradicar o desflorestamento até 2030.

Lula aproveitou para pedir que o mundo reconheça “o papel desempenhado pelas florestas e valorize a contribuição dos povos indígenas e das comunidades tradicionais”. E também citou o apoio do G20 ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre, uma iniciativa que visa remunerar países em desenvolvimento que mantêm suas florestas preservadas.

Uma governança climática mais forte

O presidente também afirmou que a criação de uma governança climática mais forte e eficaz é essencial para enfrentar a crise ambiental. “Não faz sentido negociar novos compromissos climáticos sem ter um mecanismo eficiente para acelerar a implementação do Acordo de Paris”, ressaltou. E sugeriu a criação de um Conselho de Mudança Climática na ONU, para unificar os esforços globais e garantir que todos os mecanismos e processos existentes trabalhem de forma coordenada e eficiente.

Ao encerrar seu discurso, Lula fez um apelo por uma ação global coordenada. “Mesmo que não derrubemos mais nenhuma árvore, a Amazônia continuará ameaçada se o resto do mundo não cumprir a missão de conter o aquecimento global”, afirmou. O presidente reiterou que a luta contra as mudanças climáticas é uma responsabilidade coletiva e que a COP30 em Belém precisa ser “a da virada”, onde as nações finalmente assumirão as responsabilidades de proteger o planeta para as futuras gerações.

Da Redação  

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