A presidenta participou de ato com integrantes da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo, na Casa de Portugal, na região central de São Paulo
Diversas entidades sociais e sindicais, intelectuais e parlamentares se reuniram com a presidenta Dilma Rousseff em Ato contra o Golpe, em Defesa da Democracia e dos Direitos Sociais na Casa de Portugal, na região central de São Paulo, na noite desta terça-feira (23).
Na ocasião, os movimentos que integram as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo reforçaram a disposição de continuar na luta pelo respeito ao voto popular e contra a agenda neoliberal imposta pelo governo golpista.
Presente no ato, o prefeito Fernando Haddad reforçou seu entendimento sobre o golpe e frisou que o que está em jogo no atual momento é “muito mais” do que uma simples troca de pessoas ou coalização no poder. De acordo com ele, diferente do tipo de ruptura que houve na ditadura militar, o Brasil hoje passa por “um golpe institucional contra a Constituição”.
“O que está em jogo é a luta histórica dos brasileiros pelo fim do regime militar consagrada na Constituição de 1988, as vidas ceifadas ao longo do período em que centenas de brasileiros perderam suas vidas no combate pela democracia”, salientou.
Haddad ainda citou a PEC 241, proposta de emenda à Constituição enviada ao Congresso pelo governo golpista. Para ele, a proposta representa “uma verdadeira desconstituinte”. A PEC 241 não é senão a revogação dos direitos sociais do povo brasileiro”, frisou.
O prefeito também ressaltou que isso é só o começo de uma agenda que pode se voltar contra as mulheres, LGBTs e negros. “Como alguém em sã consciência pode propor o congelamento dos gastos sociais por 20 anos, com todas as mazelas a serem superadas, sobretudo em relação à população mais carente? Qual o prefeito, governador e presidente que vai conseguir governar? (…) Depois dos direitos sociais, virão os políticos, e depois os civis. Eles já abriram uma agenda de intolerância contra mulheres, LGBTs, contra os negros”, disse.
Em sua explanação, a presidenta Dilma Rousseff reafirmou que irá ao Senado Federal no próximo dia 29/08, para fazer sua defesa e responder às perguntas dos senadores. “Eu vou, sim, ao Senado. Eu não vou ao Senado porque acredito nos meus belos olhos, vou lá discutir porque acredito na democracia, que teremos que evitar que esse impeachment sem crime de responsabilidade seja um mal maior
Dilma garantiu que acredita na democracia e que deve isso ao povo brasileiro.
“Nós viemos de 20 anos de ditadura, ganhamos e achamos que estávamos bem. Mas temos que lutar todos os dias”, falou.
Ela convocou resistência para se “evitar que esse mal – um impeachment sem crime de responsabilidade e suas consequências para as instituições – seja ainda maior. “Temos de enfrentar essa questão, e eu acredito na democracia”, garantiu.
“A democracia não está garantida, é uma conquista sistemática. É preciso estar atento para não perder o que foi conquistado”, disse.
Dilma voltou a falar que esse impeachment é uma tentativa de se fazer uma eleição indireta, na qual golpista estão “substituindo o conjunto eleitoral de 110 milhões de pessoas por um de apenas 81.”
“A questão democrática no País é crucial. Sabemos que quando há eleições presidenciais o povo se manifesta sobre os rumos do País”, salientou.
A agenda neoliberal do governo golpista também foi comentada. A presidenta falou que os golpistas “pensam em sair da crise fazendo um brutal ajuste contra a saúde, a educação, a cultura, e fazendo a privatização das riquezas do país, principalmente do pré-sal”.
A presidenta falou também que este processo é muito duro para ela por tratar-se de uma injustiça. “Eu sei que sou inocente. Tenho absoluta clareza do que estão fazendo. Não acho que a questão seja me vitimizar, eu sei que é injustiça”.
Antes de encerrar seu discurso, ela frisou que ficou muito feliz com a subida dos Brasil da 22ª posição para a 13ª no ranking de medalhas dos Jogos Olímpicos. “É um ganho do nosso povo”, disse.
O esforço feito pelos governos dela e do presidente Lula para construir as condições para que o Brasil mostrasse sua competência, capacidade de organização e realização de grandes eventos também foi lembrado.
A presidenta destacou a importância dos programas criados nos governo do PT para apoiar atletas de alto-rendimento e se disse orgulhosa por eles terem beneficiado negros, mulheres e LGBTs. Segundo ela, “foi a nossa cara, a cara do Brasil que estava lá ganhando”.
Dilma finalizou seu discurso dizendo que é preciso ter clareza de que “a democracia é algo muito valioso para a gente não lutar por ela sistematicamente”.
Fonte: Cláudio Motta Jr | Linha Direta