Charles Gentil: A arte da política

Diogo Zacarias

No sábado (23.07), na Alesp, Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aconteceu a Convenção do PT e,posteriormente, a Convenção Estadual da Federação Brasil da Esperança (PT, Pcdob e PV), presidida por Luiz Marinho.

Durante a leitura da ata, feita por Chico Macena, durante a Convenção Estadual da Federação foram aprovados de nossa legenda os nomes dos candidatos já homogados.

Ainda houve a aprovação da chapa e coligação majoritária com o PSB, lida pelo secretário geral do PT Estadual Chico Macena.

Assim como o dirigente leu, a aprovação do nome de Fernando Haddad para concorrer ao cargo de Governador do Estado de São Paulo, pela coligação Juntos Por São Paulo

Por fim, Macena arrematou a leitura do nome de Márcio França, aprovado para concorrer ao cargo de senador.

O que se tem, então, com esta construção; com esta costura política concebida de forma tão engenhosa é a política exercida em sentido forte. A política enquanto arte.

E não se faz da política uma arte sem, antes, estar para isto preparado, o que exige dos atores políticos em questão, um aceno prático de grandeza,de grandeza política.

Para isto é vital não subordinar o exercício da atividade pública a realização de desejos pessoais que tanto apequenam o fazer político e estar disposto em nome de uma causa maior e, portanto, nobre, a promover a necessária unidade frente a um adversário comum e com alto grau de periculosidade para a democracia.

Pois bem: Geraldo Alckmin e Márcio França dão demonstração de grandeza política e,com isso, oferecem à sociedade, a política verdadeiramente enquanto arte,ou seja, demonstram que a prática do fazer político é a arte do convívio e em prol de uma causa maior, a saber: a derrota do fascismo, na versão perversa de Bolsonaro.

Geraldo Alckmin, ao aceitar compor a chapa com Lula, até, então, seu adversário histórico e Márcio França, ao abrir mão de sua tão desejada candidatura ao Governo do Estado de São Paulo passam,assim, para a fileira daqueles que,de fato,compreenderam a urgência histórica de barrar o avanço do fascismo, enquanto ainda há tempo.

Isto é importante porque recupera um elemento essencial da política pensada com grandeza, que é a competência emocional de conviver de forma negociada com as divergências, em detrimento de condutas que resultariam em brutalidade linguística ou mesmo o extermínio físico do oponente, uma vez que, enquanto arte do convívio a política pressupõe racionalidade, tolerância e flexibilidade em prol do coletivo.

Daí porque, a lógica política permite que divergentes e mesmo opostos se engajem em um mesmo propósito; daí porque, surge entre os agrupamentos políticos, as conciliações necessárias, em que por meio da negociação, cada parte envolvida na disputa, faz uma concessão inevitável na esperança de preservar o que melhor possa obter para si, sem no entanto, prejudicar ou sacrificar, a obra coletiva a ser construída.

A política neste sentido grandioso não trabalha com o simplismo dos opostos rígidos.Aqui, os divergentes e opostos se interpenetram sem, no entanto, se converterem no seu contrário e sem haver concessão de princípios.

O fato de entre divergentes e opostos haver um espaço de intersecção negociada e ainda assim, os divergentes e opostos não se diluirem, mas permanecerem intactos em seus princípios, embora não seja tarefa fácil é, porém, plenamente possível e,portanto, realizável.

Isto para dizer porque concebo que a política tem estatuto de obra-de-arte e por ser uma arte, a grandiosidade de sua tarefa consiste em promover o bem-estar coletivo não como prioridade, mas,antes,e,portanto,com exclusividade.

Desta maneira, pensar a política com grandeza exige encontrar os meios de impedir que o fascismo de Bolsonaro e toda sua tirania e perversidade continue destruindo o Brasil.

Geraldo Alckmin e Márcio França souberam prestar reverência a política como arte e em prol de uma tarefa coletiva maior tiveram a humildade e a dignidade de reconhecer em Lula e Haddad, as forças políticas que a nível Nacional e Estadual possuem as reais condições, de impor uma derrota ao espectro do fascismo, que ronda o país.

Geraldo Alckmin e Márcio França, ao contrário daqueles que outrora preferiram viajar à Paris – para furtar-se da justa batalha – entenderam hoje e mais do que nunca, o espírito de urgência e o clamor social vibrante, pelo fim deste governo perigoso e detestável.

Não faço aqui elogios pueris, nem tenho como intento provocar agrado ou desagrado, em quem quer que seja.

O que faço é uma sóbria constatação: depois da tentativa da imprensa corporativa de primeiro criminalizar a política para, em seguida, fazer coro ao advento da antipolítica, que como consequência pariu Bolsonaro; então,após trilhar a vereda jurídico-midiática, que quase nos reconduz ao golpe de 64; enfim,vê-se, aos poucos, a consolidação da grande política, a política como arte e que começa a viabilizar – com todas as dificuldades e sobressaltos ainda porvir – mas já começa a viabilizar a superação deste autoritarismo explícito, antagonista e, por isso, sem qualquer ponto de contato, com tudo que lhe é divergente e oposto, e que tantas vidas já custou ao Brasil.

Por isto, é com alegria e imenso contentamento, que meu espírito democrático, de esquerda, pôde constatar, nesta Convenção Estadual da Confederação Brasil da Esperança, que à grandeza política do Partido dos Trabalhadores, deste nosso querido partido, que é o melhor instrumento de transformação social, que a nossa grandeza política pôde,agora,somar-se à grandeza política de Geraldo Alckmin e Márcio França.Com isto, frente ao fascismo, unidos assim neste propósito,nos tornaremos,todos, invencíveis porque “gigantes pela própria natureza”.

Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro

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