“17 de maio: dia de vitória contra a LGBTfobia”

No dia 17 de maio de 1990, em assembleia geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) era retirado o código 302.0 da Classificação Internacional das Doenças (CID), declarando assim que “a homossexualidade não constitui doença nem distúrbio e nem perversão”. Desde então, comemora-se no dia 17 de maio uma vitória para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Intersexos e outras tantas formas de existência, marcando este dia como o Dia Mundial de Luta Contra a LGBTfobia. 

Conquistamos no último dia 8 de maio uma grande vitória com a liberação da doação de sangue para LGBT. Essa pauta assim como outras no âmbito dos direitos sociais e políticas públicas para população LGBT no Brasil, é uma luta de décadas, tendo em vista que homens gays e bissexuais e mulheres transexuais e travestis não eram somente impedidos de realizar a doação, mas também sofriam preconceito por parte do Estado. 

Apesar de uma vitória tão importante, há pouco a se comemorar, o Brasil continua liderando o ranking de assassinatos de transexuais no mundo. De acordo com uma pesquisa divulgada pela Spartacus International Gay Guide, revista de viagens direcionada para a população LGBT, o país caiu de 55º para 68º no ranking de países seguros para a população LGBT em 2019.

O governo neofascista de Jair Bolsonaro já possui um longo repertório internacionalmente conhecido de declarações LGBTfóbicas, se opondo veementemente as leis que garantem Direitos Sociais a LGBTs. Este é governo que mudou o nome do Minstério dos Direitos Humanos para Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e tem como atual ministra, Damares Alves, que diz combater “uma ideologia de gênero”, expressando seu desprezo a população LGBT, inclusive ignorando completamente as demandas apresentadas por organizações políticas e movimentos sociais  LGBT.

Com a crise sanitária que vivemos pelo novo Coronavírus somada a crise econômica mundial que temos apontado desde 2008, esse mês de maio será diferente, mas não menos importante para nós. Não podendo estar nas ruas levantando nossas bandeiras, pois o momento pede para que fiquemos em nossas casas para preservação de nossas vidas, um de nossos desafios é reinventar nossos meios de luta e resistência. Ainda assim, sabemos que uma grande parcela da nossa população possui inúmeras dificuldades em retornar aos lares, quando existe essa possibilidade, seja pela falta de acolhimento ou pelo aumento de situações de violência doméstica, psicológica e institucional que se escancaram. Nesse sentido, a solidariedade deve ser norteadora para nossas ações no próximo período, ou seja, o momento exige que olhemos uns para os outros e façamos toda e qualquer LGBT acessar seus direitos (auxílio emergencial, moradia, etc) para enfrentar essa pandemia.

Nós da UNE continuamos firmes lutando contra esse projeto de nação expresso em Bolsonaro que é machista, LGBTfóbico, genocída, neofacista e portanto nos exclui, nos torna invisível e nos mata todos os dias. É dia de comemorar, mas também de relembrar a memória de tantos de nós que perderam e seguem perdendo a vida de forma violenta ou ainda vítimas de coronavírus. 

Lutamos para que nossas vidas sejam preservadas, nossos direitos constituídos e para que sigamos ocupando as universidades de todo o Brasil em defesa de uma educação livre de preconceitos que invisibilizam a diversidade e pluralidade de ideias e conceitos. Que nosso lugar seja a universidade!

A UNE somos nós, nossas cores, nossa voz!

*Ingrid GuzelotoLucas Gertz MonteiroGabriel LunaLudmila Brasil compõe a Diretoria LGBT da UNE.

Foto: Elineudo Meira

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