Começo por manifestar a minha desaprovação à morte ou sequestro das populações civis de palestinos e judeus. Também manifesto a minha solidariedade ao povo judeu que sofreu o holocausto nazista durante a segunda Guerra Mundial e por óbvio a minha condenação ao Nazismo e seus próceres. Mas quero também prestar a minha solidariedade ao povo palestino em Gaza que sofre o holocausto promovido pelo Estado colonialista de Israel, e minha veemente condenação aos seus atos genocidas que em nada difere do nazismo alemão.
A estratégia de Israel é clara: desumanizar os palestinos, negar sua existência, aniquilar por via do terror, da fome, da sede, do poder das armas, do cerco territorial em forma de apartheid, e do absurdo massacre midiático até fazê-los desaparecer do mapa como mostrou Benjamin Netanyahu, Primeiro-Ministro de Israel, na reunião das Nações Unidas em 22 setembro de 2023, ao exibir um mapa do “Novo Oriente Médio sem a Palestina”.
Os palestinos vêm sendo agredidos e mortos pelo sionismo desde que os judeus chegaram na Palestina em 1917 pela declaração de Balfour (documento em que os britânicos se comprometeram a criar um lar para os judeus).
A fundação do Estado de Israel em 1948 ocupou 78% do território palestino obrigando 750 mil ao exílio no seu próprio território. Desde então Israel invade mais e mais o seu território, desrespeita as resoluções da ONU o que o torna um Estado criminoso que pratica o terror e conta com apoio irrestrito dos EUA.
O Hamas foi eleito pelo povo palestino em 2006 em eleição acompanhada por organismos internacionais, que reconheceram a legitimidade do pleito. Desde então vários conflitos ocorreram entre Israel e Hamas, e todos os pleitos foram cancelados por decorrência disso.
O ataque no dia 7 de outubro foi o maior contragolpe desferido por organizações palestinas contra o Estado de Israel até hoje, desde a Guerra do Yom Kippur de 6 a 26 de outubro de 1973. Suas consequências e desdobramentos ainda não sabemos.
Existe uma grande apreensão de sua escala envolvendo países árabes e muçulmanos com potencial para se tornar a terceira guerra mundial.
Acredito que o Hamas teria alguns objetivos ao planejar e desferir esse ataque, os quais seriam:
Primeiro: Afirmar a autoridade do Hamas diante da comunidade palestina.
Segundo: Expor as fraquezas do Estado de Israel que goza da fama de invencível e intransponível diante da comunidade Internacional e em particular dos povos Islâmicos.
Terceiro: Deslegitimar as soluções diplomáticas que estão em curso sem a participação dos palestinos como no acorde de Abraão, patrocinado pelos EUA, que visa silenciar a causa palestina e retirá-los do mapa do Oriente Médio.
Quarto: Elevar a solidariedade da causa palestina no mundo, sobretudo nos países árabes e islâmicos.
Quinto: Mostrar a capacidade operativa militar do Hamas em guerra assimétrica.
Sexto: Aproveitar a reconfiguração geopolítica do mundo para afirmar a criação de um Estado palestino independente, e reconquistar os territórios roubados pelo sionismo.
Há quem diga que a inteligência de Israel falhou. Há quem diga que subestimaram a capacidade do Hamas. Há quem diga que o governo de Netanyahu negligenciou as informações para abrir uma crise política e escalar a agressividade contra palestinos, obrigando um envolvimento do mundo islâmicos e provocar a guerra contra o Irã que, mesmo não possuindo bomba nuclear, tem a maior força armada no oriente médio com armas e tecnologia militar de alta complexidade e uma forte indústria bélica.
O Irã tem capacidade para fechar o estreito de Ormus, impendido o transporte de petróleo do oriente médio, o que causaria uma pane energética na Europa já afetada pela guerra da Ucrânia.
A escalada do conflito em Gaza tem, além de uma crise humanitária com extermínio do povo palestino em curso, o acirramento da disputa geopolítica mundial que se desloca da Ucrânia para o Oriente Médio.
O Brasil que hora preside o conselho de segurança da ONU trabalha ativamente para aprovar um cessar fogo, adotar medidas humanitárias, enfrenta a recusa das potências imperialistas que tem poder de veto e não aceitam condenação de Israel e querem condenar os palestinos ao seu próprio extermino.
Não haverá saída sem o reconhecimento do Estado palestino e medidas reais de sua viabilização.
Francisco Chagas – Vice-presidente do PT de São Paulo, e foi Vereador e Deputado Federal