Na ala da internação, quartos não tinham janelas ou divisórias e a falta de travesseiros fazia com que acamados usassem o próprio cobertor para apoiar a cabeça. Os pertences dos internados eram deixados em sacos pretos amarrados ao pé da cama.
Por Folha de S. Paulo
Uma sala de espera lotada, com doentes aguardando 3h30 por atendimento. Em um consultório, dois ortopedistas sentados atrás de uma mesa atendiam pacientes de pé, ao mesmo tempo, sem respeito à privacidade deles.
Na ala da internação, quartos não tinham janelas ou divisórias e a falta de travesseiros fazia com que acamados usassem o próprio cobertor para apoiar a cabeça. Os pertences dos internados eram deixados em sacos pretos amarrados ao pé da cama.
Esse é o cenário descrito por técnicos do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP) após visita ao hospital municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya, em 22 de setembro.
O relatório foi obtido pela Folha nesta semana. O hospital, no Jabaquara, é um dos principais da zona sul, com 33 mil atendimentos mensais.
O Cremesp viu outro problema: descarte de lixo hospitalar com o comum, o que é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
A sindicância foi pedida pelo Conselho Federal de Medicina para complementar um relatório feito pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. O órgão está organizando uma série de visitas a hospitais públicos do país para ter subsídios para o pedido de abertura de CPI da saúde.
Por meio da Secretaria Municipal da Saúde, o hospital disse que casos de urgência são atendidos imediatamente. Outros, podem esperar entre 30 minutos e uma hora. Afirmou ainda que fará novos treinamentos para que o lixo seja descartado corretamente e que encaminhou os ortopedistas à Comissão de Ética Médica, “pois o atendimento é inadequado”.