Por Simão Zygband: Pacote de Bondades não impedirá a derrota

Bolsonaro vai ter que baixar a crista. Só com um milagre que conseguirá a reeleição. Nem os R$ 38 bilhões que torrou acima do teto dos gastos públicos com o chamado Pacote de Bondades conseguirão levá-lo à vitória nas eleições de outubro. Durante praticamente quatro anos ele arrancou o couro dos pobres e da classe média, jogando milhões novamente abaixo da linha da pobreza e agora,há pouco menos de três meses das eleições, acha que isso o colocará novamente no páreo.

O povo pobre vai pegar os 200 reais a mais no Auxílio Brasil (que vale até dezembro, apenas), e alguns novos serão incorporados ao programa, mas eles não se esquecerão as dificuldades que enfrentaram neste período de governo fascista. Na minha opinião, a oposição fez bem em votar com o governo para aliviar minimamente a grave condição que o brasileiro enfrenta com o descaso e o sadismo do atual governante.

Mas é curioso como a direita brasileira se ajuda e, de alguma forma, temem a vitória que se avizinha de Lula. Faz parte do Pacote de Bondades a queda no preços dos combustíveis, com a redução que o genocida autorizou no ICMS. Já é notório a queda deles nos postos de abastecimento. É como se tivessem colocado o cavalo na sala e depois tiraram. Um truque dos milicianos. Bolsonaro permitiu que eles aumentassem desenfreadamente (certamente para favorecer acionistas da Petrobras), jogou os preços nas alturas e agora, perto das eleições, realiza o milagre da queda. Tudo para iludir os incautos.

É impressionante também como os empresários de transporte, mesmo com a alta dos combustíveis, não elevaram as tarifas dos ônibus. Qual o milagre que operaram para manter congelados até 2023 os preços que cobram dos usuários. São estas manobras na boca da eleição que não teriam vez se o governo fosse o do PT. Mas as máfias do transporte aguentaram caladas os aumentos nos insumos, sem repassar ao consumidor. Certamente para não prejudicar Bolsocaro.

É obvio que o brasileiro gosta de um engana que eu gosto. É muito sensível à bondades, principalmente diante de uma realidade massacrante. Possivelmente o Pacote de Bondades surtirá algum efeito, mas não será suficiente para reverter o oceano de votos que Lula tem à frente de Bolsonaro, de acordo com todas as pesquisas. Os fascistas tentam assim, desesperadamente, levar as eleições para um segundo turno, já que o governo está nas UTI e respira por aparelhos.

O Brasil aguarda ansiosamente para se livrar do pesadelo bolsonarista.

 

Como é o Pacote de Bondades de Bolsocaro

 

Auxílio Brasil – Mais de  1,6 milhões de famílias que aguardavam o benefício serão incluídas para recebê-lo. O auxílio passa de R$ 400 para R$ 600. Gasto até o fim de 2022 de R$ 26 bilhões.

Voucher caminhoneiro – A proposta prevê pagamento de uma bolsa de R$ 1.000 mensais a caminhoneiros autônomos, uma forma de beneficiar a categoria num momento de alta do diesel. Esses profissionais precisam estar cadastrados em registro nacional até 31 de maio de 2022 para receber. Gasto até o fim de 2022: R$ 5,4 bilhões.

Vale-gás – O valor do benefício, criado no final de 2021 para ajudar famílias de baixa renda a ter acesso ao gás de cozinha, passa de R$ 53 a cada dois meses para R$ 120 por bimestre. Gasto até o fim de 2022: R$ 1 bilhão.

Gratuidade a idosos no transporte – O texto inclui compensação ao setor de transporte para atender à gratuidade de passageiros idosos nos transportes públicos urbanos e metropolitanos. Gasto até o fim de 2022: R$ 2,5 bilhões

Subsídios ao etanol –  compensação financeira à cadeia produtiva do etanol, para promover a competitividade do produto frente ao diesel. Gasto até o fim de 2022: R$ 3,8 bilhões

Alimenta Brasil –  incluído o valor de R$ 500 milhões para o programa Alimenta Brasil, de distribuição de alimentos para famílias de baixa renda.

Benefício aos taxistas – valor e operacionalização ainda não foi definida. Gasto até o fim de 2022: R$ 2 bilhões.

Simão Zygband

Simão Zygband é jornalista com passagem pelas TVs, jornais, rádios e assessorias de imprensa parlamentar e de administrações públicas. Foi coordenador de Comunicação no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Em fevereiro de 2020, lançou o livro “Queimadas da Amazônia – uma aventura na selva”. É conselheiro titular do Plano Municipal do Livro, Literatura, Leitura e Bibliotecas de São Paulo (PMLLLB)

 

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