Marcha das Margaridas ecoa milhões de vozes da luta histórica das mulheres

Ricardo Stuckert/PR

No ano que marca os 40 anos do assassinato da líder sindical Margarida Maria Alves, em um ato político que representa a volta do diálogo entre movimento social e governo federal, a sétima edição da Marcha das Margaridas mobilizou mais de 100 mil mulheres de todas as regiões do Brasil à Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Em uma caminhada pacífica, colorida e cheia de cânticos que entoavam a força, a coragem e a liberdade do ser mulher, as margaridas saíram do Parque da Cidade por volta das 7h30 e chegaram na frente do Congresso pouco mais de três horas depois. A expectativa de todas era a mesma: ver e ouvir o presidente Lula.

A companheira petista Margarida da Silva Souza, 68 anos e natural de Sergipe, participou de todas as edições da Marcha das Margaridas. Ela conta orgulhosa que é filiada ao PT desde a desde a fundação. “O PT mudou muito o meu modo de vida. Eu era uma mulher aprisionada pelo ex-marido, que era muito machista. Quando entrei para o partido, eu mudei. Hoje eu sou liderança do movimento de moradia, já assentei 58 pessoas e continuo na luta pela moradia. Participo de todos os conselhos da cidade de Santos, onde moro”, revelou. Para ela, participar da sétima Marcha das Margaridas representa muito.

Carmen Foro, secretária nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política do Ministério das Mulheres, destacou a relevância da realização da Marcha: “É muita emoção sempre, principalmente nesse momento que a gente elege o presidente Lula e somos nós, as primeiras a botar o pé nessa Esplanada dos Ministérios, com muita força e uma mobilização muito grande”, festejou.

“Eu falo nós”, explicou Foro, “porque eu, mesmo estando e tendo a honra de estar no governo do presidente Lula, eu sou uma margarida, a gente vem há muito tempo marchando e esse país precisa da gente, porque a gente põe comida na mesa dos brasileiros e brasileiras, a gente não quer só comida. A gente também quer educação, quer cultura, quer sustentabilidade. E eu acho que há uma convergência muito grande do que pensa o governo do presidente Lula e o que querem as mulheres brasileiras, principalmente as do campo, da floresta, e das águas”.

Para Divaneide Basílio, deputada estadual do Rio Grande do Norte, que participou do Fórum das Mulheres do PT do Campo, das Florestas e das Águas, a importância da Marcha das Margaridas é significativa: “Essa marcha tem papel diferenciado, que é o da reconstrução do país e a formação de mulheres que vão contribuir definitivamente e decisivamente para essa reconstrução. O presidente Lula traz esse lugar de reconstrução, de reconhecimento desse grande número de mulheres no nosso país, das mulheres, trabalhadoras rurais, das mulheres diversas.”

Entregas para as Margaridas

Durante a cerimônia de encerramento da Marcha, que teve como lema “Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, anunciaram uma série de ações voltadas às mulheres do campo, da floresta e das águas.

De acordo com o Ministério das Mulheres, uma das principais medidas é a assinatura do decreto que institui o Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios, com o objetivo de prevenir todas as formas de discriminações, misoginia e violências contra as mulheres por meio de ações governamentais intersetoriais com perspectiva de gênero e suas interseccionalidades.

Coordenadas pela pasta, as ações governamentais do Pacto serão implementadas visando prevenir as mortes violentas de mulheres em razão da desigualdade de gênero e garantir os direitos e o acesso à justiça às mulheres em situação de violência e aos seus familiares.

Neste primeiro momento, serão entregues 270 unidades móveis para realizar o atendimento direto de acolhimento e orientação às mulheres, além de 10 carros, em que a metade servirá para locomoção das equipes e a outra parte para transportar os equipamentos de atendimento às usuárias. Além disso, serão destinados barcos e lanchas para regiões com necessidade de implementação do serviço fluvial para o atendimento das mulheres das florestas, das águas e do Pantanal.

Outras medidas anunciadas durante a cerimônia de encerramento da Marcha das Margaridas são a criação do Fórum Nacional Permanente de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo, da Floresta e das Águas, com o objetivo de elaborar, propor, avaliar e monitorar políticas de prevenção e de enfrentamento à violência contra as mulheres; e do Fórum para a Promoção de Estratégias de Fortalecimento de políticas públicas de autonomia econômica e cuidado com mulheres da pesca, aquicultura artesanal, marisqueiras e outras trabalhadoras das águas.

A secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, também celebrou a ocupação das ruas de Brasília por mulheres de todo o Brasil: “É muito importante a gente ver as margaridas fortes, unidas e empoderadas marchando por mais políticas públicas, por melhores condições de vida no campo. São essas as mulheres que alimentam boa parte do nosso país, mas elas também sofrem com a violência no campo. Por isso, é muito importante ver essas entregas do governo federal para essas companheiras. Isso evidencia o compromisso do governo do presidente Lula e das ministras e ministros com a vida dessas mulheres!”

Da Redação do Elas por Elascom informações do Ministério das Mulheres

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