Na sexta-feira (14.07), no aeroporto Internacional de Roma, Alexandre de Moraes, Ministro do Supremo Tribunal Federal(STF), e Presidente do Tribunal Superior Eleitoral(TSE) foi hostilizado junto com sua família por uma outra família.Uma família de bolsonaristas.
Os agressores são: Andreia Mantovani, seu marido Roberto Mantovani Filho(empresário)e Alex Zanatta Bignotto(empresário), genro de Roberto.
Andreia Mantovani hostilizou Alexandre de Moraes ao designá-lo com termos: “bandido,comunista e comprado” usados por bolsonaristas para atacar integrantes da Suprema Corte.
Roberto Mantovani não contente teria desferido um tapa na face do filho de Alexandre de Moraes, e cujos óculos, com isso, teria caído no solo, devido ao impacto da agressão física.
Por sua vez, Alex Zanatta Bignotto desferiu palavras de conteúdo ofensivo contra o filho de Alexandre de Moraes.
O ocorrido é, em ao menos dois aspectos, fato sumamente relevante, porque trata-se: 1°: de prática de intimidação com viés político e autoritário e 2°: a forma bruta e explícita de uma ideologia tirânica que, de forma contraditória, nega os próprios alicerces sobre os quais julga sustentar-se.
No que se refere a intimidação tal episódio expõe a atividade fascista ainda presente no cotidiano da vida das pessoas – mesmo após a derrota eleitoral em 2022 – e é, portanto, uma pequena amostra da opressão que, certamente, seria
ainda maior, mais intensa e letal, quando organizada e legitimada por um Estado totalitário.
A tara pela violência, seja ela verbal, psicológica ou física é típica do padrão de comportamento de pessoas autoritárias e que atuam para satisfazerem o sentimento de poder que nutrem, quando sujeitam ou julgam sujeitar outrem, seja pela força física ou pela brutalidade da intimidação moral.
Daí porque, este repertório violento – ao menos é o que os fascistas esperam – deve prosperar, a fim de silenciar qualquer resistência, qualquer protesto, qualquer indignação; deve produzir, então, acomodamento e em seguida, aceitação plena para converter-se enfim, em conivência tácita.
Neste sentido, a lógica da força e a tática que ela opera deve inspirar o medo e, por isso, obedece a um rigoroso sistema de domínio, que progressivamente precisa evoluir: no início,claro, de forma mais breve e compacta no ambiente do cotidiano em que acontece o fato para, em seguida, buscar por meio da replicação permanente destes cenários de subordinação consentida esparramar-se por toda a sociedade, aos poucos e em um ritmo constante, para então, assim e ao final, esta mesma sociedade ser mergulhada, voluntariamente, no mutismo servil.
Desta forma, a violência contra Alexandre de Moraes já é uma replicação de outros cenários que também expressaram a conduta intimidadora do fascismo bolsonarista.
No dia 29 de Fevereiro de 2020, Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT e sua filha também foram hostilizadas em um hotel no Rio de Janeiro.
Ainda durante o governo de Bolsonaro, sob o transe do ódio, um grupo de bolsonaristas exaltados, gritavam que Gleisi Hoffman fosse para Cuba.
Em vídeo é possível ver a filha de Gleise, corajosamente defendendo-a com o antebraço, ao tentar afastar bolsonarista em fúria, que se aproxima com más intenções, de sua mãe.
Em Novembro de 2022, Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT e Lindbergh Farias, deputado federal/PT foram vítimas de ameaças e provocações, quando estavam em um bar da Asa Sul(Brasília).
Se recuarmos um pouco mais no tempo, em Setembro de 2019, em avião com destino à Brasília, José Guimarães, deputado federal/PT, foi hostilizado por Gilberto Alves que acusou-o de ladrão, corrupto e intimidava o parlamentar filmando-o com a câmera do celular.
Já episódio mais recente, por volta das 9h, em 11 de Janeiro de 2023, no Aeroporto Internacional de Brasília, o então advogado, Cristiano Zanin, incumbido de defender Lula, foi alvo de agressões verbais e ameaças perpetradas por Luiz Carlos Bassetto Junior(empresário).
Logo, a hostilidade sofrida por Alexandre de Moraes e sua família é tanto mais condenável, quanto se insere em um contexto mais amplo de condutas de reiteradas intimidações, que, se antes estavam restritas a atacar petistas ou profissionais que os defendessem, foram porém, tais ataques ampliadas a todos que os bolsonaristas identificam como inimigos, quer por contrariar seus interesses imediatos, quer por opor-se a sua sanha por poder a todo custo.
O outro aspecto, de relevo sumamente notável, consiste no componente contraditório, no qual assenta-se a ideologia tirânica sob a máscara do bolsonarismo.
Os princípios ou valores por ele propugnado explicita-se no lema: “Deus, Pátria, Família e Liberdade”.
O bolsonarismo arvora-se enquanto defensor da família.E, no entanto, por exemplo, em 2020 Gleisi Hoffmann e sua filha foram hostilizadas. Agora, Alexandre de Moraes e seu filho.
Ou seja, duas famílias atacadas injustamente, por aqueles que se dizem defensores da família.Eis a contradição cabal flagrada na colisão absolura entre: o que se crê e o que se faz.
Assim, evidencia-se que o bolsonarismo é incapaz, inclusive, de manter em pé os alicerces, daquilo que deveria sustentá-lo enquanto máquina de guera, enquanto ideologia tirânica; tal paradoxo, tal contradição é, no fundo, a proclamada auto-sentença de morte do bolsonarismo.
O bolsonarismo deve ser, sem dúvida, combatido,a fim de abreviar-lhe a horrorosa existência; no entanto, sua autodestruição é inevitável e é condição de seu próprio desenvolvimento contraditório.
Observe que:
▪︎O bolsonarismo promete defender a família, mas sua vocação tirânica o faz hostilizar e agredir famílias que divergem de seus preceitos.
▪︎O bolsonarismo promete defender a liberdade, mas não há liberdade para opor-se a suas ideias e métodos, que se não acatados fará do desobediente um inimigo, que deverá ser perseguido e hostilizado.
▪︎O bolsonarismo promete defender a pátria, mas submete os interesses nacionais aos interesses das grandes potências, particularmente, dos Estados Unidos atentando contra a soberania do país.
▪︎O bolsonarismo promete ser fiel a Deus, mas perverte os valores e virtudes do amor e da paz cultuando o ódio e a violência.
Logo, o bolsonarismo é um ninho monstruoso de contradições doravante explícitas; um círculo vicioso, mal formado,de apetites ruins, que só se resolvem com sua superação plena.
Para isto, tem-se: por um lado, o fato incontornável, de que o bolsonarismo desde seu surgimento, se autodestrói, uma vez que, seu fim está condicionado a explicitação das contradições que ocultava e quanto mais próximo do fim, mais se torna explícita estas contradições e daí a desaprovação,inclusive, daqueles que, antes, lhe rendiam homenagens porque preveem que este sistema de violência organizada, pode voltar contra si mesmos.
Por outro lado, a destruição externa do bolsonarismo é ditada pelo avanço da democracia.Quanto mais democracia, mais o bolsonarismo aproxima-se do fim.Não há escapatória.
Consequentemente, o método mais eficiente de combatê-lo é, por um lado, promover políticas inclusivas que aprofundem e aprimorem a democracia e por outro lado, escudar-se na lei para punir a revolta antidemocrática do segmento empresarial fundamentalista.
Daí porque, é absolutamente reprovável a conduta dos empresários:
Alex Zanatta Bignotto e Roberto Mantovani que enveredaram, junto com Andreia Mantovani, no evento mais recente de hostilidade bolsonarista, e cujo alvo foi Alexandre de Moraes e sua família.
Ao agredir um Ministro do Supremo Tribunal Federal, além de desrespeito à autoridade constituída é, ao arrepio da lei, uma afronta às instituições do Estado Democrático de Direito e indício robusto de que ninguém está livre deste método de intimidação e, portanto, nada justifica, absolutamente, nem a indiferença, nem o temor, diante de toda a violência perpetrada contra Alexandre de Moraes e sua família.
Todo o rigor da lei para a conduta criminosa dos bolsonaristas: da perseguição política de quem se diverge, da hostilidade contra o adversário, inclusive, daquela que induz e produz a violência, todo o rigor da lei.Se for o caso, inclusive, com detenção, a fim de coibir-se novos cenários de intimidação bolsonarista.
A democracia mesmo que imperfeita, ainda que inacabada, mesmo que ainda muito limitada e em permanente construção e aprimoramento precisa, no entanto, ser protegida.
O ataque imperdoável a Alexandre de Moraes e sua família é mais um episódio deste extenso e lamentável catálogo de hostilidades bolsonaristas e que urge com que chegue ao fim, ainda que por força da lei.
Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro