Nada justifica a guerra.
Nem a vontade daqueles, que oprimidos, anseiam por sua justa liberdade.
Nem o desejo daqueles, que oprimem, e, por isso, temem o fim do seu reinado de terror.
Nada justifica a guerra.
A guerra é uma contravenção, a expressão política de um erro grave, da incapacidade das partes envolvidas no conflito, para negociar por meio de um diálogo honesto e humanista, a única alternativa que: constitui, de forma satisfatória, o caminho que também interessa àqueles que, de maneira bárbara e insensata, mutuamente – por desespero libertário ou medo tirânico – optaram por se destruírem e,assim, a contragosto, postergam ou aniquilam, a pretendida chegada da paz.
Nada justifica a guerra.
Isto porque, em um conflito armado, tanto a fúria libertadora, quanto a ira opressora, em nome da causa a que estão empenhados, tornam-se os contentores, negligentes diante da dádiva que é a vida e neste descaso, acabam por promover assassinatos de ambos os lados.
Nada justifica a guerra.
Na guerra não há heróis. Na guerra há simplesmente: vítimas e assassinos, que caminham sobre cadáveres e ruínas.
Ou alguém acha que na guerra há cheiro doce de pólvora e pó?. Que há pedaços de corpos espalhados florindo e embelezando o chão?
Será que alguém crê mesmo, que o sangue vertido do suposto inimigo torna belo e colorido e ainda mais santo e florido, o palco do conflito?
Não há poética na guerra.
Não há arte, nem inspiração; há apenas destruição e das vidas, seu desumano descarte.
Há, em curso, um crime. Tanto de quem se volta contra quem oprime, quanto de quem reprime.
Crime é crime.
Nada justifica a guerra.
O que pode justificar em um conflito, mulheres e crianças mortas?
Não é afinal injustificável, o que pode justificar o bombardeio a alvos civis, por exemplo, a hospitais? onde os feridos desta mesma guerra recebiam cuidados.
E também não é injustificável qualquer justificativa apresentada para submeter um povo a experimentar a degradante condição da falta de água, teto e comida ?
Nada justifica a guerra.
Tomar partido não deve significar de maneira nenhuma, assumir como estando certo apenas um dos lados, envolvidos nesta contenda.
Isto significaria uma submissão minha ou sua, ao aceitar fazer parte da guerra quando consentisse, então,como justificáveis, as atrocidades cometidas por apenas uma das partes.
Tomar partido neste conflito consiste, na verdade, em ter a altivez, a coragem e a serenidade para assumir que os dois lados estão errados e que o mútuo massacre deve cessar.
Tomar partido em uma guerra(em qualquer guerra) deve significar tão somente tomar o partido para a promoção da paz.
Nada justifica a guerra.
Por isso, as conversações devem ser racionalmente restabelecidas e a criação de um Estado palestino deve ser compreendido: não como uma ameaça à Israel, mas antes, como um componente indispensável para que, na região, a paz seja alcançada.
Nada justifica a guerra.
Neste sentido, os líderes mundiais devem compreender a linguagem da paz e que a criação de um Estado palestino é o bê-á-bá para a pacificação pretendida.
E que tão justo e racional quanto a existência do Estado de Israel é o direito a existência de um Estado palestino.
Nada justifica a guerra.
Daí porque, protelar a criação de um Estado palestino significa, na prática e apenas, consentir a existência de um estado de horror permanente. É este estado emotivo de mútua matança perpétua, de agressão bilateral, que deve, no entanto, ser abolido.
Nada justifica a guerra.
E nada justifica também, por parte de alguns líderes mundiais: a inoperância para promover o consenso político(por mais difícil que seja esta tarefa), a permissividade total ou em parte, com o massacre das pessoas, a falta de vontade política, os interesses mercantis, a negligência reiterada, a ausência de coragem para a defesa da criação de um Estado palestino, a morosidade e a postergação ad infinitum para a adoção desta resolução que dará um fim a guerra, porque a guerra em si, até pode ser explicada, mas não pode, ser porém, – sequer racionalmente – justificada.
Nada justifica a guerra.
Daí porque, em defesa da paz deve-se exigir, pelo mundo afora, a criação de um Estado palestino, não porque se isto não for feito irá justificar a guerra, mas porque isto irá apenas explicar o mútuo massacre que continuará e continuará a ser televisionado, até o surgimento de uma nova carnificina, em algum outro canto do planeta.
Porque, enquanto alguns se inebriam com um cálice de sangue, nós,humanistas e pacifistas que somos, sempre encontramos uma boa solução e, com isso, o motivo para celebrarmos o sumo bom e o sumo bem, contido em uma singela taça de paz plenamente possível.
Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro