Embora o PV e Marina tenham assumido neutralidade na disputa de segundo turno, eles fizeram questão de demonstrar que não querem o tucano José Serra como presidente, mas acima de tudo, apontaram as qualidades de Dilma para o futuro do país.
A Praça Roosevelt se reafirmou, na noite desta terça (26), como espaço da resistência cultural da juventude. Cercada por teatros de produção alternativa, criativa e ousada, a Praça recebeu algumas das principais lideranças jovens para declarar seu voto em Dilma, após ter oferecido seu esforço de campanha à Marina Silva no primeiro turno. Embora o PV e Marina tenham assumido neutralidade na disputa de segundo turno, eles fizeram questão de demonstrar que não querem o tucano José Serra como presidente, mas acima de tudo, apontaram as qualidades de Dilma para o futuro do país.
Foram mais de duas horas de declarações entusiasmadas a favor da candidata da Coligação Para o Brasil Seguir Mudando. O palco do Studio 184, de Dulce Muniz, foi ocupado, mais um vez, pela paixão utópica e pela praxis revolucionária de jovens que fazem do seu cotidiano uma disputa pelas melhores idéias para a construção de “um outro mundo possível”. Para eles, Marina resgatou o sonho e a utopia no debate eleitoral.
A maioria das lideranças enfatizou, no entanto, a questão da participação social como um trunfo dos movimentos sociais nos governos de Lula e Dilma. O drama da omissão dos governos tucanos de São Paulo e Minas Gerais contra as Conferências Nacionais de Meio Ambiente e Infanto-Juvenil foram apontadas como um grave retrocesso democrático para o país. Vários jovens lamentaram a perda que São Paulo sofreu por não ter o governo como parceiro nas realização das Conferências, enquanto outros estados promoveram fortes mobilizações e debates.
Os chamados “marineiros” mostraram-se orgulhosos da contribuição que Marina Silva, ex-petista e ministra do Meio Ambiente de Lula, trouxe para a campanha do primeiro turno ao atrair 20 milhões de votos. Mostraram-se envergonhados, no entanto, com a repugnante campanha de preconceito de Serra, marcada por boatos, calúnias e acusações. O compromisso assumido por Dilma com as propostas de Marina e do PV foram fortes argumentos para alimentar a esperança dos marineiros no próximo governo.
Personagens em cena
A atriz Dulce Muniz salientou que abrir seu teatro para os movimentos sociais e organizações de esquerda é uma constante. “A gente sempre acolhe e faz nossas peças focadas na história e personagens das transformações sociais”, disse ela, que anunciou a estréia de Rosa Vermelha no próximo ano, sobre a vida de prisões de Rosa Luxemburgo. “Votamos e fizemos campanha pra Dilma no primeiro turno, porque há, sim, um claro projeto diferente do Serra, do Alckmin e do Kassab. Não é brincadeira tirar 32 milhões de pessoas da fome”, enfatizou Dulce.
“Vou contar um segredo: eu tenho certeza que a Dilma vai ganhar!”, sussurrou Gabriela Veiga, membro da trupe de O Teatro Mágico, a banda musical engajada que luta pela liberdade na internet, ameaçada por parlamentares tucanos no Congresso. Ela ressaltou que não votou em Marina, apenas por questões relativas à defesa do meio ambiente, mas por questões muito ligadas ao programa de Dilma Rousseff, como a opção pelos “menos favorecidos”. “Se a gente colocar o outro projeto no poder, tenho certeza que seria um retrocesso que iria interromper os avanços e conquistas do governo Lula”, afirmou.
Angela Mendes, trouxe do Acre o relato do sonho e da luta de seu pai, Chico Mendes, desde analfabeto e explorado como seringueiro, até sua defesa da floresta, mesmo sem saber o que era o ambientalismo. Ela também apoiou Marina no primeiro turno, pela proximidade e amizade com a candidata, assim como pelo significado que ela tem de continuidade da luta de Chico Mendes. “Nada mais coerente do que apoiar Dilma, pois somos petistas. A diferença é que o desenvolvimento sustentável é uma bandeira que, de modo algum, será levantada pelo PSDB. O DEM compõe a maioria da bancada ruralista no Congresso”, declarou. Segundo ela, os principais suspeitos pelos inúmeros assassinatos de trabalhadores rurais e ambientalistas estão na coligação de Serra. “A luta ambiental deles é aquela que derrama o sangue de quem defende a floresta e os recursos naturais”, disse ela, pedindo voto também para Ana Júlia, candidata ao governo do Pará.
O coordenador da campanha da Juventude da Marina em São Paulo, Thiago Alexandre Moraes, também membro da Rede de Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade, destacou a ameaça que Serra representa para as políticas de juventude, participação e cultura. “A candidatura Dilma reforça um desalinhamento com o governo Serra”, disse. Para ele, a opção é entre aquela que representa as massas trabalhadoras e aquele que representa as elites oligarcas. Thiago afirmou que o desinteresse pelas Conferências em São Paulo e Minas representa uma disputa específica de projetos, já que os demais governadores do PSDB protagonizaram as conferências. “Elejamos Dilma e que ela seja feliz em superar os desafios da agenda ecológica que está colocada”, afirmou.
O cientista político, fundador do Movimento Extramuros e secretário de Movimentos Sociais do PV Brasília, João Francisco Araújo Maria, veio a São Paulo para apontar as contribuições de Marina ao debate eleitoral. “Mas somos generosos em reconhecer os avanços do governo Lula e o retrocesso que representa a candidatura de Serra”, afirmou.
De longe também veio Dinaman Tuxá, representante jovem das comunidades indígenas no Conjuve, por Minas Gerais. Militante do PV, ele lembrou a comemoração dos 500 anos de invasão do Brasil, em que seu povo ritualizou aquele momento em sua aldeia, mas acabou sendo atacado pela polícia tucana e expulso de sua oca. “Quero aproveitar a televisão para dizer que Lula demarcou minha terra”, disse, sorrindo. “Índio é terra, não dá pra separar. Índio é de preservar”, afirmou.
Morgana Boostel veio do Espírito Santo para representar a Aliança Bíblica Universitária e o movimento Marina Silva e diz que apóia Dilma por vários motivos. Um dos principais argumentos de seu voto é a realidade universitária que mudou muito com o governo Lula. “Na minha época de secundarista, não estudei numa escola técnica, porque elas estavam sendo fechadas por esse grupo que disputa com Dilma”, contou. “Isso tudo é avanço e a gente não pode perder”, disse sobre a criação do Conjuve. “Eu queria ter uma mulher presidente e eu vou ter uma mulher presidente”.
Participaram ainda do ato, o presidente do Conselho Nacional de Juventude, Danilo Moreira; a secretária de Juventude do PT, Severine Macedo; o presidente da União da Juventude Socialista (UJS), André Tokarski; o secretário de Formação Política do PT, Carlos Henrique Árabe; o presidente da UEE-SP, Carlos Siqueira; o secretário de Movimentos Populares do PT-SP, Wellington Diniz Monteiro; Fabiana Costa, do CMJ; a companheiro do rapper falecido Preto Góes, Miriam Bezerra; a secretária de Juventude da CUT, Rosana Souza; Gabriel Santos, do Centro Popular Cultural 8 de Março; Júlia Feitosa, fundadora do PT no Acre.
por: PT Estadual/SP
Cezar Xavier