A ampliação da CTL (Central de Tratamento Leste), ou o aterro sanitário de São Mateus, é um tema que exige debate sério e compromissos claros com a população local. A Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo vem discutindo em audiências públicas o Projeto de Lei 799/2024 de autoria do Executivo, que propõe alterar o Plano Diretor Estratégico (PDE) para viabilizar não apenas a ampliação do aterro, mas também a criação do Ecoparque Leste.
A CTL é responsável pela disposição dos resíduos sólidos domiciliares do agrupamento sudeste de São Paulo e recebe quase 7 mil toneladas de resíduos por dia. Já o Ecoparque é um equipamento público que faz a separação mecanizada dos resíduos, tratamento da fração orgânica/biológica desses rejeitos, recuperação energética, áreas para implementação de novas tecnologias e treinamento ambiental profissional, buscando a integração com o município
São Mateus tem carregado o peso de ser o destino de milhares de toneladas diárias de resíduos sólidos da cidade. Essa realidade, que já dura 20 anos, foi prolongada com a renovação da concessão do aterro por mais duas décadas. No entanto, o que a comunidade recebeu em troca por suportar esses impactos ambientais e sociais?
As contrapartidas ao bairro não podem ser ignoradas. Se a cidade depende de São Mateus para a gestão dos resíduos, é justo que investimentos significativos sejam direcionados para melhorar as condições de vida dos moradores, sobretudo nas dezenas de comunidades carentes da região. Nosso mandato propõe soluções como regularização fundiária, pavimentação de vias, acesso à água, esgoto e energia elétrica. Além disso, defendemos a isenção da tarifa de energia para as famílias que vivem na área mais afetada pelo aterro.
O projeto também prevê a implantação do Ecoparque Leste, com promessas de avanços na gestão ambiental, como tratamento de resíduos orgânicos, recuperação energética e criação de novas tecnologias. No entanto, não podemos permitir que essas ações ocorram às custas da qualidade de vida da população local sem uma discussão ampla e transparente.
IMPACTO AMBIENTAL – Outro ponto preocupante é o impacto ambiental. Segundo a Secretaria do Verde e Meio Ambiente, a retirada de mais de 10 mil árvores “invasoras” (Pinus e Eucaliptos) será compensada pelo plantio de 20 mil árvores nativas da Mata Atlântica. Ainda assim, é essencial avaliar como essa intervenção também afetará as nascentes e a fauna naquela cabeceira do Rio Aricanduva.
A próxima audiência pública no dia 2 de dezembro, às 14h, é uma oportunidade para a comunidade de São Mateus exigir investimentos reais. Precisamos aproveitar esse momento em que o tema está em destaque na Câmara Municipal para garantir que o bairro deixe de ser tratado apenas como umespécie de depósito de resíduos de São Paulo.
Defendo que o Poder Público estabeleça compromissos claros com a população local, não apenas com promessas, mas com ações concretas que valorizem a região. São Mateus merece mais: merece infraestrutura, educação, saúde e qualidade de vida.
Por Alessandro Guedes, vereador e presidente da Comissão Extraordinária de Meio Ambiente e Direito Animal da Câmara Municipal de São Paulo