O secretário nacional de Comunicação do PT, deputado federal Jilmar Tatto (SP), defendeu, em entrevista ao programa Café PT desta terça-feira (11), que o Sistema Único de Saúde (SUS) seja a grande referência para a implantação da tarifa zero em todo o Brasil e que ela seja uma bandeira do PT.
“Assim como o SUS é público gratuito e universal, o direito de ir e vir tem que ser público, gratuito e universal e a garantia desse direito é através do transporte público. Defendo um sistema único de mobilidade e, assim como o SUS, defendo um fundo municipal de transportes que tenha responsabilidade das prefeituras, do estado e também da União. Nós do PT temos que dar um passo a mais que é implantar a tarifa zero. O partido tem que comprar essa bandeira e colocar em seu programa”, afirmou Jilmar, que é autor de projeto de lei que institui a modalidade.
Jilmar explicou que está colhendo assinaturas para uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que defende que o usuário do transporte individual tem que contribuir para a tarifa zero nas cidades. “É pelo simples fato de que ele ocupa sete vezes o espaço dele mesmo”, assinalou, ao defender que o vale transporte seja universal.
“O empregador contrata um funcionário que, usando ou não o transporte coletivo, o patrão deve depositar esse vale transporte no fundo e este fundo permite o funcionário andar não só para ir para trabalho, mas 24 horas por dia, sete dias por semana, tanto ele como a família dele”, detalhou.
Atualmente, explicou Jilmar, quem usa o transporte público paga duas vezes, ou seja, pelo subsídio através dos impostos, e paga quando entra dentro do ônibus. “Ele deveria ser beneficiado porque não ocupa espaço, não gera poluentes, mas ele é penalizado, pagando duas vezes. A conta da tarifa zero então é paga por todos. O diferencial é que aquele que efetivamente pega o ônibus não é prejudicado, pagando duas vezes”, observou, informando que há 112 cidades com tarifa zero, com adesão crescente.
Jilmar vai mais longe ao citar o Plano Nacional de Mobilidade que é uma lei que prioriza as calçadas, pedestres, ciclovias, os usuários do transporte coletivo, depois o transporte de cargas e o transporte individual.
“O que vemos é o contrário, o espaço público é 90% ocupado pelo transporte individual. Esse espaço é caro. Temos que fazer esse debate porque isso acarreta congestionamento, poluição e impede os ônibus de circularem de forma adequada, ficam no congestionamento causado pelo carro individual”, salientou, ao apontar que as cidades têm que priorizar o transporte de massa, metrô e trem; o transporte coletivo nos corredores de ônibus, e também as bicicletas.
“O governo tem que ser o indutor. Quando o usuário do carro percebe que ele vai pagar mais caro, vai ficar no congestionamento e tem como alternativa um transporte coletivo de qualidade, com segurança e chega mais rápido, ele faz a migração naturalmente”, relatou, ao dizer que não é contra o incentivo ao carro individual, flex, hibrido, elétrico, mas que é preciso priorizar o transporte coletivo e as bicicletas.
Tarifa zero aquece a economia
Jilmar aponta que, onde foi implantado, o número de viagens mais que triplicou, o que aqueceu o comércio e aumentou a arrecadação dos impostos. Há 20 anos ele foi secretário da gestão Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo e participou da implantação do bilhete único, que é como se fosse uma transição para a tarifa zero, porque permite às pessoas pegar vários ônibus pagando uma mesma passagem.
“O bilhete único foi uma grande revolução, diz Jilmar, porque gerou segurança, os assaltos diminuíram mais de 80%, evitou evasão e o dinheiro que ia para a para empresa de ônibus o poder público não tinha o controle de quanto efetivamente entrava no sistema.
“Isso foi centralizado, naquele momento foi revolucionário, foi um momento de reorganização do sistema de transporte, que se alastrou pelo Brasil inteiro e agora temos que avançar”, sinalizou, ao falar de outro projeto de sua autoria que cria um programa nacional de fabricação de ônibus elétrico. “O governo federal poderia fazer inclusive, com ônibus a bateria, descarbonizado, que é um jeito também da gente também dialogar com a transição energética”, assinalou.
Pauta do transporte público nas campanhas
Com mestrado na área de mobilidade, tecnologia e cidades inteligentes, Jilmar contou que os candidatos tem muita curiosidade de saber como implantar e como deve funcionar a tarifa zero. Ele conta que conheceu Luxemburgo e muitas cidades que tem a tarifa zero, e tem dado palestras e feito muitas reuniões sobre o tema.
“Falar de tarifa zero é falar de corredor de ônibus, de ciclovias, de calçadas decentes, ruas abertas, como as pessoas podem e devem se apropriar das cidades; é falar de redução de velocidades que também é um movimento importante para reduzir mortes os acidentes. É um conjunto da mobilidade para uma cidade agradável, sem acidentes, onde as pessoas possam se locomover cada um conforme a sua necessidade”, salientou, apontando para a perspectiva de fazer com que o PT apresente boas propostas no setor.
Ele defende a implantação da tarifa zero principalmente em São Paulo porque o que acontece na capital paulista se reproduz no Brasil. “Luto muito para que São Paulo seja a capital que vai efetivamente implantar tarifa zero porque, a hora que implantar, vai ser um rastilho de pólvora”, anunciou.
A tarifa zero aumenta as vendas do comércio de 25 a 30%, então todos ganham, diz Jilmar. “Aumenta a arrecadação então o município não perde. Muda a qualidade de vida, muda o funcionamento da cidade a maneira dela funcionar, o idoso sai mais de casa para passear, jovens também”.
NAV e combate às fake news
Ao falar do NAV, uma ferramenta simples que permite aos pré-candidatos produzirem seus materiais, Jilmar declarou que tem expectativa de bom crescimento do número de prefeitos e vereadores petistas nas próximas eleições. “Umas três ou quatro capitais nós vamos ganhar e vamos retomar as cidades que já governamos. O Brasil está crescendo, gerando emprego, controlando inflação, os programas sociais voltaram, tudo isso vai ser colocado na eleição. Teremos grande sucesso nessa eleição, estou bastante otimista”, ressaltou, satisfeito com o grande número de novos filiados ao partido.
Sobre as fake news, Jilmar disse que faz parte do grupo de trabalho que tem 90 dias para apresentar um relatório. “Vamos disciplinar essa mentirada que acontece na rede social, não pode ser vale tudo, não é terra de ninguém. Não se trata de censura, na Europa já avançou bastante essa normatização. Temos essa incumbência de inibir, proibir e, dependendo da mensagem, punir”, assinalou, apontando que as big techs não querem essa normatização poque as fake News se tornaram “um meio de ganhar dinheiro com a desgraça dos outros”, finalizou.
Da Redação da Agência PT