Revista Carta Capital –
Data: 11/01/2012
A Semana CRACOLÂNDIA São Paulo enfrenta o vício sem respeitar direitos humanos elementares NA CAPITAL PAULISTA, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab deram sinal verde a urna operação da Polícia Militar para ocupar a região conhecida desde o inicia dos anos 90 como Cracolândia.
Otal plane, como bem sintetizou a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania de São Paulo, pela Coordenação de Políticas sobre Drogas, está baseado na dor e no sofrimento” dos dependentes de crack.
Os dependentes, como se sabe, ocupa m uma área-alvo de reurbanização e objeto de especulação imobiliária, com incentivos fiscais aos interessados em investimentos. A Polícia Militar, já nas ruas, terá a tarefa de evitar a oferta do crack ao dependente e, caso escape o controle, não permitirá o uso na Cracolânc ia. Usuários sem acesso à droga entrarão na fase conhecida no campo médico por abstiiência produtora de sofrimentos e perturbações mentais. Ai buscarão , na visão distorcida dosgover nos municipal e estadual, a rede de saúde para tratamento. Em outras palavras, busca-se, pela tortura, uma eventual corridado dependente às autoridades sanitárias, que ainda não possuem um posto de atendimento na Cracolândia. É a segunda vez que São Paulo fere elementares princípios de direitos humanos. Na primeira, usuários foram conduzidos à força para desintoxicação. Agora usa-se a tortura indireta. Como alerta o especialista Marcelo Ribeiro, a estratégia não tem lógica. “A sensação de fissura provocada pela abstinência impede que o usuário tenha consciência de que precisa de ajuda. Ela causa outras reações , a começar pela violência.” Na Europa e nos EUA, são utilizadas eficazes políticas sociossanitárias com respeito a direitos humanos. Por exemplo, os centros de acolhimento e as salas seguras de uso, que facilitam as ações dos agentes de saúde pública. Aliás. esse tipo de política é aprovado por Barre Simousse, vencedora do Nobel de Medicina. Em resumo, a prefeitura começou com a internação compulsória e migrou para a tortura disfarçada. O governo do estado e o Tribunal de Justiça embarcaram na onda do sofrimento. Até o fechamento da edição nem o ministro da Saúde nem a secretária da pasta de Direitos Humanos se manifestaram sobre o projeto. Arcaico. Para o governo, a crise de abstinéracia fará os viciados procurarem ajuda