2º Levantamento sobre a situação do crack nos municípios paulistas

No decorrer do ano de 2012, gestores públicos de 299 municípios, onde se concentram 74% da população do estado (32 milhões de pessoas), responderam, por meio eletrônico, um questionário com treze perguntas enviado pela Frente Parlamentar no início do ano. No levantamento anterior a abrangência populacional foi de 76%, com 325 cidades participantes.

Por Imprensa PT Alesp
Quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Pelo segundo ano consecutivo a Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas da Assembléia Legislativa de São Paulo realizou levantamento sobre a situação do crack e outras drogas nos municípios paulistas.

Os dados apresentados são referentes ao ano de 2011. No decorrer do ano de 2012, gestores públicos de 299 municípios, onde se concentram 74% da população do estado (32 milhões de pessoas), responderam, por meio eletrônico, um questionário com treze perguntas enviado pela Frente Parlamentar no início do ano. No levantamento anterior a abrangência populacional foi de 76%, com 325 cidades participantes.

Assim como no primeiro levantamento apresentado em setembro de 2011, o resultado deste novo trabalho, agora mais detalhado, é extremamente preocupante.

A análise dos dados aponta que o crack continua na liderança entre as drogas ilícitas. É a droga mais presente nos atendimentos do sistema público de saúde de 47% dos municípios participantes. No levantamento anterior, 31% dos participantes citaram o crack como droga mais presente nos atendimentos.

A exemplo do levantamento anterior, municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes são os que mais sofrem com o problema.

No levantamento atual a Frente perguntou sobre o número de usuários de crack atendidos no sistema público de saúde. Resposta: no total, os municípios atenderam no ano passado 50.511 pessoas envolvidas com crack, o que significa 1,63 atendimentos por grupo de mil pessoas.

Em cidades de 50 a 100 mil habitantes, chega-se a 3,39 atendimentos por grupo de mil pessoas.

Do total de atendimentos, 5.676 eram usuários com até 18 anos de idade, o que significa que eles representam 18% do total de atendimento no estado.

Verifica-se que em cidades com população entre 5 mil e 50 mil habitantes, o percentual de jovens usuários de crack até 18 anos é maior, sendo 25% e 22% respectivamente.

Ainda no que se refere à faixa etária dos usuários de crack que procuram o sistema público para tratamento, nota-se que, em média, 6% dos atendimentos envolvem menores com até 13 anos de idade. Esse percentual sobe para 11% em cidades de 5 mil a 100 mil habitantes.

No levantamento anterior 3% das citações referiam-se a menores entre 9 e 15 anos de idade. No entanto, a questão referia-se a dependentes químicos de um modo geral.

Já os atendimentos a jovens com até 20 anos de idade representam 27% do total. A pesquisa revela que a maioria dos usuários de crack encontra-se na faixa de 21 a 30 anos de idade (40%).
No levantamento anterior a faixa etária principal dos dependentes químicos (todas as drogas) era de 16 e 35 anos de idade.

CRACK E ÁLCOOL
Em 9% das cidades do estado de São Paulo o sistema público de saúde atendeu em 2011 mais pessoas envolvidas com o crack do que com álcool.

No total são 58 cidades, sendo que 75% delas têm até 100 mil habitantes. O levantamento anterior já havia detectado esta situação, porém não havia conseguido números como agora.

Preocupa ainda o fato de 54% dos municípios participantes terem afirmado que não implantaram ações de combate às drogas em 2011. A maioria deles com população até 5 mil habitantes.

Por outro lado, quando questionados sobre implantação de equipamentos públicos específicos para o atendimento a dependência química (como CAPS AD, por exemplo) 64% alegaram que não implantaram equipamentos em 2011.

No que tange aos conselhos municipais antidrogas, os dados encaminhados indicam que eles estão ativos em 24% dos municípios participantes. Este percentual é ainda mais baixo nos municípios com menor densidade populacional, tendo como exemplo os municípios com população até 5 mil habitantes, onde apenas 6% (04 municípios de 68 participantes), indicaram possuir conselho municipal antidrogas ativo no ano de 2011.

INVESTIMENTO EM COMUNIDADES TERAPÊUTICAS
Dos 299 municípios que responderam o questionário, 39% investiram recursos financeiros através de convênios com as comunidades terapêuticas. No levantamento anterior eles eram 37%. No total, 15.095 usuários de drogas receberam tratamento em entidades.

A soma de valores investidos por estes municípios em convênios que atendem aos dependentes químicos ultrapassou R$ 14 milhões em 2011, segundo informaram os gestores.

As dez cidades que mais investiram foram São Carlos, Jundiaí, Marília, Paulínia, Barretos, São Paulo, Bauru, Vinhedo, Araçatuba e Campinas. Em relação ao levantamento anterior, nota-se que os municípios passaram a utilizar mais os serviços das entidades no atendimento aos dependentes químicos.

REINCIDÊNCIA NO SISTEMA PÚBLICO
A reincidência no tratamento dos dependentes químicos realizado pelo sistema público continua alta, a exemplo do levantamento anterior. Das cidades participantes, 52% afirmaram que a reincidência é superior a 50%.

Já os municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes apresentam uma reincidência ainda maior, alguns chegando a 90%. No que se refere ao álcool, a situação da reincidência no tratamento é praticamente a mesma.

Este levantamento é uma contribuição dos deputados da Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas para o aprofundamento do debate e a construção de estratégias para enfrentar este grave problema de saúde pública que atinge toda a sociedade, indistintamente.

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