O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu três inquéritos para apurar possíveis irregularidades praticadas pela Prefeitura de São Paulo, dois por suspeitas de superfaturamentos na compra de água em garrafa pet, no carnaval, e de sachês de inseticidas para combater a dengue. O terceiro investiga indícios de manobras e remanejamentos financeiros na gestão Ricardo Nunes.
Para os servidores que trabalharam no carnaval de rua, em fevereiro passado, a Prefeitura adquiriu 252 mil garrafas pets de água de 500 ml, ao custo de R$ 5,52 a unidade. Esclarecimento do próprio Executivo municipal ao MP informa que o valor médio de mercado gira em torno de R$ 1,95.
O promotor público Ricardo Manuel de Barros escreveu em seu despacho que “mesmo incluindo refrigeração e logística para distribuição, [o valor] supera em muito o preço médio de mercado, conforme informado pela Municipalidade em sede de diligências preliminares, fato que pode indicar indício de sobrepreço; por isso resolvo instaurar inquérito civil público”.
R$ 30 milhões para sócio
Quanto à compra de sachês inseticidas contra o mosquito da dengue, o MP-SP investiga fortes indícios de irregularidades. A prefeitura já pagou mais de R$ 30 milhões à Biovec Comércio de Saneantes. Marco Antônio Bertussi, dono da empresa, chegou a ser convocado para prestar depoimento à Procuradoria, mas não foi localizado.
Segundo a “Agência Pública” de notícias, Bertussi é diretor de uma associação de controle de pragas da qual o prefeito Ricardo Nunes é o presidente. O portal revela, ainda, que o presidente da Biovec tem ligação direta ou indireta com as três empresas concorrentes da licitação para a venda destes sachês.
Outro alvo de inquérito aberto no MP é a apuração de possível prática de improbidade administrativa por ocasião do remanejamento de R$ 546 milhões do orçamento municipal que foram destinados para pavimentação e recapeamento de vias na capital paulista.
Para essa manobra financeira, que destinou recurso para a operação “tapa buraco” da prefeitura, Ricardo Nunes tirou recursos de oito Secretarias municipais, em especial a de Infraestrutura Urbana, com paralisação de obras de terminais rodoviários e corredores de ônibus, além de deixar de construir 11 necessários piscinões para prevenção a enchentes na cidade.
Líder da bancada do PT, na Câmara Municipal de SP, o vereador Senival Moura diz que “essas atitudes suspeitas do prefeito Ricardo Nunes revelam seu desespero com as eleições de outubro próximo”. O petista conclui afirmando que “a gestão municipal é atabalhoada, confusa e incapaz”.