“Temos uma meta que é marcar mil gols que vão ser a construção de mil institutos federais no Brasil para resolver definitivamente o problema da educação”. Com essa fala o presidente Lula concluiu seu discurso no lançamento oficial, nesta terça-feira (12), dos 100 novos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) em todo o Brasil até 2026.
O governo federal está destinando R$ 3,9 bilhões para a expansão da rede que hoje conta com 682 institutos federais (IFs) e 1,5 milhão de alunos. Cada nova unidade oferecerá 1.400 mil novas vagas.
“Desde 1909, quando Nilo Peçanha fez a primeira escola técnica em Campos de Goytacazes no Rio de Janeiro, até 2003 quando eu assumi a Presidência da República, foram feitas 140 escolas técnicas no Brasil e nós, com essas 100, vamos ter até agora 782 novas escolas técnicas”, destacou o presidente em seu discurso no Palácio do Planalto diante de dezenas de estudantes secundaristas.
Lula fez questão de enfatizar a importância das jovens terem uma profissão para terem renda e conquistarem sua independência.
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“Para a mulher, a formação tem uma coisa mais importante e mais valiosa. A mulher nasceu para fazer o que ela quiser fazer e trabalhar fora de casa é uma oportunidade. Quando a mulher tem uma profissão e tem um salário, ela pode custear a vida, não vai viver com homem que não goste dela. É importante que você estude, tenha uma profissão e ande de cabeça erguida na rua, porque mulher não é inferior a nenhum homem e muitas vezes é mais competente, é mais inteligente e tem muito mais coragem que um homem”, destacou.
Ao lembrar da decisão que tomou em 2003 de que dinheiro para educação é investimento, e não gasto, Lula salientou que educação é o mais importante iniciativa que um país pode fazer e alertou os jovens que o mais valioso que os pais podem deixar de herança é a formação profissional.
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“É um instituto federal, uma universidade, é a liberdade que vocês vão conquistar com uma formação, por isso não percam esta oportunidade. Criamos o Pé de Meia para que a gente evite que adolescentes desistam da escola porque precisam trabalhar. Vamos dar dinheiro para os estudantes porque nós queremos que vocês estudem, que vocês sejam motivo de orgulho do pai e da mãe de vocês”, assinalou.
Educação, uma profissão de fé
O presidente lembrou ainda que desde 2004 o que mais o encanta quando viaja pelo país são os pedidos de escolas técnicas e universidades.
“Talvez pelo fato de eu não ter diploma universitário é que eu gosto tanto de educação. Eu fiz quase que uma profissão de fé: quero que os filhos dos trabalhadores tenham aquilo que os filhos da elite têm. Eu quero que o filho do pobre tenha o direito de fazer uma universidade, quero que a menina pobre negra da periferia possa ser médica, pode ser dentista pode ser enfermeira, possa ser filósofa, possa ser o que ela quiser. Esse é o país que estamos construindo”, exaltou Lula.
O evento teve também a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, dos ministros da Casa Civil, Rui Costa; da Educação, Camilo Santana, além de senadores, deputados e dos governadores Jerônimo Rodrigues, da Bahia; Raquel Lira, de Pernambuco; prefeitos, da presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Jade Beatriz, e da presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) Manuela Mirella.
Recursos para a consolidação dos IFs
Para o ministro Camilo Santana, os institutos federais são uma das mais exitosas políticas públicas da educação do Brasil, com investimento de R$ 2,5 bilhões para a construção dos novos institutos federais e mais R$ 1,4 bilhão para consolidação das unidades já existentes.
Os 100 novos IFs no mínimo terão que oferecer 80% das matrículas para o ensino técnico profissionalizante, revelou o ministro, superando a determinação legal de oferta de pelo menos 50% das vagas para matrículas da educação técnica profissional. Camilo Santana lembrou que uma das primeiras ações de Lula em seu terceiro mandato foi reconstruir várias políticas públicas desmontadas nos últimos anos.
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Ele destacou a reposição orçamentária das universidades e institutos federais, o reajuste da merenda escolar após seis anos e a volta do diálogo do Ministério da Educação com estados e municípios
“Temos desafio enorme: queremos uma escola que um jovem a criança tenha vontade de ir para a escola, que seja acolhedora”, salientou, ao revelar que até o final de março o presidente estará entregando os cartões do programa Pé de Meia para alunos do ensino médio.
IFs são modelo único no mundo, diz reitor
Elias Monteiro, reitor do IF Goiânia e presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, parabenizou o presidente Lula pela ampliação e melhoria da educação no Brasil.
“Tínhamos certeza que a educação voltaria a ser prioridade neste terceiro mandato e hoje isso se concretiza”, assinalou, ao pontuar que os IFs são a maior e mais bem sucedida política pública em educação “que esse país já viu. Ouso dizer que somos um modelo único no mundo que tem sido cada vez mais referenciada”, afirmou, ao fazer um relato da transformação de forma “profunda e irreversível” das comunidades com a chegada de um IF.
Lucielle Laurentino, hoje prefeita de Bezerros (PE), que foi aluna de uma escola de tempo integral criada há 20 anos e que hoje sonha ser transformada num IF. “Foi essa escola que me abriu as portas do mundo”, revelou, ao dizer que é professora de geografia e mestra em engenharia ambiental.
Em nome dos estudantes, a aluna do IF Brasília, campus São Sebastiao, Marisa Torres, destacou que os Ifets permitem à juventude ter sonhos e pediu ao governo garantia de alimentação, transporte e condições para os estudantes seguirem os estudos.
Campi por todo o Brasil
Os institutos federais são instituições especializadas na educação profissional e tecnológica, oferecendo também educação básica e superior. Os cursos são gratuitos. Os IFs constituem a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, criada em 2008. Atualmente, a rede federal conta com 38 institutos federais, dois centros federais de Educação Tecnológica (Cefets) e o Colégio Pedro II, além de escolas técnicas ligadas a universidades federais, segundo a Agência Brasil.
Cada uma destas instituições é composta por campi que atuam como unidades descentralizadas de ensino, dessa forma, o ensino das IFs chega a mais locais. Atualmente, o país conta com 682 unidades com mais de 1,5 milhão de estudantes matriculados tanto nos grandes centros quanto no interior do país.