Comércio bate recorde e chega ao maior nível em 25 anos

Rovena Rosa/Agência Brasil

O comércio varejista brasileiro alcançou, em março de 2025, o maior nível de vendas já registrado desde o início da série histórica do IBGE, em 2000. O avanço de 0,8% no volume de vendas, na comparação com fevereiro, marca a terceira alta consecutiva do setor e reforça os sinais de uma economia em recuperação consistente. Os dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados nesta quarta-feira (15), mostram que a média móvel trimestral também cresceu, passando de 0,3% para 0,6%.

O crescimento foi espalhado por quase todas as áreas do varejo, o que reforça que os bons resultados não estão concentrados em um único setor, mas sim em um movimento mais amplo da economia.

Livros em destaque

Segundo o IBGE, seis das oito atividades pesquisadas tiveram desempenho positivo. O maior destaque foi o setor de livros, jornais, revistas e papelaria, com aumento expressivo de 28,2%. O resultado está ligado a mudanças no calendário escolar e nos prazos de fechamento de contratos, que acabaram levando essas compras para março, diferentemente do que costuma acontecer em outros anos.

Outro segmento que teve um bom desempenho foi o de equipamentos de escritório, informática e comunicação, com alta de 3%. A oscilação do dólar teve influência: com a valorização da moeda americana no início do ano, empresas esperaram o melhor momento para renovar seus estoques.

Também tiveram destaques os setores de artigos farmacêuticos, médicos e de perfumaria (aumento de 1,2%), tecidos, vestuário e calçados (1,2%), hiper e supermercados (0,4%) e
outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,5%).

“No último mês, o que chama mais atenção é o perfil distribuído do crescimento intersetorial. Tivemos seis atividades em crescimento, inclusive as com mais peso, como a farmacêutica e hiper e supermercados. Os meses anteriores mostram uma volta ao protagonismo de hiper e super, especialmente em fevereiro, com alta de 1,2%”, explica Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio.

Registraram recuos os segmentos de móveis e eletrodomésticos (-0,4%) e combustíveis e lubrificantes (-2,1%). No entanto, mesmo com a queda no mês, este ainda mostra aumento acumulado nos primeiros meses do ano.

No varejo ampliado — que inclui veículos e materiais de construção — o desempenho também foi positivo. As vendas cresceram 1,9% em relação a fevereiro. Veículos e motos tiveram alta de 1,7%, e materiais de construção subiram 0,6%

Comparação interanual

Em relação a março de 2024, três setores apresentaram crescimento: móveis e eletrodomésticos (3,3%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (2,1%) e tecidos, vestuário e calçados (1,4%). A venda de materiais de construção também se destacou, com elevação expressiva de 5,2%, sinalizando retomada na construção civil e aquecimento da demanda por bens duráveis.

Por outro lado, o volume total de vendas do varejo caiu 1,0% nessa comparação anual, com cinco dos oito setores registrando retração. No varejo ampliado, a queda foi de 1,2%, com principais diminuições nas vendas de veículos e no atacado de alimentos e bebidas. Esses movimentos são explicados pelas transformações estruturais em setores como livros, jornais e revistas, que perdem espaço pra digitalização, e pela queda pontual da demanda em segmentos como supermercado e combustíveis, após meses de alta. A taxa Selic elevada – atualmente em 14,75% – também tem reflexos negativos no consumo das famílias.

O cenário, no entanto, é muito positivo. O recorde histórico do comércio é mais uma prova de que o Brasil voltou a crescer com base no consumo popular. Quando o trabalhador tem emprego, salário e confiança, a economia gira e beneficia todos os setores…

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