Desde o início da privatização das rodovias estaduais, em 1998, foram criados 112 pontos de cobrança nas estradas, o equivalente a cerca de uma nova praça a cada 40 dias.
Hoje, o Estado de São Paulo concentra mais da metade dos pedágios do Brasil. São, ao todo, 160 pontos de cobrança em vias estaduais e federais, ante 113 no resto do país, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).
E as altas tarifas cobradas tornaram mais caro viajar de carro entre as cidades paulistas do que para outros Estados brasileiros. Cruzar de carro, por exemplo, os 404 quilômetros entre a capital paulista e Curitiba, no Paraná, custa R$ 9 em tarifas. Já para cobrir distância semelhante até Catanduva, por exemplo, é preciso desembolsar R$ 46,70.
Segundo estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2007, o pedágio estadual é um dos mais caros do mundo, superando autoestradas da Europa e dos EUA. Hoje, a média é de R$ 0,14 por quilômetro.
Isso se explica, em parte, pelo modelo adotado no programa de concessões adotado pelos tucanos em SP. As licitações, em 1998 e 2008, levaram em conta o montante que as empresas ofereciam ao Estado para ter a concessão, a chamada outorga onerosa. A contrapartida é o alto valor repassado aos motoristas.
Já o modelo adotado pelo governo federal dá a concessão àquele que oferecer a menor tarifa. O benefício é o preço mais baixo.
Absurdo
Com um investimento de R$ 60 mil, o agricultor Pedro Wolf montou no bairro Helvetia, em Indaiatuba, uma moderna estufa para plantar e comercializar violetas. O negócio ia bem até 2007, quando foram instalados na localidade bloqueios de pedágio, e os clientes passaram a pagar para entrar e sair, hoje o equivalente a R$ 17,60.
Assim como Wolf, outros habitantes da região se sentem prejudicados pela instalação do bloqueio, que, segundo eles, afetou a economia e afastou visitantes. A barreira dividiu ao meio a comunidade. Com isso, é preciso pagar até para ir à missa.
Ainda mais caros
As tarifas ficarão mais caras a partir de 1º de julho, por autorização da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).
O Movimento Estadual Contra os Pedágios Abusivos já anunciou mobilização para uma série de atos em, pelo menos, seis cidades, contra o novo aumento.
Os reajustes vão variar de 4,18%, para as concedidas entre 1998 e 2000, a 5,21%, para as que passaram à iniciativa privada entre 2008 e o ano passado. Os pedágios afetam diretamente os moradores de 242 municípios paulistas cortados por estas rodovias. Fazem parte do primeiro grupo rodovias como Anhanguera, Bandeirantes e Imigrantes. No segundo estão, por exemplo, as rodovias Dom Pedro I e a Rodovia do Açúcar.
por: PT Alesp Com informações do Jornal da Tarde