A volta dos brasileiros e brasileiras ao Mapa da Fome castiga o povo, que luta para conseguir ajuda para ter o que comer. Entre março e abril, o número de famílias à procura do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) mais que dobrou segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
De acordo com a Organização Mundial das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil tem pelo menos 61 milhões de pessoas com insegurança alimentar, grave ou moderada, o que significa que três em cada dez brasileiros passam fome.
O aumento de 113% na fila para o CadÚnico é resultado da procura para o cadastro do programa Auxílio Brasil, que também é conseguido após enfrentar outra fila de espera. Conforme a CNM, há 2,788 milhões de famílias aguardando a transferência de renda atualmente.
O cenário trágico que o país enfrenta é lembrado pela ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campello que ressalta a decadência do Brasil durante do governo de Bolsonaro:
“Se a gente comparar o Brasil com outros 120 países, o Brasil piorou quatro vezes acima da média desses outros países”.
Para a ex-ministra, a volta ao Mapa da Fome é um indicativo de que a fome e a insegurança alimentar são resultados das escolhas feitas pelo atual governo.
“O Brasil tinha condições de ser um dos mais bem sucedidos na proteção da população ao longo da pandemia, por contar com o Sistema Único de Saúde (SUS), um sistema de segurança alimentar que estava bem estruturado e experiência técnica no combate à pobreza e à fome”.
Não há recurso para todo mundo
Resultado da má gestão de um desgoverno que empurra a população para o desemprego e perda de renda, Bolsonaro não esperava que o programa social tivesse tanta procura.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, técnicos do Ministério da Cidadania afirmam que o número de famílias à espera do programa é maior do que o esperado e reconhecem que a fila não deve zerar por muito tempos, pois não há recursos suficientes. O cálculo foi menor. A estimativa é que a fila chegue a 2 milhões em agosto, quando deve iniciar o pagamento do benefício no valor mínimo de R$ 600.
Conforme o levantamento da CNM, o estado de São Paulo é o que concentra o maior número de famílias à espera do Auxílio Brasil. Em abril, 429 mil estavam na fila em São Paulo, o que representa crescimento de 80% em relação à demanda de março. Em seguida estão Rio de Janeiro (282 mil famílias) e Bahia (275 mil).
Renda despencou
Desde o início da pandemia da Covid-19, as pessoas mais pobres do país tiveram perda de renda de 34%. Quem ganhava R$ 59, passou a receber R$ 39. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi o corte mais intenso entre as camadas da população investigadas em uma pesquisa,
A queda na renda é agravada pela carestia, sobretudo de alimentos, que pesam mais na cesta dos mais vulneráveis. Em 12 meses, o grupo alimentação e bebidas acumulou alta de 13,93%, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também divulgado pelo IBGE.
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Da Redação da Agência PT, com informações da Folha de S. Paulo