No sábado (25.11),os sem-tetos da Frente de Luta Por Moradia foram massacrados pelo Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP) apenas algumas horas depois de ocuparem o prédio abandonado do Ministério da Saúde, na Av. 9 de Julho.
A ação truculenta da polícia ocorreu após firmar acordo de saída pacífica do local com Antônia Serafim Rodrigues, uma das coordenadoras do Movimento de Moradia e Inclusão Social – MMIS (filiado à FLM).
Daí porque, o Batalhão de Ações Especiais, ao descumprir o acordo e reprimir os sem-tetos durante a saída pacífica acordada, adotou conduta irresponsável pela violência gratuita promovida e que, de forma covarde e insensata, feriu com balas de borracha crianças, adolescentes, mulheres e idosos violando, portanto, pela condução agressiva perpetrada, não só a luta legítima por moradia dos sem-tetos, mas também outros direitos previstos na Constituição.
Atitude desnecessária e imprudente do Batalhão de Polícia, que deve ser apurada e punida com todo o rigor, tão logo se possa responsabilizar quem consentiu, quem autorizou,enfim, a consumação da violência extrema executada para mostrar que: a faixa de Gaza também é aqui.
A faixa de Gaza também é aqui, porque as balas disparadas e que feriram crianças,adolescentes, mulheres e idosos fez verter o mesmo sangue sofrido de pessoas simples, o dos sem-tetos, e que iguais aos palestinos tornaram-se: párias em sua própria pátria.
A faixa de Gaza também é aqui, porque o gás de pimenta e as bombas de efeito moral lançadas contra a multidão dos sem-tetos para dispersá-los, tem a mesma truculência daqueles mísseis despejados no Oriente Médio e que não reconhecem, que tal qual palestinos, os sem-tetos também tem direito a seu próprio espaço para existirem com dignidade.
A faixa de Gaza também é aqui, porque tal qual Netanyahu, Tarcísio também só conhece a linguagem da força, o profissionalismo litorâneo e urbano, com que os agentes públicos convertem o Estado em uma máquina de guerra, que se especializou tanto lá(no Oriente), quanto aqui(no Ocidente), em massacrar pessoas pobres e indefesas.
No entanto, não se pode – sob hipótese alguma – naturalizar o emprego desnecessário e aventureiro da força. Isto porque, não é natural, nem razoável romper um acordo ainda em curso e agir com a selvageria costumeira com que mais uma vez, ontem, se investiu contra os sem-tetos e, então, supor que tal conduta agressiva, não irá desembocar em algum tipo de punição aos agressores profissionais.
Antes de mais nada, cabe cobrar do Governador Tarcísio de Freitas, qual sua real participação neste episódio? Houve anuência ou não para o uso da força naquela circunstância ? Por que até o presente momento não se pronunciou? Quando o fará?
O Governador precisa ainda responder se é profissionalmente elogiável ou não? com que agentes públicos disparem e firam crianças e mulheres, adultos e idosos, que lutam por seu direito legítimo a moradia.
Aliás, Tarcísio de Freitas, a despeito da simpatia futura das urnas precisa ter a coragem e a celeridade necessária para responder: se a violência contra os sem-tetos é o típico modo Tarcísio de governar? Ou será que Tarcísio de Freitas, diante de uma demanda social como esta, não compreendeu ainda que a única solução possível é: a implementação de políticas públicas habitacionais ágeis e na proporção do estado de necessidade vigente.
Caso contrário, as autoridades instituídas devem entender na prática, que a repressão não irá funcionar, porque novas ocupações serão feitas, conforme afirmaram os ocupantes.
Daí porque, é necessário considerar que: a faixa de Gaza também é aqui e tal qual palestinos, os sem-tetos, ofendidos, humilhados, massacrados, baleados, sangrados, ergueram a cabeça em meio à guerra urbana e entre choro de crianças e soluços de idosos e mulheres, anunciaram em alto e bom tom,que enquanto houver gente sem casa e prédio sem gente, jamais irão renunciar a esta legítima luta por moradia.
E este presidente sem-teto assina embaixo
Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro