Comício pelas Diretas Já diante da catedral da Sé, em 1984: sociedade precisa se unir pela democracia
São Paulo – O ato inter-religioso marcado para este sábado (16), a partir das 10h, na Catedral da Sé, será um “brado” contra a situação do Brasil, em defesa da paz e da democracia, afirma dom Pedro Luiz Stringhini, da Diocese de Mogi das Cruzes (SP). Presidente da Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ele representará a Igreja Católica. Com a participação das viúvas Beatriz Matos e Alessandra Sampaio, o evento vai homenagear o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips. Além de dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, que morreu no último dia 4.
Dom Pedro, por sinal, foi ordenado bispo justamente por dom Cláudio, há 21 anos. Ele exalta a dedicação do arcebispo, que usou seu período de emérito para, em vez de reduzir o ritmo, dedicar-se à região e aos povos da Amazônia. Ele presidiu, por exemplo, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam).
Ameaça política e à vida
“Será um grito contra essa situação que se vê hoje. Um grito que certamente irá ecoar”, afirma o bispo sobre o evento de sábado, que reunirá representantes de diversas religiões, além de artistas. É tempo de união, ressalta dom Pedro, em um momento em que a democracia “tem sofrido ameaça diária e tem custado vidas”.
Assim, ele relembra de outros momentos históricos, citando mobilizações estudantis, o movimento operário e campanha das Diretas Já, em 1984. E recorda de nomes como os de Santo Dias e Vladimir Herzog, mortos pela ditadura. Para então lamentar a existência, nos tempos atuais, de “saudosistas” daquele regime. “Como é que depois de 35 anos de consolidação da democracia a duras penas, (se pode) eleger alguém que defende tudo ao contrário, alguém sem índole civilizatória? Como é que chegamos a isso? Sinto que a gente está começando tudo de novo.”
Violência política
A sociedade brasileira já se uniu contra a ditadura, lembra o bispo, ordenado padre por outro líder religioso sempre lembrado por sua resistência ao autoritarismo, dom Paulo Evaristo Arns. Agora, é preciso se mobilizar novamente, “de modo mais visível”. E denunciar crimes como as violações contra os povos indígenas, a degradação ambiental e das condições de vida, o desemprego e a volta ao chamado mapa da fome. E denunciar a violência, “sobretudo a política, essa ameaça que vem sendo feita todos os dias pelo presidente da República”, contra a democracia e o processo eleitoral.
“Voltar ao processo civilizatório não será tão fácil”, pondera dom Pedro. “Por isso, é muito importante que estejamos atentos, vigilantes”, acrescenta. “As forças populares e as igrejas sempre se pautaram por um ativismo não violento.”
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