Nesta quarta-feira (10), Fernando Haddad completa 100 dias como prefeito da maior cidade da América Latina. O Partido dos Trabalhadores teve outras duas oportunidades anteriores com Luiza Erundina (de 1989 a 1993) e Marta Suplicy (de 2001 a 2005); nas duas deixou marcas como o bilhete único, a valorização dos professores, a melhoria da merenda e a distribuição gratuita de material escolar para todos os alunos da rede pública, entre outras; e também imprimiu uma visão de governo em que são considerados e ouvidos democraticamente os movimentos e todos os segmentos sociais.
Nesses 100 primeiros dias do mandato, para contrariar a nossa oposição, o prefeito Fernando Haddad mostrou-se como um negociador atento e habilidoso. Esteve cinco vezes na Câmara Municipal. Nas relações com sua base de apoio, soube prestigiar líderes e respeitar os vereadores. Não à toa, conseguiu aprovar o projeto de lei de sua iniciativa que redefiniu a complexa questão da inspeção veicular, um dos compromissos assumidos durante a campanha eleitoral. Outras duas iniciativas aprovadas pelos vereadores são importantíssimas para a nossa cidade: a concessão de uma área na Zona Leste para a construção de um campus da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), e a autorização da concessão administrativa de uma área de cerca 60 mil m², em Pirituba, para a criação de um novo campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP).
O governo mostrou seu compromisso de governar prioritariamente para a faixa da população historicamente discriminada e abandonada no episódio que ficou conhecido como Pinheirinho 2. Diante da desapropriação de um terreno localizado no Iguatemi que poderia ressuscitar as cenas lamentáveis ocorridas no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos, o governo municipal foi rápido e imediatamente estabeleceu negociação com o governo do estado. Por meio de um decreto publicado em seguida, tornou o terreno área de interesse social e cadastrou os moradores que serão contemplados com habitações populares construídas pela COHAB.
No dia 26 de março, o prefeito apresentou seu programa de metas que deverão ser cumpridas até o final de sua gestão. São 100 pontos divididos em três eixos: 1- Compromisso com os direitos sociais e políticos; 2- Desenvolvimento econômico sustentável com redução das desigualdades; e 3- Gestão descentralizada, participativa e transparente. O programa, que vai na esteira do que já foi construído no governo federal pelo ex-presidente Lula e atualmente teve continuidade ou foi aperfeiçoado pela presidenta Dilma, tem como destaques a construção de 55 mil moradias populares, beneficiar 228 mil famílias com o Programa Bolsa Família, ampliar a Rede CEU para 20 unidades, construir mais de 200 Centros de Educação Infantil, implantar o Bilhete Único Mensal e implantar 150 km de novos corredores de ônibus.
As metas de Haddad na prefeitura têm a cara do PT no governo: a preocupação em promover a inclusão e a cidadania; em construir e consolidar a democracia e a participação popular no poder; e em desenvolver a cidade tornando-a mais humana e adequada para os seus moradores.
Haddad recebe e ouve as pessoas, as associações e entidades da sociedade organizada e vai aos bairros para ouvir a população. Por isso, ele sabe bem as prioridades a atacar. No dia 23 de fevereiro, por exemplo, o prefeito esteve na região do M’Boi Mirim e anunciou o início imediato de uma das obras por que lutei em minha vida pública: a Canalização do Córrego da Ponte Baixa. Os moradores da região esperavam há 30 anos pelas obras que colocassem fim às enchentes e à dinâmica cíclica de comprar, montar a casa e perder tudo na estação das águas. Este é o jeito petista de governar, com vontade política e decisão rápida.
Para um governo do PT, que tem tradição democrática na construção de programas de forma participativa, ouvindo e trabalhando com todos os segmentos da sociedade, seria uma incoerência manter propostas como, por exemplo, o projeto Nova Luz, que privilegiava o setor imobiliário, em detrimento do interesse da população local. No lugar dele, o governo do PT anunciou que ofertará 20 mil moradias na região central da cidade, por meio do Programa Minha Casa Minha Vida do governo federal, programa que terá também uma parceria com o governo estadual. As 20 mil moradias virão pela compra e reforma de prédios que atualmente estão abandonados e pela construção de outros novos em terrenos vazios ou subutilizados.
Nesses 100 dias de governo, o prefeito contrariou aqueles que apostaram na dúvida e acreditaram que a dívida da prefeitura fosse inviabilizar a plataforma de campanha. Eleito vice-presidente da Frente Municipal de Prefeitos, Haddad vem liderando negociações com o governo federal, propondo formas de redução e diminuição das dívidas de municípios de todo o país, mesmo os ligados à oposição. Para nós, do PT, a prioridade é o desenvolvimento com inclusão social. Só assim construiremos um grande estado em que todos sejam realmente cidadãos.
*Paulo Reis é vereador do município de São Paulo