O Brasil viveu um de seus momentos mais constrangedores diante da comunidade internacional durante a 25ª Conferência das Partes, instância máxima da ONU sobre mudanças climáticas, conhecida como COP-25, que aconteceu entre os dias 1 e 14 de dezembro em Madri, Espanha.
Depois de Jair Bolsonaro levar o Estado brasileiro a voltar atrás sobre o compromisso assumido de sediar o evento, seu ministro Ricardo Salles se comportou um negociador do mercado financeiro, e não como representante de estado.
O ministro de Bolsonaro deixou claro a todos os países membros da ONU que não tem a menor ideia de como se dão as negociações, dizendo coisas inapropriadas e fazendo gestos extremamente embaraçosos, como pedir dinheiro em reuniões que não tratavam deste assunto, conforme relatou a imprensa.
Relatórios científicos alertam para a possibilidade de mais 120 milhões de pessoas descerem à linha de pobreza por consequência das mudanças climáticas, de milhões morrerem pela fome, de quase 2 bilhões de seres humanos enfrentarem escassez hídrica e para o perigoso aumento do nível do mar. Enquanto o mundo prende a respiração diante dessa perspectiva, o Brasil foi recebeu o título de “Fóssil do ano”, atribuído por acadêmicos e ONGs ao país que mais atrapalhou os avanços nas negociações sobre o clima.
Em 2014, com Dilma na presidência, o Brasil foi premiado pela ONU por ter reduzido em 80% o ritmo da derrubada de florestas. Criamos o Fundo Amazônia, por meio do qual o país recebeu cera de R$3 bilhões da Alemanha e Noruega para apoiar os esforços contra o desmatamento. Além de ter incentivado as queimadas por diversos meios, o governo de Bolsonaro e Salles dispensou a cooperação daquele Fundo, por ignorância, belicosidade e preconceito ideológico.
Ricardo Salles, que durante a COP recebeu a notícia de que terá seu impeachment julgado pelo STF, atuou de forma desastrada, como um negociador do mercado de carbono e sabotou deliberadamente as negociações por um avanço global na defesa do meio ambiente. Pela primeira vez num encontro de alto nível o Brasil não teve um espaço próprio e os representantes do governo fugiam da imprensa e da comunidade científica.
O país mais biodiverso do planeta, que durante os governos petistas assumiu ainda maior protagonismo por voluntariamente propor metas nunca antes assumidas por um país em desenvolvimento, foi alvo de críticas de dezenas de outros países. Relatórios apontaram o Brasil como “uma ameaça à vida humana”, painéis demonstravam o aumento do desmatamento na Amazônia e eventos paralelos denunciavam o assassinato de lideranças indígenas, enquanto o Ministro do Meio Ambiente tentava fazer negócios.
Bolsonaro, que tratou como “pirralha” uma das mais destacadas lideranças da causa ambiental na atualidade, a jovem sueca Greta Thunberg, viu o Brasil ser rebaixado à condição de verdadeiro pária na comunidade internacional.
O governo Bolsonaro saiu da COP sem ter conquistado um centavo para ações ambientais no Brasil, diferentemente de países como a Colômbia que, para ações uma área amazônica bem menor que a brasileira, recebeu de outros países apoio equivalente a R$1,5 bilhão, por ter assumido claros compromissos ambientais.
O PT esteve presente nesta Conferência ao lado da sociedade civil e de outros agentes partidários comprometidos com a democracia, dizendo à comunidade internacional que, apesar do atual governo, o Brasil e seu povo estão comprometidos com a vida, em todas as suas formas.
Voltamos deste encontro mundial dispostos a transformar toda essa vergonha em vontade de trabalhar ainda mais pelo país. Reforçamos que a Transição Ecológica e as metas para uma economia com baixa emissão de gases, aliada ao desenvolvimento social, sinalizados no Plano de Governo Lula-Haddad 2018, segue sendo um compromisso do PT.
Ao lado dos povos indígenas, quilombolas e outros povos tradicionais, em acordo com a comunidade científica brasileira e de todo o mundo, e sempre em apoio aos movimentos sociais e populares seguiremos em luta por um Brasil mais justo e sustentável, socialmente e ambientalmente.