Nota de Conjuntura da Juventude do Partido dos Trabalhadores
Aos dirigentes do Partido dos trabalhadores e da sua juventude
1. O mundo inteiro vive hoje uma situação de pânico e instabilidade agravada pela pandemia do Covid-19, o coronavírus. Sãos mais de 700.000 contaminados e 30.000 mortos pelos dados oficiais. O epicentro da crise passou da China, para a Europa, e segue em direção aos Estados Unidos, onde mais de 125.000 já foram registrados. Na Itália e na Espanha, o vírus já soma 16.000 mortos. No Brasil, chegamos a 130 mortes, e a quase 4.000 contaminados, enquanto o vírus se espalha pelo país em transmissão comunitária, e especialistas vêem a situação se agravar nas próximas semanas.
2. Na contramão do recomendado pela Organização Mundial da Saúde e dos casos de sucesso no combate ao vírus, o governo de Jair Bolsonaro desdenha da gravidade da pandemia e radicaliza seu discurso ideológico fundamentalista liberal e negacionista da ciência. Antes mesmo da chegada do vírus, a política econômica de Paulo Guedes já apresentava seus resultados perversos na destruição de empregos formais, diminuição de investimento público e cortes na saúde e educação. Os resultados dos índices de crescimento não agradavam nem o mercado e a alta do dólar foi disparada pela crise econômica que atingiu as bolsas com o anúncio da pandemia.
3. Nesse cenário, Bolsonaro se isolou ainda mais no seu núcleo fascista do governo, e passou a operar a crise ao lado dos ministros e assessores mais fundamentalistas e despreparados. Ao invés de atacar a crise sanitária com isolamento social, quarentena e medidas econômicas que garantam a subsistência dos trabalhadores brasileiros, Bolsonaro aprofunda sua necropolítica ao defender que a economia não pode parar, questionar se as escolas devem permanecer fechadas e dizer que os idosos devem ser cuidados pelos seus familiares. A edição da MP 927 é um exemplo dessa política, ainda que derrotada em parte, ela mostra a tônica do governo: desproteger a classe trabalhadora, privilegiando o empresariado, isentando o poder público de sua responsabilidade e deixando aos trabalhadores e trabalhadoras duas opções: morrer pelo vírus ou morrer pela fome.
4. Com esse movimento, tornaram-se protagonistas do discurso do bom senso a direita e a centro-direita, capitaneadas por Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e João Dória. Esse grupo de políticos é conhecido, e foram suas posições golpistas e conservadoras que levaram a eleição de Bolsonaro com o processo de golpe contra Dilma Rousseff, a prisão ilegítima do Presidente Lula e a eleição fraudulenta contra Fernando Haddad. O protagonismo da oposição a Bolsonaro não pode estar na mão desse campo político, que não possui nenhum compromisso com a classe trabalhadora e não hesitaria em aplicar um golpe dentro do golpe para seguir ampliando o programa da direita.
5. O Partido dos Trabalhadores deve seguir se posicionando nessa crise, seja para contribuir com as melhores medidas de proteção a classe trabalhadora, formal ou informal – como com o projeto de renda mínima universal – seja na construção de alternativas para pôr um fim ao governo Bolsonaro. O modo como o presidente conduz essa crise coloca em risco a vida de milhares de brasileiros, e aprofundará a já enorme desigualdade social do nosso país. O Partido dos Trabalhadores deve ter voz ativa para disputar esse momento político, seja através de suas figuras públicas, seus parlamentares, seus prefeitos em exercício, direções municipai, como dos militantes espalhados por todo o país.
6. A juventude do Partido dos Trabalhadores tem a responsabilidade histórica de organizar e mobilizar a juventude brasileira por um movimento que exija a derrubada desse presidente neofacista, e de seu governo machista, racista e fundamentalista. Frente a um governo que não apenas não impede, mas também contribui para expansão da pandemia, o país não pode aguardar: ou acabamos com o governo Bolsonaro, ou o governo Bolsonaro acaba com o Brasil. Na dimensão econômica, é o nosso futuro, da juventude, que está em jogo. Queremos voltar a viver, ter possibilidade de renda, estudo e saúde. Para seguir construindo projetos coletivos e um país com um horizonte mais justo e humano, um horizonte socialista.
7. Precisamos derrotar Bolsonaro e seu projeto. A queda do governo bolsonaro é um importante movimento nesse sentido. Não podemos ser ingênuos, uma mera troca de cabeça não será o suficiente para mudar a política deste governo, nem Mourão nem Maia apresentam alternativas reais para o país hoje. O PT tem que ser protagonista para apontar rumos para construir pontos de apoio para o povo trabalhador sair da defensiva, reverter o jogo e apontar o rumo de vitórias mais profundas que conquistaremos mobilizando a sociedade brasileira hoje já muito descontente com este desgoverno. Estamos à disposição do povo brasileiro e do nosso partido para ajudar a construir essa saída.
8. Neste momento de radicalização, diversas saídas se desenham e nenhuma delas será positiva sem ter como centro a garantia da vida, saúde e renda da classe trabalhadora. As janelas batem panelas exigindo o fim do governo Bolsonaro, as periferias começam a se indignar apelando pela sua sobrevivência, estudantes exigem assistência, trabalhadores da saúde exigem condições mínimas de trabalho e trabalhadores exigem sua proteção. A luta do PT, da juventude e da esquerda brasileira deve estar canalizada na derrubada do governo em conjunto com a construção de uma alternativa democrática e popular. E é através da organização e da mobilização do povo que acumularemos forças para retomar a construção de um projeto democrático, popular e socialista.
Juventude Nacional do Partido dos Trabalhadores
29/03/2020
Imagem de destaque: Reprodução