Em Campinas, Lula chama o povo: “Até o dia 30 a gente não pode dar trégua”

Lula, em Campinas: "Meu sangue é pernambucano. Agora, devo tudo o que sou na vida ao estado de São Paulo, porque foi aqui que eu fui criado" (Foto: Ricardo Stuckert)

Repetindo o ato que arrastou uma multidão em Guarulhos na sexta-feira (7), um grande comício das chapas de Lula e Geraldo Alckmin para a Presidência e de Fernando Haddad e Lúcia Franca ao governo de São Paulo varreu as ruas de Campinas neste sábado (8). O ato começou com uma caminhada no Largo do Pará e foi encerrado com uma grande festa, onde discursaram Lula, Alckmin, Haddad e Lúcia França. No discurso, Lula manteve o tom de convocação para o povo continuar a ocupar as ruas e elogiou o ato de Campinas.

“Estou maravilhado. A lição de democracia que vocês deram hoje, a tranquilidade com que vocês fizeram essa caminhada, a ordem com que vocês se comportaram… É para o Bozo olhar e saber que somos civilizados e que ele precisa aprender a ter um pouco de educação”, observou Lula.

Emocionado, Lula lembrou de sua trajetória e agradeceu a acolhida que recebeu no estado de São Paulo desde a sua chegada, ainda criança. “Sou pernambucano, vim de lá para São Paulo com 7 anos de idade. Meu sangue é pernambucano. Agora, devo tudo o que sou na vida ao estado de São Paulo, porque foi aqui que eu fui criado, foi aqui que eu trabalhei, virei torneiro mecânico, metalúrgico, onde fiz greve, criei o partido, ajudamos a fundar a CUT e foi aqui que vocês me elegeram presidente da República”, ressaltou Lula, ao apontar a importância do povo nordestino para o desenvolvimento do estado.

O futuro para a juventude

Lula afirmou que é preciso devolver a esperança de um futuro melhor para os jovens, com novas oportunidades de estudo e trabalho. “Precisamos formar nossa juventude, que está sem perspectiva de vida”, ponderou Lula. “Vamos fazer um debate, quero as universidades, os empresários, os trabalhadores participando, para a gente fazer uma revolução e encontrar emprego para essa juventude nesse famoso mundo digital, do qual tanto se fala mas que não conseguimos tirar dele o sustento necessário ao povo pobre”.

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“Temos de ter clareza: não existe, na história da humanidade, nenhum país que se desenvolveu sem antes investir em educação e ciência e tecnologia”, esclareceu Lula, ao destacar que a formação dos jovens brasileiros será prioridade número um de seu governo. “Ontem a senadora Simone fez uma proposta, ela quer que o ensino médio vire profissionalizante. Vamos garantir isso para a juventude”, assegurou.

Lula lembrou que foi graças ao diploma de torneiro mecânico que ele passou a ganhar mais do que um salário mínimo. “Quero que a juventude se prepare, para que a gente possa melhorar a qualidade das coisas que o Brasil produz e ganhar competitividade internacional”,  enfatizou. “Para que a gente possa exportar nossos produtos industrializados ao mundo. Sobretudo na área da saúde, que é um setor onde o Brasil pode avançar muito”.

 

Experiência de Lula e Alckmin e desafio

“Quero falar da minha alegria de estar fazendo essa composição com o companheiro Alckmin. Vamos levar para Brasília 20 anos de experiência do Alckmin em São Paulo, e eu tenho oito de experiência em Brasília”, observou Lula. 

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Ao falar de obras que estão paradas no país, Lula lançou um desafio. “Vou instituir um prêmio para o Haddad pagar”, brincou Lula. “Se encontrarem uma obra do Bozo aqui em Campinas a gente vai pagar um prêmio de R$ 1.000 para quem achar a obra”, desafiou. “Uma obra de saneamento básico, um hospital, uma ponte, um viaduto”.

“O que vocês podem encontrar aqui, escondido, são as armas que ele está vendendo ao crime organizado. É isso que podem encontrar. Esse ano, 12 milhões de jovens não vão receber livros didáticos. Mas as armas estão aí sendo vendidas pelos milicianos do Bolsonaro para cair na mão do crime organizado e matar mais gente”, lamentou.

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Cultura, indígenas e Amazônia

Lula reafirmou que o ministério da Cultura irá voltar em um futuro governo do PT. “Em cada capital desse país haverá um comitê cultural. A indústria da cultura tem de ser entendida como uma indústria extraordinária de geração de empregos e distribuição de renda. Um povo que não tem educação e cultura não é tratado como povo, é tratado como gado. E nós não somos gado”, sentenciou.

“Não haverá mais invasão em terras indígenas”, prometeu. “Ninguém precisa derrubar uma árvore na Amazônia para plantar soja, milho, cana, ou criar gado. Temos mais de 30 milhões de hectares de áreas de pasto degradadas. Temos de recuperar essas áreas”, disse.

“Vamos criar o ministério dos povos originários. Os indígenas terão seu ministério, eles vão cuidar da Funai”, apontou Lula. “E a saúde indígena também pode ser cuidada porque já há muitos indígenas formados, não precisa que nenhum galego vá lá cuidar deles”.

 

Coletiva

Antes da caminhada, Lula concedeu entrevista coletiva. Ele falou da importância da grande frente democrática que foi formada em torno das chapas Lula-Alckmin e Haddad-França. “Vamos ganhar porque a sociedade enxerga em nós uma saída que o país precisa, enxerga um campo democrático que envolve toda a sociedade”, argumentou o ex-presidente.

Lula lembrou que a luta democrática de hoje remonta a manifestações históricas como a luta pelo fim da ditadura e as Diretas. “Todos que brigaram para reconquistar a democracia, todos os que estiveram no palco das Diretas estão comigo”, destacou. “E uma grande parte dos que era favoráveis à ditadura e tortura está com meu adversário”.

Lula encerrou a coletiva reafirmando a confiança em sua eleição e na de Fernando Haddad em São Paulo. “Estou convencido de que vou ganhar as eleições [presidenciais] em São Paulo e que o Haddad irá junto [vencer]”, apostou Lula. “É muito importante essa parceria em São Paulo para o Brasil. Seria a primeira vez que o PT governa o estado mais rico do país com o presidente da República junto. E em uma situação em que nós todos sabemos que é preciso reconstruir a democracia no país”.

“O futuro começa hoje”

Em sua intervenção no ato de Campinas, o candidato a vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin, manteve o tom de convocação para o povo ocupar as ruas. “Faltam 22 dias, vamos conversar com os  vizinhos, amigos, colegas de trabalho, quem votou na Simone, no Ciro, e outros candidatos, vamos trazer para cá”, sugeriu. 

“O Brasil não aguenta mais o Bozo. Fora, Bozo, chega de sofrimento! Sofrimento para os aposentados, são quatro anos sem ganho real no salário, para os trabalhadores, a inflação da comida em mais de 30%, falta de oportunidade para os jovens”, lamentou. “Com Lula, a economia vai bombar, o futuro começa hoje, e se chama juventude”, comemorou.

“Suor dos nordestinos”

“Hoje é o dia do Nordeste e estou do lado de um”, declarou Haddad, referindo-se a Lula. “Bolsonaro é tão ignorante que passou a semana ofendendo o povo do Nordeste, ele não tem ideia do que é feito o povo de São Paulo, ele não sabe que essa cidade inteira, a metrópole em São Paulo e Campinas foram feitas com o suor dos nordestinos”, criticou. “Ele não tem noção, quando chama o povo do Nordeste de analfabeto”.

“Depois que o Lula criou o Fundeb, o Fundo de Financiamento da Educação Básica, sabe quem ficou na frente na qualidade de educação? Pernambuco e Ceará. Vamos ter de aprender com o Nordeste para melhorar a qualidade do ensino aqui em São Paulo. Vamos valorizar os professores, coisa que ele não fez, que o Dória não fez”.

“Temos muito trabalho pela frente, quero lembrar que é a segunda vez que passamos ao segundo turno. De virada vai ser muito mais gostoso ganhar o governo do Estado”, festejou.

Mulheres com Lula

Candidata a vice na chapa de Haddad ao governo de São Paulo, Lúcia França exaltou a igualdade de gênero como prioridade tanto de Haddad quanto de Lula. “Haddad mostra para nós, mulheres, o que ele pensa, é o único que escolheu uma mulher como vice”, elogiou. ” Seremos as primeiras da história”.

“Haddad se comprometeu também a ter um secretariado com metade homens, metade mulheres. Somos nós, mulheres, que vamos levar Lula a subir nas pesquisas, sem esquecer que Haddad em São Paulo é muito importante para o Brasil”, concluiu França. 

Da Redação da Agência PT

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