236% X 0,01%: a lógica dos reajustes de Kassab

Enquanto subprefeitos comemoram 236% de aumento, 14 mil servidores devem receber 0,01%

Por SPRESSO SP

Nesta segunda, 12, foi realizada na Câmara Municipal a segunda audiência pública sobre a Proposta Orçamentária de 2012 (Projeto de Lei 479/2011). O reajuste salarial dos servidores foi a principal reivindicação apresentada pelos mais de 150 participantes que lotaram a Casa.

De acordo com a proposta do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do total do Orçamento de R$ 38 bilhões para o ano que vem, R$ 13 bilhões estão destinados ao funcionalismo. Porém, na audiência, o secretario de Planejamento, Orçamento e Gestão, Rubens Chamas, reforçou que o governo municipal já contemplou alguns setores neste ano.

Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep), Irene Batista, cerca de 14 mil funcionários da prefeitura deverão receber 0,01% de aumento.

Entre os setores que tiveram reajuste, estão os subprefeitos e cargos de chefia comissionados, como secretários-adjuntos, subprefeitos e dirigentes de fundações e de autarquias, que chegam a 236% de aumento. Os salários dos 31 subprefeitos da cidade, por exemplo, passarão de R$ 6,5 mil mensais para cerca de R$ 19,2 mil mensais a partir de 1º de janeiro de 2012. Um chefe de gabinete de uma secretaria terá o salário elevado de R$ 5,4 mil para R$ 17,3 mil.

“Esse aumento [dos subprefeitos e cargos em comissão] é muito desigual, cria problemas no quadro organizacional, no corpo técnico das subprefeituras”, afirma o vereador Donato (PT). Os cidadãos também não vêem com bons olhos reajustes tão altos assim.

10 anos de defasagem, diz sindicato

De acordo com Irene, um levantamento do Dieese apontou que os servidores de São Paulo tiveram 39,79% de perdas salariais até dezembro de 2010. Em fevereiro deste ano, o sindicato entregou sua pauta de reivindicações à prefeitura. Com a falta de um acordo, as perdas em novembro chegavam a 47%, conforme relatou a sindicalista.

Irene explica que para os funcionários específicos de saúde, a prefeitura apresentou a proposta de 11,23%, os professores também tiveram reajuste de forma parcelada. “O orçamento de 2012 trata de pessoal, mas não fala se existe verba para reajuste no ano que vem.” “Ou seja, será a mesma coisa, depois o prefeito diz que a culpa pela sua baixa aprovação é nossa”, diz ela.

Pesquisa Datafolha, realizada do dia 7 ao dia 9, mostrou que só 20% dos paulistanos aprovam a atual gestão, como ótima ou boa. O menor índice que o prefeito Kassab teve em seu segundo mandato.

 

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